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Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco e com especialização em Ginecologia pelo Depar...
iO que é Gravidez molar?
A gravidez molar, também chamada de mola hidatiforme, é um tumor benigno caracterizado pelo crescimento anormal de tecido da placenta, provocado por alterações genéticas. A maioria das pessoas com a condição apresenta náusea e vômitos intensos, sangramento vaginal e, em alguns casos, pressão arterial elevada.
A mola hidatiforme consiste em uma doença trofoblástica gestacional, um grupo de distúrbios que se desenvolve a partir do crescimento anormal de células trofoblásticas no interior do útero. Esse grupo pode incluir tumores não cancerosos (que podem se tornar cancerosos posteriormente) e tumores cancerosos localizados na placenta, chamados de neoplasia trofoblástica gestacional.
Gravidez molar é câncer?
A gravidez molar não é considerada um câncer. Contudo, aproximadamente de 2% a 3% dos casos podem evoluir para uma doença maligna, conhecida como coriocarcinoma — que pode se disseminar rapidamente através dos vasos linfáticos ou da corrente sanguínea. Nesses casos, é necessário quimioterapia para tratar o problema.
Causas
A gravidez molar ocorre quando, devido a alterações genética, um tecido anormal cresce dentro do útero em vez de um embrião.
A gravidez molar também pode se desenvolver a partir de células que permaneceram no útero após um aborto espontâneo, de uma gravidez completa ou de uma gravidez que ocorreu no local errado (gravidez ectópica). Em casos mais raros, ela se desenvolve na presença de um feto vivo que, posteriormente, não sobrevive.
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Tipos
A gravidez molar pode ser dividida em dois tipos, sendo eles:
- Mola hidatiforme completa: mais comum e com maior risco, em que o óvulo não possui núcleo ativo. Os cromossomos do espermatozoide se duplicam e não há evolução fetal
- Mola hidatiforme parcial ou incompleta: sendo mais rara, se define basicamente da concepção entre dois espermatozoides e um óvulo de núcleo ativo — formando células com 69 cromossomos, causando deformação
Sintomas
Na fase inicial, a pessoa com gravidez molar apresenta um quadro típico de gestação normal. Contudo, conforme a condição evolui, o abdômen fica maior muito mais rapidamente que em uma gravidez normal. A partir disso, a pessoa pode apresentar os seguintes sintomas:
- Náuseas e vômitos intensos
- Sangramento vaginal grave, que pode ser marrom escuro ou vermelho vivo
- Pressão arterial elevada
- Cistos vaginais
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Diagnóstico
O diagnóstico da gravidez molar é feito a partir de exames de sangue, usados para medir o nível de hCG, um hormônio normalmente produzido no início da gravidez. Em casos de gravidez molar, os níveis são muito altos, uma vez que o tumor produz uma grande quantidade desse hormônio.
Além do exame de sangue, também é necessário realizar uma ultrassonografia pélvica, que poderá mostrar as formações com aspecto de cacho de uva e a ausência de saco gestacional. O exame de imagem é importante para diferenciar a doença trofoblástica gestacional, uma gravidez interrompida (por aborto espontâneo) ou uma gravidez ectópica.
Caso a pessoa seja diagnosticada com a doença trofoblástica gestacional, são realizados exames para descobrir se o tumor se disseminou de seu local de origem para outras partes do corpo. Os principais incluem tomografia computadorizada do tórax, do abdômen e da região pélvica.
Tratamento
O tratamento de gravidez molar consiste na remoção do tecido molar através de curetagem, um pequeno procedimento recomendado para retirar qualquer tipo de tecido do útero. De preferência, a curetagem deve ser feita por sucção/aspiração e sob anestesia e infusão de ocitocina venosa — um hormônio que promove as contrações musculares uterinas e auxilia durante a remoção.
“Em casos mais complicados, recomenda-se a histerectomia, que significa a retirada do útero e, às vezes, dos ovários — impedindo assim que a mulher possa gerar filhos. A quimioterapia é a última opção de tratamento para erradicar as células doentes”, explica Carla Iaconelli, ginecologista e especialista em reprodução humana.
Quando engravidar novamente?
É recomendado que uma gestação seja evitada durante um ano após o tratamento de gravidez molar. São prescritos anticoncepcionais para assegurar que, durante esse período, a pessoa possa se curar totalmente. “Caso a mulher engravide, o médico solicita um ultrassom para ver se a gravidez está normal. Quando o bebê nasce, a placenta da mãe passa por análise laboratorial para investigar anormalidades genéticas”, aponta Carla.
Complicações possíveis
As principais complicações da gravidez molar incluem:
- Persistência de tecido molar na cavidade uterina
- Transformação em uma coriocarcinoma (câncer)
- Ocorrência de uma nova gravidez molar
- Reações à anestesia
- Hemorragia no útero
- Infecções
- Dificuldade de respirar devido a pedaços de tecido molar que entram na corrente sanguínea, indo parar no pulmão
Referências
Manual MSD