Mestre em educação médica com residência médica em Pediatria. Pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria com formação em H...
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O que é Distimia?
A distimia é um tipo de depressão crônica, muitas vezes descrita como uma versão menos grave da doença, responsável por gerar sensações de tristeza, irritabilidade e humor deprimido.
“A maior característica da distimia é a durabilidade dos sintomas. Em adultos, são sintomas de rebaixamento de humor, observados por si próprio ou por terceiros, com duração de, no mínimo, dois anos. Nas crianças, um ano”, explica Gesika Amorim, médica especialista em neurodesenvolvimento.
O paciente com distimia pode perder o interesse nas atividades diárias normais, se sentir sem esperança, ter baixa produtividade, baixa autoestima e um sentimento geral de inadequação. Além disso, pessoas com distimia são consideradas excessivamente críticas.
Causas
Não há uma causa única para a distimia. Segundo especialistas, a condição pode surgir devido fatores que se assemelham a depressão tradicional, tais como:
- Fatores bioquímicos: pessoas com distimia podem ter mudanças físicas em seus cérebros. Apesar de tais mudanças ainda serem objeto de investigação por profissionais da área médica, acredita-se que algumas condições mentais podem ser causadas por alterações nos transmissores de serotonina e dopamina, por exemplo
- Fatores genéticos: a distimia pode surgir em pessoas com algum grau sanguíneo de parentesco
- Fatores ambientais: tal como acontece com a depressão, o ambiente pode contribuir para a distimia. Situações da vida que são difíceis de lidar, como a perda de um ente querido, problemas financeiros ou um alto nível de estresse podem ser fatores ambientais desencadeadores da doença.
Além disso, é comum uma pessoa que tem um transtorno mental, como síndrome do pânico ou fobia, desenvolver sintomas depressivos. É o que os psiquiatras chamam de "comorbidade", quando dois ou mais quadros psiquiátricos se associam num mesmo indivíduo.
Sintomas
Os sintomas da distimia são os mesmos da depressão maior, mas em menor número e menos intensos. Os sinais podem incluir:
- Tristeza ou humor deprimido na maior parte do dia ou quase todos os dias
- Perda de prazer nas atividades que antes eram agradáveis
- Grande mudança em peso (ganho ou perda de mais de 5% do peso dentro de um mês)
- Perda ou aumento do apetite
- Insônia ou sono excessivo quase todos os dias
- Inquietação
- Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
- Sentimentos de desesperança, inutilidade ou culpa excessiva quase todos os dias
- Problemas de concentração, que ocorrem quase todos os dias
- Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, plano de suicídio ou tentativa de suicídio.
Em crianças, a distimia pode ocorrer juntamente com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), distúrbios de comportamento ou de aprendizagem, transtornos de ansiedade ou deficiências de desenvolvimento. Exemplos de sintomas distimia em crianças incluem:
- Irritabilidade
- Problemas de comportamento
- Mau desempenho escolar
- Atitude pessimista
- Habilidades sociais pobres
- Baixa autoestima.
Diagnóstico
O diagnóstico de distimia é feito por profissionais de saúde mental, como psiquiatras e psicólogos. Para isso, é avaliado o histórico médico do paciente, seus hábitos de vida e se os sintomas estão presentes por um longo período de tempo.
Caso haja a suspeita de que os sintomas são resultado de uma condição física, como hipotireoidismo, alguns exames de sangue e imagem podem ser solicitados para descartar outras possibilidades.
Será feita então uma análise psicológica completa, incluindo uma discussão com profissional da área de psicologia ou psiquiatria sobre os sentimentos atuais e comportamento geral do paciente.
Teste online de distimia funciona?
De acordo com a neurologista Gesika Amorim, existe um grande perigo na realização de testes online. “É preciso um bom autoconhecimento para não mentir, omitir ou deturpar os fatos na realização desses testes diagnósticos. Quando o paciente está em sofrimento ou tem uma percepção alterada da realidade, ele tem uma chance de mitigar esses sintomas e mentir para si mesmo”.
O maior risco dos chamados "diagnóstico de revista” é que o paciente se auto sabote, achando que tem ou não a condição relatada no teste, o que pode dificultar o tratamento da condição.
“A distimia é caracterizada pelo humor rebaixado, o humor levemente depressivo por um tempo prolongado, seja por uma auto observação ou a observação por terceiros. Muitas vezes, as pessoas não conseguem enxergar esses próprios sintomas. Os testes online são facas de dois gumes - se o paciente não consegue aceitar a doença, muitas vezes ele precisa da ajuda de outros. Esse não é o melhor caminho para conseguir identificar sintomas patológicos em você ou em qualquer outra patologia”, ressalta a especialista.
Tratamento
Normalmente, o tratamento mais indicado para quadros de distimia consiste na combinação de medicamentos psiquiátricos e sessões de psicoterapia. Entretanto, a avaliação médica irá determinar qual a forma e a frequência mais indicadas para cada quadro.
Alguns dos fatores avaliados são:
- Gravidade dos sintomas
- O desejo do paciente de resolver questões emocionais ou situacionais que afetam sua vida
- Preferências pessoais do paciente
- Métodos de tratamento anteriores
- Capacidade de tolerar medicamentos
- Outros problemas emocionais que podem ocorrer junto com a distimia.
Psicoterapia para distimia
A psicoterapia ajuda a aprender sobre seus próprios sentimentos, pensamentos e comportamentos. A técnica permite que o paciente desenvolva habilidades de enfrentamento saudáveis, como a gestão do estresse. Outros benefícios do tratamento são:
- Aprender a tomar decisões
- Reduzir padrões de comportamento autodestrutivo, como a negatividade, a desesperança e a falta de assertividade
- Melhorar a capacidade de funcionar em situações sociais e interpessoais de trabalho
Remédios para distimia
A necessidade de medicação para o tratamento da distimia será avaliada pelo profissional de saúde. Normalmente, os remédios prescritos pelos médicos incluem:
- Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs)
- Inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina (ISRSN ou SNRI)
- Antidepressivos tricíclicos
- Aprender a tomar decisões
- Reduzir padrões de comportamento autodestrutivo, como a negatividade, a desesperança e a falta de assertividade
- Melhorar a sua capacidade de funcionar em situações sociais e interpessoais de trabalho.
Referências
Fábio Roesler, psicólogo e Neuropsicólogo da Clínica de Cefaleia e Neurologia "Dr Edgard Raffaeli"
Havard Health Publications
Gesika Amorim, médica especialista em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental