Dor no pênis: possíveis causas e tratamentos

O que é Dor no pênis?

Dor no pênis é qualquer desconforto, incômodo ou sensação de queimação que acomete o órgão genital masculino. Apesar de pouco comum, a dor pode ser decorrente de uma pancada forte ou de uma relação sexual mais intensa, assim como de falta de higiene e infecções. 

Causas

A condição mais frequente capaz de afetar o pênis é uma atividade sexual mais intensa. Certos movimentos bruscos podem provocar a fratura no órgão, conforme explica Flávio Iizuka, urologista e pesquisador pela Universidade de São Paulo (USP).

“Apesar do pênis não ser um órgão que tenha um osso dentro, ele é uma estrutura que tem uma parte erétil que se enche de sangue, chamada corpo cavernoso que pode se romper, provocando um hematoma, uma hemorragia”, completa o doutor.

Geralmente, essa condição requer tratamento cirúrgico. Entretanto, existem outros casos de trauma que, embora não provoquem a fratura peniana, causam dor e desconforto ao órgão. Infecções causadas por fungos e bactérias, inflamações e até mesmo o câncer podem estar entre esses problemas, tais como:

• Cálculo vesical
• Mordidas e picadas de insetos
• Câncer de próstata
• Prótese peniana infectada
• Prostatite
• Lesão
• Doença de Peyronie
• Espinhas ou caroço no pênis
• Síndrome de Reiter
• Uretrite
• Balanite
• Cálculo na bexiga

Todavia, há também condições mais frequentes associadas à dor no órgão genital. Destacamos-as em quatro grupos. São eles:

Problemas de ereção ou ejaculação

Problemas desta natureza incluem a incapacidade de obter ou manter uma ereção rígida o suficiente para uma relação sexual satisfatória — em termos médicos, o nome é disfunção erétil. Distúrbios psicológicos e doenças hormonais são algumas das causas que podem culminar na impotência sexual.

Mais raramente, a dor peniana também pode ter origem de uma ereção persistente e geralmente dolorosa que não é causada por estimulação sexual ou excitação, chamada de priapismo. Ela é frequente em pessoas com anemia falciforme e algumas doenças de sangue, como leucemia. Porém, o doutor Flávio Iizuka aponta que o priapismo pode ser provocado por injeções de medicamentos no pênis com intuito de tratar a disfunção erétil.

“Qualquer ereção acima de 2 horas de duração deve ser motivo de procurar o pronto-socorro. A partir de 4 horas, (o paciente) já começa a ter isquemia e falta de oxigenação dos tecidos, o que pode provocar um dano permanente no aparelho erétil do homem”, alerta o especialista.

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Ademais, embora problemas de ejaculação não causem diretamente a dor no pênis, o especialista explica que relações sexuais muito demoradas, em razão da dificuldade ou da impossibilidade de ejacular ou até mesmo da demora para atingir o orgasmo, pressupõem traumatismos e dor no órgão.

Infecções sexualmente transmissíveis (IST's)

Em decorrência de relações sexualmente desprotegidas, várias infecções sexualmente transmissíveis podem afetar a saúde do pênis. As mais comuns são:

• Herpes genital: é causada por vírus e atinge as membranas mucosas dos genitais
• Sífilis: causada pela bactéria Treponema pallidum, é uma IST silenciosa e requer inúmeros cuidados
• Clamídia: causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, ela pode ser transmitida via contato sexual anal, oral ou vaginal e também pode ser congênita
• Gonorreia: é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae e, além do órgão sexual, pode ter manifestações em outros órgãos
• Herpes simples: causada por vírus que já estão presentes em nosso organismo, a herpes é uma infecção incurável e seu contágio não ocorre apenas pela relação sexual
• HPV: é um vírus capaz de causar verrugas ou lesões precursoras de câncer.

As ISTs podem se revelar de diversas formas. Alguns dos sinais e sintomas mais comuns destes problemas incluem:

• Dor/ardência ao urinar
• Corrimento
• Feridas ou bolhas no pênis
• Coceira na área genital
• Vermelhidão
• Cansaço excessivo.

