Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iRedatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iO que é Crescimento lento (em crianças)?
O crescimento lento ocorre quando a criança cresce menos do que o esperado. Existe um padrão de crescimento (peso/ altura / IMC) que é avaliado pelo seu pediatra em um gráfico e acompanhamento em todos as consultas. Existe um padrão de crescimento comum para as crianças que foi medido por algumas instituições internacionais e serve como parâmetro para os pediatras, que medem o peso, altura e IMC da criança a cada consulta. As crianças com alteração em seu crescimento, como o crescimento lento, devem ser investigadas do ponto de vista clínico, para que seja avaliada o quanto desta diferença é normal ou não.
Os sintomas que acompanham o crescimento lento variam muito dependendo da intensidade da alteração. Alterações evidentes encontradas, por exemplo, nas mal formações cromossômicas, endócrinas ou ósseas, são diagnosticadas logo no início.
Quando se fala em discreta diminuição de crescimento em relação à população em geral, só é possível fazer este diagnóstico nos acompanhamentos mensais, quando se formará um “desenho de curva de estatura” decrescendo.
Causas
Em geral, doenças podem ser a causa do crescimento lento em crianças. Entre elas, podemos listar:
- Anemia
- Infecções
- Alterações cardiológicas
- Alergias, principalmente as alimentares.
Além disso, fatores como a genética, alimentação e outras condições de estilo de vida podem ser a causa para o crescimento lento em crianças.
Diagnóstico
Para acompanhar não só o crescimento da criança, mas também do peso da criança, existem tabelas de peso e de estatura. Até 2006 a tabela utilizada era do CDC (Center for Disease Control), uma curva americana. Mas a criança americana tem maior peso que a brasileira até os dois anos, por diferentes fatores. Em 2006 uma organização com sede em Genebra, Who Child, elaborou uma tabela em que foram utilizados dados coletados de cinco cidades em cinco continentes (excetuando-se os orientais), inclusive no Brasil, elaborando uma tabela com valores mais amplos e mais adaptados a nossa realidade.
Esse acompanhamento é feito nas consultas de rotina com o pediatra: no primeiro ano de vida essas consultas são mensais, depois aos 15 e 18 meses. E entre dois e quatro anos, são duas consultas ao ano. Desta forma, coletam-se um número de medidas que geram uma curva de acompanhamento. Com o acompanhamento a cada mês, consegue-se detectar alterações do crescimento, para mais ou para menos.
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Fatores de risco
A velocidade de crescimento é definida por diferentes fatores, que podemos dividir em dois tipos:
Fatores intrauterinos
Durante a gestação a herança genética traz caracteres fixos como cor dos olhos, coloração da pele e também características em relação a adoecimentos familiares (atopias, cardiopatias, obesidade, neoplasias). Dentro de um grupo familiar as pessoas adoecem da mesma forma. Em uma família de asmáticos, temos maior probabilidade de crianças asmáticas, e assim com as outras doenças de herança genética.
Além disso, na gestação é importante ter cuidados da mãe com relação a repouso, exercícios adequados, alimentação. Importante principalmente não consumir álcool e ter pouca ingestão de gordura trans. Esses são fatores controláveis.
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Mas alguns fatores intrauterinos estão fora do controle da mãe, como os seguintes:
- Síndromes cromossômicas que comprometem o feto
- Alterações endócrinas: como nanismo hipofisário (deficiência de produção de Hormônio do Crescimento pela hipófise) e síndrome de Turner em meninas (defeito do cromossoma sexual)
- Síndromes congênitas, por exemplo a acondroplasia, que impede o crescimento dos ossos em comprimento, conhecido como anões.
Nesses casos, a criança não consegue desenvolver seu potencial, levando a baixa estatura final.
Fatores extrauterinos
São aqueles que ocorrem após o nascimento, e podem englobar:
- Condição de parto como anóxia neonatal, prematuridade em que a criança tem um atraso no desenvolvimento, mas atinge valores normais para idade mais para frente
- Problemas na amamentação
- Alimentação adequada na primeira infância
- Ausência de exercícios físicos
- Ambiente sem privações
- Doenças crônicas
- Medicações, como a cortisona
- Infecções de repetição.
Todos eles podem interferir no crescimento final da criança.
Buscando ajuda médica
Como o crescimento lento só será detectado quando a criança vai periodicamente ao pediatra, é importante que os pais respeitem esse ciclo, para diagnosticar não só o crescimento lento, mas qualquer outro problema de saúde da criança.
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As famílias brasileiras, pela vida corrida, trabalho dos pais, acabam recorrendo muito ao Pronto Atendimento e por isso acabam perdendo os acompanhamentos de rotina de seus filhos.
A periodicidade recomendada para as consultas é:
- Mensal até os 12 meses
- Depois aos 15 e 18 meses
- Entre dois e quatro anos, duas consultas ao ano.
Esta é a rotina para que se consiga detectar de forma precoce, não só crescimento lento, mas outras alterações evitáveis com diagnóstico precoce.
Os pais não devem levar em conta, como forma de perceber o problema, a comparação da altura do seu filho quando as outras crianças, pois elas têm origens diferentes. Nem mesmo a comparação entre irmãos é válida, por diversos fatores.
Tratamento
O tratamento para o crescimento lento em crianças será de acordo com a causa do problema. Por exemplo, alterações de origem genética ou hereditárias devem ser tratadas pelo especialista.
Prevenção
Hábitos de vida saudáveis ajudam a prevenir problemas de crescimento. Veja alguns deles:
- Amamentação exclusiva com leite materno até o sexto mês e alternada com alimentação regular até os dois anos
- Alimentação complementar adequada com pouco ou nenhum artificial após o sexto mês
- Exercícios ao ar livre por pelo menos uma hora ao dia
- Restringir o tempo de TV, vídeo game e computador para 30 minutos ao dia
- Adequado controle de doenças crônicas, como a bronquite, que pelo uso de muita medicação podem comprometer a estatura final.
Deve-se dar à criança a oportunidade de desenvolver todo o potencial que nasce com ela.
Referências
Dra Isis Dulce Pezzuol, pediatra e homeopata (CRM-SP 39.546)