Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (FMRP), especialista em gi...
iFormado pela Universidade Luterana do Brasil, no Rio Grande do Sul, é especializado em conteúdos de saúde
O que é Hiperêmese gravídica?
A hiperêmese gravídica (êmese gravídica) é o excesso de náuseas e vômitos durante a gravidez, o que impede a gestante de comer adequadamente. Essa condição atrapalha a rotina, pois pode provocar desidratação, perda de peso e baixa ingestão de nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê.
De modo geral, a maioria das mulheres passa pelo quadro de êmese gravídica, ou seja, o ato de vomitar por conta de enjoo na gravidez. A frequência excessiva é chamada de hiperêmese. Estima-se que 1,5% das grávidas apresentem essa condição.
Causas
A hiperêmese parece ser causada pelo hormônio HCG, produzido pela placenta durante a gestação, que pode aumentar a náusea. Por conta disso, é comum mulheres com altos níveis desse hormônio serem mais suscetíveis à hiperêmese, assim como as grávidas de gêmeos.
É importante destacar que a hiperêmese gravídica pode ocorrer independentemente dos níveis de HCG durante a gestação. Embora seja possível que uma mulher com níveis normais do hormônio desenvolva a condição, também é possível que outra com altos níveis de HCG não apresente nenhum sintoma. Além disso, é importante observar que a hiperêmese gravídica pode afetar uma gravidez específica de uma mulher, mas não necessariamente ocorrer em outra gestação, mostrando que não há relação direta entre os casos.
Sinais
Os principais sintomas de hiperêmese gravídica são:
- Vômito excessivo após a ingestão de qualquer alimento;
- Baixo ganho de peso ou emagrecimento;
- Desidratação severa;
- Boca seca;
- Sensação de fraqueza e mal-estar;
- Piora do quadro mesmo com o uso de medicamentos permitidos contra enjoo.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico. O médico detecta a condição com base nos sintomas, como o relato da frequência de vômitos, a duração e os fatores que ajudam a aliviar ou a piorar o quadro.
Para entender o impacto desse excesso de vômitos no organismo da grávida, o obstetra poderá solicitar exames de sangue, como a mensuração de eletrólitos e função renal, cetona urinária, além de acompanhar de perto as variações de peso da gestante.
Outros distúrbios que causam vômitos devem ser excluídos, como a presença de uma infecção intestinal (gastroenterite), úlcera péptica, obstrução intestinal, enxaqueca, entre outras condições.
Exames
Outros exames também podem ser solicitados:
- Avaliação do uso de hormônio estimulante da tireoide;
- Nitrogênio ureico no sangue;
- Creatinina;
- Aspartato aminotransferase (AST);
- Alanina aminotransferase (ALT);
- Magnésio e fósforo;
- Ultrassonografia obstétrica para excluir a ocorrência de mola hidatiforme (um tumor benigno que se desenvolve no útero) e verificar se a gestação é gemelar.
Buscando ajuda médica
Se a grávida perceber que os vômitos não passam, o melhor a fazer é procurar um médico obstetra, de preferência aquele que está acompanhando a gestação desde o início nas avaliações de pré-natal. Ele fará uma análise clínica do quadro e um exame de sangue, para entender a gravidade do problema e se houve um desequilíbrio eletrolítico (perda excessiva de sódio, potássio, cloro e outros minerais), comum em casos de desidratação.
É possível que o médico também faça outros exames para descartar a possibilidade de outras doenças que têm o vômito como sintoma, como problemas na vesícula e até mesmo câncer. Tudo dependerá do histórico médico da gestante.
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Tratamento
Pelo fato de a gestante não conseguir se alimentar corretamente por causa do enjoo, além de vomitar tudo o que ingere, por vezes o médico pode recomendar a internação. Ali, a gestante poderá fazer jejum com acompanhamento médico, seguido de reposição de líquidos através de soro na veia. O soro poderá contar com eletrólitos e vitaminas, além de medicamentos para náusea. Dependendo da gravidade do caso, o médico poderá solicitar que toda a nutrição seja feita por meio intravenoso.
Medicamentos
O medicamento administrado por via endovenosa costuma ser o mesmo que combate náuseas em decorrência de quimioterapia. Medicamentos orais também podem ser indicados pelo médico.
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Cuidados
Normalmente o obstetra recomenda uma dieta fracionada, evitando grandes porções e longos períodos em jejum, aconselhando a mulher a deixar de lado alimentos muito gordurosos e condimentados.
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Complicações possíveis
O desequilíbrio hidroeletrolítico e a desidratação podem acarretar em baixo peso do bebê, além de risco aumentado de parto prematuro.
Referências
Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo
Dr. Jorge Rezende Filho, obstetra e professor de obstetrícia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Dra Bárbara Murayma, ginecologista especialista em endoscopia ginecológica titulada pela FEBRASGO