Problemas com o prepúcio

O prepúcio é a pele que cobre a glande do pênis e, em muitos casos, ela pode ser acometida por alguns problemas específicos que causam a sensação de dor. Tanto o excesso quanto a ausência de prepúcio podem ameaçar a saúde do pênis, a depender sempre dos hábitos de higiene do homem. Algumas dessas condições são:

• Fimose: dificuldade de expor a glande do pênis em razão do excesso de pele no membro, causando empecilhos à higiene íntima. Em casos mais sérios, a fimose pode facilitar o surgimento de câncer
• Parafimose: complicação da fimose e ocorre quando a pele do prepúcio retrai e consegue expor a glande, mas não consegue recobri-la. Dessa forma, a glande incha e dificulta o retorno do prepúcio
• Balanopostite: inflamação da glande e do prepúcio, tipicamente causada por infecções ou condições crônicas da pele.

Diagnóstico

O urologista irá solicitar um espermograma, exame capaz de avaliar a composição do sêmen e as condições físicas de cada paciente. A partir dele, será possível observar se existe algum indício de infecção associada ao sêmen, como prostatite ou vesiculite. Normalmente, o médico também pode solicitar uma espermocultura, que pode detectar a presença de micro-organismos no sêmen causadores de doenças.

Na suspeita de câncer de próstata, o especialista poderá pedir um PSA, exame de rotina da glândula — além de uma ultrassom de próstata, que também avalia as vesículas seminais.

No caso de alteração no exame, Flávio explica que é comum a solicitação de uma ressonância multiparamétrica da próstata, pois vem com uma avaliação chamada de PI-RADES, com uma nota que vai de 1 a 5. Quanto maior a nota, maior a probabilidade de câncer de próstata. Dessa forma, o médico é capaz de filtrar e selecionar melhor os casos em que ele vai indicar uma biópsia.

Fatores de risco

Em razão das inúmeras causas que podem culminar em dor no pênis, existem diversos fatores de risco que, além da dor, podem afetar a saúde do pênis e levar a problemas graves. São eles:

• Sexo desprotegido: ter relações sexuais desprotegidas, ou seja, sem o uso de preservativos, pode levar ao surgimento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e, consequentemente, à dor na região do pênis
• Doenças cardíacas e diabetes: a diminuição do fluxo sanguíneo causada por diabetes e aterosclerose está diretamente relacionada à disfunção erétil. Ademais, o paciente com diabetes também tem risco maior de ter candidíase, especialmente se não houver um controle das taxas de glicose
• Medicamentos e terapias: certos medicamentos e tratamentos podem afetar a sua saúde do pênis. A remoção cirúrgica da glândula da próstata (prostatectomia radical) e do tecido circundante como tratamento para o câncer de próstata podem provocar incontinência urinária e disfunção erétil
• Cigarro: o cigarro, devido às suas toxinas, leva à piora do funcionamento do aparelho erétil masculino. Segundo alguns estudos, o cigarro pode trazer prejuízos na circulação sanguínea
• Hormônios: desequilíbrios hormonais, tais como deficiência de testosterona ou abundância do hormônio prolactina, têm sido associados à disfunção erétil
• Problemas psicológicos: a depressão pode causar perda de libido. Da mesma forma, quando um homem tem um problema de ereção, ele pode ficar preocupado que isso ocorra novamente, o que lhe causa sentimentos de ansiedade e nervosismo. Isso pode agravar o problema e levar à impotência sexual. Trauma, tais como o abuso de crianças, também pode levar à dor associada ao sexo
• Condições neurológicas: derrame (AVC), lesões da medula espinhal e das costas, esclerose múltipla e demência podem afetar a transferência de impulsos nervosos do cérebro para o pênis, causando disfunção erétil
• Envelhecimento: os níveis de testosterona normalmente caem com a idade. Isso pode levar a uma diminuição do interesse sexual, à necessidade de mais estímulo para alcançar e manter uma ereção, à ejaculação menos vigorosa e à necessidade de mais tempo para poder atingir a ereção
• Piercings: a perfuração do pênis pode causar infecções de pele e, posteriormente, a dor no pênis
• Envergadura: dependendo da envergadura do pênis, principalmente se ele for torto, as chances de fratura peniana aumentam

Tratamento

A dor no pênis pode ter diversas causas, de modo que o tratamento varia de acordo com o diagnóstico estabelecido. Por isso, somente um especialista capacitado pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Alguns casos, como o priapismo, necessitam da intervenção de um médico urologista em um ambiente hospitalar.

É importante observar os sintomas e sinais que indicam problemas mais sérios e procurar orientação de um especialista. Não se automedique e não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes.

Referências

Ministério da Saúde

Sociedade Brasileira de Urologia