Após residência em Clínica Médica e Cardiologia, iniciei minha formação em Cardiologia Intervencionista em 2003, e desde...
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O que é Dislipidemia?
Dislipidemia é a elevação anormal dos níveis de lipídios (gorduras) no sangue, como colesterol e triglicérides. Geralmente, a doença é assintomática, mas pode estar associada a outras condições de saúde, como alcoolismo, tabagismo, obesidade, hipotireoidismo e diabetes.
A dislipidemia é considerada um dos principais fatores de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares, como aterosclerose, infarto agudo do miocárdio, doença isquêmica do coração e AVC (derrame). Por isso, é fundamental seguir o tratamento correto da condição. Entenda, a seguir, mais sobre o que é dislipidemia, sua causa, seus principais sintomas e como tratá-la.
Causas
Causas de dislipidemia
As causas da dislipidemia podem ser:
- Genética (dislipidemia primária): o indivíduo apresenta alguma característica genética que altera o metabolismo dos lipídios no sangue, ocasionando elevação do colesterol e/ou dos triglicérides. São as chamadas dislipidemias primárias
- Hábitos de vida (dislipidemia secundária): a segunda causa está ligada a alguns hábitos desenvolvidos pelos indivíduos, como obesidade, sedentarismo ou mesmo situações que alteram o metabolismo dos lipídios, como Diabetes Mellitus, alcoolismo, insuficiência renal, hipotireoidismo ou uso de certos medicamentos.
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Tipos
As dislipidemias podem ser classificadas como:
- Hipercolesterolemia isolada: elevação somente do LDL colesterol (valor > 160mg/dL)
- Hipertrigliceridemia isolada: triglicérides elevados (valor > 160mg/dL)
- Hiperlipidemia mista: elevação de triglicérides e colesterol. É o tipo de dislipidemia mais comum, que acomete até 2% da população geral e está envolvida em de 30 a 50% dos casos de doenças coronárias
- Hipoalfalipoproteinemia: no qual o colesterol HDL é baixo (homens com valor < 40mg/dL e mulheres com valor < 50mg/dL).
Sintomas
Sintomas de dislipidemia
Na maioria dos casos, a doença é assintomática. Porém, em situações em que o nível de gordura no sangue é muito elevado, alguns sinais passam a ser percebidos. Os principais sintomas de dislipidemia são:
- Dor abdominal
- Lesões na pele
- Nódulos causados pelo depósito de gordura na pele
- Aumento do fígado ou do baço
- Formigamento das mãos e dos pés
- Formação de anéis brancos ou opacos na margem da córnea
- Dificuldade para respirar
- Confusão mental
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Diagnóstico
A coleta do lipidograma ou dosagem de colesterol total, frações e triglicérides é melhor maneira de se diagnosticar a presença de hiperlipidemia. O exame é simples e depende apenas da coleta de uma amostra sanguínea, que pode ser realizada em jejum ou não.
Cada fração dos lipídios sanguíneos (colesterol e triglicérides) tem um valor de referência e, quando o resultado der acima destes valores normais, evidencia a presença ou não de hiperlipidemia.
Qual médico consultar?
O diagnóstico de dislipidemia, assim como seu acompanhamento médico, pode ser feito por:
- Clínico geral
- Cardiologista
- Endocrinologista.
Fatores de risco
Os fatores de risco que favorecem a dislipidemia dizem respeito às principais causas da doença. É muito comum a coexistência de mais de um fator de risco, associada a uma causa genética para o desenvolvimento da doença. Assim, são fatores de risco para a dislipidemia:
- Histórico familiar
- Obesidade
- Sedentarismo
- Alcoolismo
- Má alimentação, com elevado consumo de açúcares, carboidratos e gorduras
- Diabetes
- Hipotireoidismo
- Insuficiência renal
Tratamento
Tratamento para dislipidemia
O tratamento da dislipidemia envolve tanto medicação quanto mudança de hábitos de vida. De início, o médico pode sugerir algumas alterações no estilo de vida, com medidas que incluem:
- Adequação da dieta
- Redução de peso
- Prática regular de exercícios físicos
- Interrupção do tabagismo
- Restrição do consumo de gorduras saturadas, colesterol e carboidratos
- Maior consumo de frutas, legumes e verduras
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Medicamentos
Medicamentos para dislipidemia
Se as mudanças no estilo de vida não controlarem os níveis de colesterol e triglicérides, o tratamento pode envolver o uso de fármacos. Nestes casos, os principais medicamentos para dislipidemia utilizados são:
- Sinvastatina
- Rosuvastatina
- Atorvastina
- Ciprofibrato
- Fenofibratos
Tem cura?
Dislipidemia tem cura?
Dislipidemia tem cura, mas depende da causa. Se a causa for genética, a condição não poderá ser revertida. Porém, se a causa estiver ligada apenas a hábitos alimentares, então, modificando estes hábitos, há grande possibilidade de cura.
Prevenção
Quando há quadro de dislipidemia na família, o ideal é iniciar uma investigação aprofundada o quanto antes, com acompanhamento médico, exames de sangue e um possível tratamento precoce com medicação.
No caso de não haver histórico familiar, as medidas preventivas contra a dislipidemia envolvem a adoção de hábitos de vida saudáveis, como:
- Perda de peso e manutenção do peso ideal;
- Dieta pobre em gorduras, colesterol e carboidratos;
- Aumento de ingestão de fibras e carboidratos complexos;
- Prática de exercícios físicos;
- Tratamento de outras condições de saúde concomitantes, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, tabagismo ou obesidade.
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Complicações possíveis
A dislipidemia pode levar ao aumento de risco cardiovascular e ao desenvolvimento de aterosclerose (obstrução das artérias por placas de gordura). Esta é a complicação mais frequente e preocupante, pois ela pode levar ao infarto do miocárdio ou ao acidente vascular cerebral (derrame ou AVC).
Entretanto, o risco de complicações está diretamente relacionado à presença de outras condições, como obesidade e tabagismo. Por exemplo, um indivíduo portador de doença arterial coronariana, obeso, tabagista e com dislipidemia, está sob um elevado risco de apresentar um evento cardíaco, como um infarto agudo do miocárdio.
Referências
Boletim Saúde e Economia nº 6 - Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
Bruna Marisa, médica endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - CRM 45040 MG
Marcelo Cantarelli, médico cardiologista intervencionista e diretor do grupo Angiocardio - CRM 55879 SP