Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos(1992). Especialização em Cardiologia pela Hosp...
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Professor Adjunto de Cardiologista e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás...
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iO que é Hipertensão?
A hipertensão arterial sistêmica (HAS), também chamada de pressão alta, é uma condição caracterizada por níveis continuamente elevados de pressão sanguínea nas artérias.
Uma pessoa é considerada hipertensa quando a sua pressão fica maior ou igual a 14 por 9 (140/90mmHg) na maior parte do tempo. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, essa era a realidade de cerca de 24% dos brasileiros com mais de 18 anos em 2019.
O significado dos números da pressão arterial
Os valores representam a força com que o sangue passa pelas artérias em dois momentos: quando o coração contrai (sístole) e quando relaxa (diástole). Por convenção, a unidade de medida usada neste caso é milímetros de mercúrio (mmHg).
Assim, quem está com um índice de 12 por 8 apresenta uma pressão nas artérias de 120 mmHg durante a sístole e 80 mmHg durante a diástole.
Pressão alta na gravidez
A hipertensão pode ser especialmente perigosa durante a gestação, oferecendo riscos não só à mulher, mas também ao feto, já que ela altera o fluxo sanguíneo na placenta.
Entre as possíveis consequências estão a redução da quantidade de oxigênio que chega até o bebê em formação e o aumento do risco de convulsões para a mãe na hora do parto. Por isso, é muito importante que a grávida sempre acompanhe as suas taxas de pressão, além de tomar alguns cuidados especiais para a prevenção.
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Causas
A hipertensão normalmente ocorre quando há resistência ou endurecimento dos vasos sanguíneos para a passagem do sangue - o que necessita de uma força maior do coração para bombardeá-lo. Isso pode ser um processo natural do corpo, mas é aumentado com alguns dos fatores de risco, como o consumo excessivo de sal (acima de 5 gramas diárias).
Tipos
A doença pode ser dividida basicamente em três estágios, sendo o primeiro o mais leve e o último o mais grave, de acordo com os níveis de pressão arterial dos pacientes:
- Estágio I: acima de 140/90 mmHg e abaixo de 159/99 mmHg;
-
Estágio II: acima de 160/100 mmHg e abaixo de 179/109 mmHg;
-
Estágio III: acima de 180/110 mmHg.
Existe ainda a hipertensão sistólica isolada, que é quando a pressão sistólica está elevada (acima de 140 mmHg), mas a diastólica está normal (abaixo de 90 mmHg).
Sintomas
A hipertensão na maioria das vezes é assintomática, mas pode provocar:
- Dor no peito;
- Dor de cabeça;
- Tontura;
- Zumbido no ouvido;
- Visão turva;
-
Fraqueza;
-
Sangramento nasal.
Diagnóstico
O diagnóstico costuma ser feito a partir de exames que medem a pressão e, de acordo com o cardiologista César Jardim, do Hcor, o ideal é que eles sejam realizados esporadicamente, mesmo que a pessoa não apresente nenhum sintoma, para garantir a detecção precoce da doença.
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Fatores de risco
A hipertensão é herdada dos pais em 90% dos casos, conforme afirma o Ministério da Saúde. Em uma minoria, ela pode ser causada por medicamentos ou uma doença relacionada, como distúrbios da tireoide ou em glândulas endocrinológicas, como a suprarrenal.
O mais comum é ouvir que a pressão alta foi causada pelo consumo excessivo de sal, mas muita gente não sabe por que isso acontece. Basicamente, esse mineral estimula o aumento da quantidade de água nos vasos sanguíneos para manter a concentração do sangue equilibrada - o que eleva o volume de líquido que corre pelas artérias e, inevitavelmente, a pressão dentro delas.
Entretanto, há vários outros fatores que podem favorecer a doença, entre eles:
- Consumo de bebidas alcoólicas;
-
Obesidade;
-
Tabagismo;
-
Estresse;
-
Colesterol alto;
-
Diabetes;
-
Idade avançada;
-
Gênero e etnia (maior em homens e em indivíduos não-brancos);
-
Sedentarismo.
Saiba mais: diabetes e hipertensão: como conviver com ambos?
Exames
Para o diagnóstico, o mais comum é que um profissional de saúde meça a pressão com um aparelho chamado esfigmomanômetro (ou tensiômetro). O grande problema é que esse método algumas vezes causa algum grau de ansiedade no paciente - o que eleva a pressão de forma desproporcional ao valor diário.
Para evitar que isso aconteça, em alguns casos, o médico pede um exame chamado MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) em que a pessoa deve usar um aparelho que mede cerca de cem vezes a pressão arterial durante 24 horas.
Também pode ser feita a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA), ou seja, a medida com o aparelho que o próprio paciente tem em casa. Para garantir a sua eficácia, é essencial seguir o seguinte passo a passo:
- Esteja em repouso por pelo menos dois minutos (idealmente cinco minutos);
- Fique na posição sentada;
- Esteja de bexiga vazia (para evitar que a distensão de bexiga cause desconforto e eleve a pressão);
- Prefira momentos em que você ou a pessoa que está medindo a pressão esteja sem dor ou ansiedade extrema;
- Posicione o braço na altura do coração, apoiado em alguma superfície;
- Coloque o aparelho medidor nem muito apertado e nem muito solto, permitindo a entrada de um dedo;
- Evite falar durante a medição;
- Meça duas vezes, com cinco minutos de intervalo, para ter certeza da medida.
Vale destacar que a aferição sempre deve ser feita com tensiômetro, seja ele manual ou automático. Os aplicativos que prometem realizar essa mesma função com apenas a colocação do dedo na câmera do celular ou no identificador digital ainda não têm efeito garantido por estudos científicos.
