Residência em doenças infecciosas e parasitárias no Hospital Beneficência portuguesa de São Paulo e mestrado em Infectol...
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iSou graduado pela UNIGRANRIO - RJ, formado em 2003 e tenho título de especialista pela ABM em Medicina de Família e Comu...
iO que é Filariose?
A filariose, também chamada de filariose linfática ou elefantíase, é uma doença parasitária crônica causada por vermes nematoides, considerada uma das causas mais comuns de incapacidade permanente ou de longo prazo no mundo. O paciente apresenta sintomas como febre, dor nos membros e na virilha e, se a infecção se tornar crônica, ocorre o inchaço dos gânglios, que pode ser constante e desfigurante.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 36 milhões de pessoas infectadas com a doença estejam em tratamento no mundo inteiro.
Causas
A filariose é causada pelo parasita nematoide Wuchereria bancrofti, que tem como vetor o mosquito Culex quinquefasciatus — conhecido como pernilongo, muriçoca ou mosquito-palha. Após a picada, as larvas da filária percorrem o organismo e se desenvolvem nos gânglios até a sua fase adulta, o que pode levar anos, manifestando uma série de alterações no sistema humano.
Transmissão da filariose
O ser humano é a fonte primária de infecção, pois o parasita é transmitido de pessoa a pessoa por meio da picada do mosquito. Atualmente, há um grande foco na erradicação da doença, fazendo com que pessoas que moram em áreas de risco participem de programas de quimioterapia preventiva para que a transmissão da filariose seja contida.
Sintomas
Os sintomas da filariose na fase aguda de elefantíase podem ser confundidos com uma virose, surgindo entre uma semana e um mês após a picada do mosquito. Já os indícios da fase crônica demoram de meses a anos para serem percebidos.
Sintomas da filariose na fase aguda
- Febre
- Dor de cabeça
- Mal-estar
- Vermelhidão no corpo
- Coceira
- Inflamação dos vasos linfáticos e linfadenites
Sintomas da filariose na fase crônica
- Inchaço de membros e/ou mamas
- Inchaço por retenção de líquido nos testículos
- Gordura na urina
- Evolução para formas graves e incapacitantes de elefantíase (aumento excessivo do tamanho de membros)
Diagnóstico
O diagnóstico da filariose na fase aguda é feito de forma clínica. No início da infecção, a identificação da doença é mais difícil por apresentar sinais parecidos com outras doenças mais comuns. Contudo, com a suspeita, que pode surgir após o relato de passagem em localidades endêmicas no Brasil, como Recife e cidades próximas, solicita-se um exame de sangue capaz de identificar a presença da larva.
Já na fase crônica, quando as larvas se desenvolvem para a fase adulta, o diagnóstico é facilitado devido aos sintomas mais perceptíveis, como a obstrução dos vasos linfáticos, que causa o inchaço das pernas, por exemplo. Alguns exames solicitados são:
- Exame de sangue
- Ultrassonografia
- Exames microscópios
- Testes imunológicos
Tratamento
O tratamento de filariose é feito com o uso de medicamentos específicos, de acordo com as manifestações clínicas resultantes da infecção pelos vermes adultos, dependendo também do tipo e grau de lesão que as larvas provocaram e suas consequências clínicas. Em alguns pacientes, é necessária a realização de cirurgias para a desobstrução dos vasos linfáticos. Alguns métodos utilizados no tratamento de filariose são:
- Analgésicos
- Medicamentos para febre
- Elevação dos membros afetados
- Drenagem linfática
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de filariose são:
- Ivermectina
- Dietilcarbamazina
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A cura da filariose só é possível quando tratada no início. Como o diagnóstico neste período é difícil, a doença acaba se tornando crônica e o tratamento é feito com o objetivo de matar o verme e impedir a progressão da obstrução dos vasos linfáticos.
Prevenção
A melhor forma de se prevenir da filariose é evitar a exposição prolongada aos mosquitos da espécie Culex quinquefasciatus nos locais onde ainda ocorre a transmissão. No Brasil, estes locais estão restritos a bairros periféricos dos municípios de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista (todos da Região Metropolitana de Recife).
Algumas medidas que podem ser tomadas para se prevenir da elefantíase são:
- Uso de mosquiteiros ou cortinas com inseticidas
- Uso de inseticidas em domicílio
- Extermínio das larvas do mosquito com agentes químicos
- Uso de roupas que cubram a maior parte de pele possível, quando se encontrar em áreas de risco
- Uso de repelentes
- Evitar água parada
- Informar a comunidade sobre o risco da doença, quando for área endêmica ou de risco de aparecimento da doença
Complicações possíveis
A obstrução dos vasos linfáticos devido à filariose pode acarretar uma série de complicações, como o inchaço das pernas (uma ou mesmo as duas), dos testículos, das mamas e, em casos mais graves, baço e coração. Dependendo do nível de avanço da doença, a filariose pode causar a incapacitação total do paciente.
Referências
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde