Oftalmologista pela Universidade de Santo Amaro (Unisa) e especialização pela Irmandade da Santa Casa de São Paulo. Foi...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é DMRI?
Degeneração macular relacionada à idade, mais conhecida como DMRI, é uma doença degenerativa que afeta a retina, mais especificamente a parte central dela. Este setor da retina, chamado de mácula, é responsável pela visão de nitidez e de cores – ou seja, possibilita que detalhes sejam vistos.
A DMRI não leva à cegueira total, mas tira do paciente a capacidade de enxergar com clareza tanto de perto quanto de longe. É como se os menores detalhes das formas que se enxerga não existissem – e, em casos mais avançados, um borrão escuro pode surgir na visão.
Desta forma, a doença pode impossibilitar tarefas geralmente simples, como ler, escrever, dirigir e até reconhecer os rostos de outras pessoas.
Devido ao fato de que a doença tem progressão lenta em alguns casos, os sintomas da DMRI podem facilmente passar despercebidos. Isso, por sua vez, faz com que muitos pacientes só percebam que há algo de errado quando estão com a vista bastante borrada.
A doença é bilateral, ou seja, afeta ambos os olhos. No entanto, geralmente essa perda é assimétrica, com um dos olhos mais afetado que o outro.
Principal causa de cegueira após os 60 anos, estima-se que, no Brasil, cerca de 100 mil casos de DMRI se desenvolvam a cada ano.
Causas
Ainda não se sabe ao certo o que causa DMRI, mas, em geral, o desenvolvimento da doença está ligado à idade. Com o passar dos anos, há uma tendência cada vez maior de degeneração nos olhos, e este processo costuma afetar, em especial, a mácula.
Além disso, é possível que fatores ambientais, como o tabagismo, e questões hereditárias podem ter relação com o surgimento da DMRI.
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Tipos
A Degeneração Macular Relacionada à idade tem dois tipos: DMRI seca (ou atrófica) e DMRI exsudativa (ou úmida). Enquanto a primeira é a apresentação mais comum, a segunda é mais rara – mas é também a mais agressiva devido à possibilidade de sangramentos.
Conheça abaixo em detalhes os dois tipos de DMRI:
DMRI seca
Na DMRI seca, partes da mácula ficam mais finas ao longo dos anos, enquanto pequenos agrupamentos de proteínas chamados drusas crescem. Isso provoca a degeneração da estrutura – que, nestes casos, acontece de forma lenta, gradual e indolor.
Em 80% dos casos de DMRI, o tipo seco é o que se manifesta. Por ter desenvolvimento lento, a doença pode se manter estável durante anos e boa parte dos pacientes conseguem manter visão suficiente para, por exemplo, ler.
DMRI exsudativa
Menos comum, este é o tipo mais grave de DMRI e acontece quando vasos sanguíneos anormais crescem sob a retina. Quando sangram, estes vasinhos ferem a mácula, causando um processo de cicatrização nesta estrutura e prejudicando, assim, a visão central.
Sintomas
Os sintomas de DMRI podem passar despercebidos por potencial ligação com outros fatores, como cansaço ou piora em problemas de visão já existentes. Por isso, é importante se atentar para os possíveis sinais da doença, que incluem:
- Perda progressiva de visão
- Visão turva e distorcida principalmente na região central
- Visão com linhas onduladas e distorcidas
- Redução na intensidade ou brilho das cores
- Dificuldade em reconhecer rostos
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Diagnóstico
O diagnóstico de DMRI é feito, inicialmente, a partir da consulta oftalmológica. De preferência com um oftalmologista especialista em retina, o paciente tem a visão testada e faz o mapeamento da retina. Diante da suspeita de DMRI, é possível que o especialista peça outros exames para confirmar o diagnóstico.
Fatores de risco
O principal fator de risco para DMRI é a idade. A partir dos 50, as chances de se desenvolver DMRI aumentam – mas há ainda outros fatores que podem influenciar no aparecimento da doença, como:
- Histórico de DMRI na família
- Ser uma pessoa de pele branca
- Ser uma pessoa de olhos claros
- Obesidade
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Má alimentação
- Tabagismo
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Exposição inadequada aos raios solares
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Exames
Além dos testes e análises feitos em consultórios, os seguintes exames detectam DRMT ou podem ajudar o paciente a mensurar o comprometimento da visão:
Tela de Amsler
A tela de Amsler é uma ferramenta simples que pode ajudar na percepção da perda de visão central. O teste pode ser realizado pelo próprio paciente em casa e sozinho, já que se trata de uma tela composta por linhas paralelas e pretas com um círculo central.