Fato é que, independentemente do método utilizado, os valores aferidos em indivíduos acima de 18 anos classificam-se como:
- Ótimos: até 120/80 mmHg;
- Normais: entre 120/80 e 130/85 mmHg;
- Limítrofes: entre 130/85 e 139/89 mmHg;
-
Hipertensos: acima de 140/90 mmHg.
Buscando ajuda médica
Especialistas que podem diagnosticar hipertensão são:
- Clínico geral;
- Cardiologista;
- Cirurgião vascular.
Tratamento
O grande foco do tratamento é controlar a doença, visando uma melhora da qualidade de vida e a prevenção de complicações.
Somente o médico poderá determinar o que é mais adequado para cada paciente, considerando as comorbidades e as medidas da pressão. Contudo, o tratamento, de forma geral, inicia-se com a mudança do estilo de vida associado ou não ao uso de medicamentos.
Os especialistas recomendam:
- Manter o peso adequado;
- Não abusar do sal;
- Praticar atividade física regular;
- Aproveitar momentos de lazer;
- Abandonar o fumo;
- Moderar o consumo de álcool;
- Evitar alimentos gordurosos;
- Controlar o diabetes e outras comorbidades.
Quando a doença surge em decorrência de alguma outra, também é essencial que a causa inicial seja tratada.
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Por que não abandonar o tratamento?
Esse é um dos maiores problemas no tratamento da hipertensão: a falta de adesão e a ideia equivocada de que, uma vez que a pressão arterial esteja controlada, a medicação pode ser suspensa.
A realidade é muito diferente. Um paciente hipertenso que abandona o tratamento fica sujeito a uma elevação súbita da pressão e aos riscos de ter problemas relacionados, como AVC, infarto agudo do miocárdio, doença renal crônica e insuficiência cardíaca.
“O paciente só está autorizado a diminuir a dose ou eventualmente suspender o tratamento, quando a pressão tende a ficar muito baixa - o que só pode ser determinado por um especialista”, alerta o cardiologista César Jardim.
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Medicamentos
Existem diferentes tipos de remédios para hipertensão, incluindo:
- Inibidores da enzima conversora da angiotensina: eles impedem a angiotensina I de se converter em angiotensina II, sendo esta última responsável pelo aumento da pressão arterial;
- Antagonistas dos receptores da angiotensina (ARA): bloqueiam a ação da angiotensina II em um dos receptores que eles atuam;
- Betabloqueadores: agem no sistema nervoso simpático, que tem como uma das funções reagir ao estresse e pode elevar a pressão arterial;
- Diuréticos: aumentam a excreção de água e sódio do organismo e também têm ação vasodilatadora, reduzindo a pressão sanguínea;
- Antagonistas de cálcio: eles bloqueiam a ação do canal de cálcio com consequente dilatação das artérias.
Os nomes de alguns deles são:
- Aldactone;
- Apresolina;
- Aradois;
- Atenolol;
- Atenolol + Clortalidona;
- Atensina;
- Besilato de Anlodipino;
- Benicar;
- Clortalidona;
- Co-Pressotec;
- Captopril;
- Captopril + Hidroclorotiazida;
- Cardizem;
- Carvedilol;
- Concor;
- Coreg;
- Cozaar;
- Diovan;
- Diurix;
- Doxazosina;
- Duomo;
- Enalapril + Hidroclorotiazida;
- Enalapril;
- Espironolacton;
- Furosemida;
- Hidroclorotiazida;
- Higroton;
- Indapen SR;
- Lasix;
- Lisinopril;
- Losartana Potássica;
- Losartana Potássica + Hidroclorotiazida;
- Metildopa;
- Nebilet.
Dependendo da situação, pode ser necessário usar mais de um tipo para controlar a doença de forma eficaz, mas apenas um médico poderá determinar isso, assim como a dosagem correta e a duração do tratamento.
Tem cura?
A hipertensão arterial não tem cura na maior parte dos casos. A cura pode acontecer quando a hipertensão surge em decorrência de alguma outra doença ou do uso de algum medicamento.
Prevenção
Para prevenir a hipertensão, é recomendado que as pessoas em idade adulta meçam a pressão pelo menos uma vez por ano como forma de acompanhamento. Se houver casos de hipertensão na família, o número aumenta para duas vezes ao ano.
Além disso, pode ajudar manter hábitos de vida mais saudáveis, como:
- Diminuir ou abandonar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Tentar levar os problemas do dia a dia de maneira mais tranquila;
- Manter o peso saudável;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Ter uma alimentação saudável;
- Diminuir o consumo de sal.
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Complicações possíveis
Como a hipertensão aumenta a sobrecarga imposta ao coração e danifica os vasos sanguíneos, ela pode prejudicar várias partes do corpo. Uma delas é o próprio sistema cardiovascular, resultando muitas vezes em quadros de AVC, infarto agudo do miocárdio e arritmia cardíaca.
A condição ainda é capaz de levar à doença renal crônica por tornar os vasos dos rins mais espessos e rígidos - o que prejudica a realização de suas funções.
Se mal irrigados, até os olhos podem sair prejudicados, ficando com algo conhecido como retinopatia hipertensiva, que, em casos mais graves, provoca cegueira.
Referências
Sociedade Brasileira de Hipertensão
Sociedade Brasileira de Cardiologia
ABESO
Pesquisa Nacional de Saúde 2019 (PNS 2019) - Instituto Nacional de Geografia e Estatpistica (IBGE)
César Jardim, cardiologista do Hcor
Weimar Sebba Barroso, cardiologista presidente do Departamento de Hipertensão da SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia
Marly Uellendahl, cardiologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica.