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iO que é Estrabismo?
O estrabismo é um distúrbio visual caracterizado pelo desequilíbrio na função dos músculos oculares, o que faz com que os olhos não fiquem paralelos e apontem para direções diferentes. Ele pode se manifestar nos primeiros dias de vida, em crianças menores e em adultos por razões distintas.
Falso estrabismo
Muitas vezes o estrabismo é confundido com o falso estrabismo (ou pseudoestrabismo), em que uma dobra de pele no canto interno das pálpebras esconde a parte branca do olho, dando a falsa impressão de que os olhos estão desviados, especialmente nas crianças.
Causas
O movimento dos olhos é controlado por seis músculos de cada olho que, por sua vez, são controlados pelo cérebro através de impulsos nervosos. Para que os olhos permaneçam focalizados, eles devem estar em perfeito equilíbrio e sincronia.
Diversos fatores podem comprometer esse funcionamento, aumentando as chances de estrabismo tanto no início da vida quanto mais tarde, na fase adulta. Neste último caso, normalmente o problema é provocado por alguma doença física não ocular, como o diabetes, ou então por um traumatismo na cabeça.
Entre as outras causas de estrabismo estão, segundo Rosana Cunha, oftalmologista da Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha, e o oftalmologista Ramon Barreto:
- Paralisia cerebral
- Síndrome de Down
- Hipotonia
- Falta de oxigenação no parto
- Hidrocefalia
- Prematuridade
- Tumores cranianos.
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Tipos
Existem muitos tipos de estrabismo. Os principais são:
- Estrabismo convergente (esotropia): o olho fica desviado em direção ao nariz. Esse é o tipo mais frequente e pode se manifestar em bebês
- Estrabismo divergente (exotropia): o olho fica desviado para os lados. Ocorre mais frequentemente quando a criança focaliza objetos para longe e está distraída ou cansada
- Estrabismo vertical: o olho fica desviado para cima ou para baixo.
Em alguns casos, pode haver uma combinação de desvio horizontal e vertical num mesmo paciente, como, por exemplo, em direção ao nariz e para cima.
Sinais
Quando a condição surge em adultos ou pré-adolescentes, o primeiro sintoma do estrabismo é a visão dupla. Nos estrabismos adquiridos mais cedo, não há esse sintoma. Por isso, os responsáveis precisam estar sempre de olho em possíveis desvios oculares.
Os especialistas, no entanto, ressaltam que é comum o pseudoestrabismo e pequenos desvios oculares antes dos quatro meses de idade. Isso ocorre porque os reflexos que alinham os olhos ainda não estão maduros. Nesses casos, o alinhamento acontece de maneira natural conforme o corpo vai se desenvolvendo. Qualquer desvio que se mantenha depois dessa idade é considerado estrabismo e só tem cura com o tratamento adequado.
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Diagnóstico
Existem estrabismos que não são percebidos pelas pessoas não especializadas, mas que são suficientes para causar visão dupla. Por isso, o ideal é que todas as crianças por volta do primeiro ano de vida realizem exames oftalmológicos para verificar se não têm nenhuma alteração na visão, assim como os adultos devem visitar o oftalmologista anualmente.
Na consulta, o médico fará uma série de testes para verificar a saúde dos olhos, sendo o do reflexo o mais importante para os casos de estrabismo. Basicamente, ele serve para avaliar se o foco de luz está centralizado nas duas pupilas. Caso não esteja, o especialista provavelmente vai realizar outros exames oftalmológicos, como os de acuidade visual, de fundo de olho, de oclusão e de movimento ocular para avaliar o tamanho do desvio e confirmar o diagnóstico.
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Tratamento
O tratamento do estrabismo ocorre a partir da correção da causa de origem do distúrbio. Entre as ações terapêuticas possíveis, encontram-se:
- Uso de tampões no olho funcional para estimular o olho com baixa visão
- Uso de óculos
- Colírios.
Cirurgia de estrabismo
Após tratar a baixa visão, é iniciado o tratamento do desvio dos olhos. Em alguns casos, o problema pode ser tratado apenas com o uso de óculos. Contudo, na maioria das vezes, é necessária uma intervenção cirúrgica, indicada para os casos de desalinhamento ocular que prejudiquem a capacidade funcional ou estética da pessoa.
A cirurgia de estrabismo é realizada nos músculos que movimentam os olhos, a depender do tipo de estrabismo. Ela restabelece o equilíbrio entre as forças dos músculos oculares externos, reposicionando o globo ocular.
A internação hospitalar é de poucas horas e a operação é realizada com anestesia geral. No pós-operatório, o paciente pode sentir algum desconforto ou leve dor ao mover os olhos — mas o médico responsável pode receitar a administração de anti-inflamatórios e analgésicos.
Tem cura?
O estrabismo tem cura quando o tratamento começa cedo (antes dos dois anos de idade), principalmente nos casos de visão baixa de um olho, condição conhecida como ambliopia.
Após essa idade, as possibilidades de cura são reduzidas, pois células cerebrais atrofiadas apresentam menor possibilidade de serem recuperadas. Por esse motivo, a criança deve consultar um médico oftalmologista o mais rapidamente possível assim que o desvio dos olhos é percebido.
Referências
Centro Brasileiro de Estrabismo: uma organização que promove e incentiva estudos científicos sobre estrabismo.
Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP): uma organização que apoia ações preventivas de saúde pública e incentiva a difusão de informações sobre a oftalmopediatria.
Ministério da Saúde: parte do governo responsável pela administração e manutenção da saúde pública no Brasil.