O uso da tela de Amsler não substitui ou invalida a consulta com o médico. Exames específicos para avaliar a retina devem ser feitos com oftalmologista, pois é apenas por meio deles que se classifica o tipo de DMRI e outras possíveis complicações. Faça o exame da tela de Amsler aqui.
Angiofluoresceínografia
Neste exame, o paciente tem a retina fotografada após uma injeção de contraste na veia. Devido à substância, vasos anormais se destacam nas imagens.
Tomografia de Coerência Óptica (OCT)
Neste exame, as pupilas do paciente são dilatadas para que a retina possa ser observada. Assim, é possível examinar as camadas de célula desta estrutura, medir o inchaço causado por vasos sanguíneos anormais, entre outras características.
Buscando ajuda médica
Ao notar perda de visão, vista embaçada, dificuldade em enxergar detalhes, ler, mudança na forma como se enxerga cores e outras alterações na visão, é indicado buscar atendimento médico. O especialista mais indicado para diagnosticar a DMRI é o médico oftalmologista.
Tratamento
Apenas um tipo de DMRI tem tratamento. A princípio, a DMRI seca é manejada de forma a evitar a piora dos sintomas e, por isso, o paciente é instruído a melhorar os hábitos alimentares e se proteger melhor do sol, além de tomar certos suplementos vitamínicos indicados pelo médico.
Já em casos de DMRI exsudativa, medicamentos antiangiogênicos, usados para secar os vasos sanguíneos anormais, tendem a ajudar. Para isso, eles são injetados diretamente no olho por um médico especialista em retina em quantidade e frequência a definir dependendo do quadro do paciente.
Menos usada, há ainda a terapia fotodinâmica, que consiste no uso de um laser frio associado à infusão de um corante intravenoso.
Medicamentos
Há, atualmente, dois medicamentos indicados para o tratamento de DMRI. São eles:
- Aflibercepte
- Ranibizumabe
É preciso lembrar, porém, que a automedicação é expressamente desencorajada.
Tem cura?
A DMRI não tem cura, mas o tratamento para a forma exsudativa (ou úmida) ajuda a minimizar a progressão da doença. Em alguns casos, ele também pode recuperar parte da visão perdida.
O controle e o monitoramento dos pacientes também auxiliam no processo de cuidar do que ainda resta da visão, bem como adotar formas de contornar as dificuldades causadas por ela.
Prevenção
Como o principal fator de risco da DMRI é a idade, é ideal que, com o passar dos anos, os exames oftalmológicos sejam cada vez mais frequentes. Ao notar alterações na visão, é indicado que o paciente busque atendimento médico o quanto antes. Além disso, também ajudam a prevenir DMRI:
- Parar de fumar
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Manter um peso saudável
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Praticar exercícios físicos regularmente
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Manter uma dieta rica em frutas, legumes, peixe e nozes
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Usar óculos escuros com proteção ultravioleta e evitar exposição ao sol
Convivendo (Prognóstico)
Em casos de DMRI bilateral (ou seja, que afeta os dois olhos), é possível que o paciente se beneficie do uso de lentes telescópicas. Com elas – que se parecem com pequenos tubos de plástico – o campo de visão é ampliado e, desta forma, a dificuldade de enxergar detalhes pode ser contornada.
Além disso, é possível também adequar as lentes dos óculos de acordo com a necessidade, utilizar lentes de aumento e outros dispositivos para ajudar com leitura e trabalhos de precisão como costura. Há, ainda, artifícios para aumentar materiais de leitura, e lâmpadas de maior intensidade em casa para favorecer a visão.
Como a DMRI é uma doença crônica e progressiva, é possível que o paciente seja desaconselhado a dirigir e tenha companhia sempre que possível.
Referências
American Academy of Ophthalmology (AAO), Estados Unidos
National Health Services (NHS), Reino Unido