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O que é Hipermetropia?
A hipermetropia é popularmente conhecida como dificuldade de enxergar de perto. Afinal, é um problema de refração comum, em que a imagem nos olhos se forma depois da retina e não exatamente sobre ela, o que dificulta a capacidade do cérebro de processar a imagem corretamente.
Na hipermetropia não há dificuldade em enxergar objetos de longe, mas quando você se aproxima, fica muito difícil focalizá-los.
Hipermetropia e astigmatismo: são a mesma coisa?
O astigmatismo é uma alteração em que a imagem do olho se forma de modo irregular e pode ocorrer ao mesmo tempo que a hipermetropia. Nesses casos há uma piora dos sintomas e pode ser necessário uma avaliação melhor antes da cirurgia refrativa.
Hipermetropia e miopia: qual a diferença?
A miopia é uma condição comum em que a pessoa vê objetos próximos com clareza, mas objetos mais distantes são borrados. Já a hipermetropia é uma condição contrária, na qual a pessoa enxerga objetos distantes com clareza, mas tem dificuldades em enxergar de perto.
Causas
O globo ocular funciona da mesma forma que uma caixa escura: a luz entra pela pupila e forma a imagem na retina. O formato do olho e da córnea é perfeito para que a imagem se forme no local certo (a mácula), e então a informação é enviada ao cérebro pelo nervo óptico.
Quando você tem hipermetropia, o globo ocular é um pouco mais achatado ou a córnea mais plana. Assim, a imagem acaba se formando depois da retina, ou seja, a imagem que a retina capta não está correta. Portanto, a causa da hipermetropia é essa alteração do formato do globo ocular. Devido a isso, a pessoa que tem hipermetropia enxerga objetos próximos de forma desfocada.
Como a hipermetropia se deve a problemas da anatomia dos olhos, a oftalmologista Claudia Benetti explica que o risco de ter o problema é puramente genético. “É muito mais comum ter hipermetropes em uma família de hipermetropes do que de míopes”, explica a especialista.
Tipos
Existem dois tipos de hipermetropia:
- Hipermetropia axial: o globo ocular tem um espaço mais curto entre a pupila e a retina, e por isso a imagem se forma depois da retina
- Hipermetropia refrativa: Nesse caso, o globo ocular tem o formato normal, mas o fato de a córnea ser mais plana faz com que a imagem não se forme no local adequado.
Sinais
O principal sintoma da hipermetropia é justamente sua maior característica: a dificuldade de se enxergar de perto. O que muda é a forma como cada um manifesta a condição. Nossos olhos e cérebro, na tentativa de enxergar melhor, vão trabalhar para a imagem ficar mais focada possível - esse esforço é conhecido como "capacidade de acomodação".
Acontece quando o cristalino se reacomoda em nossos olhos na tentativa de focar melhor os objetos, compensando a hipermetropia, por exemplo. "Em pessoas jovens, com boa capacidade de acomodação e graus moderados de hipermetropia, ela pode inclusive passar despercebida justamente porque a própria acomodação corrige o erro refracional", explica o oftalmologista Wilson Obeid.
No entanto, como com o passar da idade essa capacidade de acomodação do cristalino vai se perdendo - consequentemente a hipermetropia vai se agravando.
Hipermetropia avançada
Pessoas com hipermetropia mais grave podem apresentar sintomas como:
- Embaçamento da visão tanto para longe quanto para perto
- Dor de cabeça
- Dor nos olhos
- Ardor
- Náuseas
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de um exame padrão feito no oftalmologista, chamado de exame de refração. Nele utiliza-se:
- Um aparelho chamado autorrefrator, que identifica automaticamente um grau de refração aproximado.
- A projeção de letras e números para testar a acuidade visual do paciente.
- Um aparelho chamado Greens, em que há um conjunto de lentes refrativas em que o oftalmologista testa qual o melhor grau de lente para melhora da visão do paciente.
Além disso, o oftalmologista Wilson Obeid ressalta que exames complementares podem ser feitos, como:
- Mapeamento de retina, para avaliação do fundo do olho
- Tonometria, para medir a pressão ocular
Nesses casos há uma piora dos sintomas e pode ser necessário uma avaliação melhor antes da cirurgia refrativa.
Buscando ajuda médica
Se você sente dificuldades para enxergar de perto ou de longe, deve buscar ajuda de um oftalmologista, principalmente se você tiver histórico familiar de hipermetropia ou mesmo miopia.
Tratamento
O tratamento da hipermetropia é feito com o uso de lentes refrativas (óculos e lentes de contato) ou com a cirurgia refrativa. Entenda cada um dos tratamentos:
Lente para hipermetropia
O uso de lentes corretivas é uma alternativa para tratar a hipermetropia por compensar a curvatura errada da córnea ou o comprimento mais curto do globo ocular.
Tipos de lentes corretivas incluem:
- Óculos
- Lentes de contato
Cirurgia para hipermetropia
A cirurgia para hipermetropia corrige a condição ao remodelar a curvatura da sua córnea. Mas nem sempre ela garante a independência das lentes refrativas. Métodos de cirurgia refrativa incluem:
Efeitos colaterais da cirurgia
Todas as cirurgias têm algum grau de risco. Discuta os riscos potenciais com o médico. Possíveis complicações desses procedimentos oculares incluem:
- Infecção
- Cicatrizes na córnea
- Visão turva
- Perda de visão
- Aberrações visuais, como ver círculos ao redor das luzes à noite
Tem cura?
A hipermetropia é uma condição anatômica e a cirurgia refrativa nem sempre vai livrar a pessoa de usar óculos ou lente de contato. Mas é possível conviver bem com a hipermetropia e até estabilizar o quadro com o tratamento adequado. A tendência é que o grau se estabilize com 22 a 23 anos, quando a anatomia do corpo deixa de mudar.
Contudo, com o passar da idade, a capacidade de acomodação do cristalino pode reduzir. Isso pode aumentar o grau de quem se beneficiava com a contração do cristalino para mudança da curvatura da córnea.
Prevenção
A hipermetropia é uma condição anatômica e mais relacionada à genética do que a hábitos de vida. No entanto, as visitas frequentes ao oftalmologista podem levar ao diagnóstico precoce, impedindo evolução do quadro ou o surgimento de uma ambliopia. Além disso, é importante estar atento às queixas da criança ao ter dificuldades em ver coisas de longe ou ter que trazer os objetos muito perto para ver melhor.
Convivendo (Prognóstico)
Normalmente o uso de óculos ou lentes de contato resolve bastante o problema, mas é preciso ter o acompanhamento periódico com o oftalmologista para verificar evoluções no grau de hipermetropia. Essa verificação é essencial antes dos 23 anos, quando a anatomia dos olhos ainda está sofrendo mudanças.
Complicações possíveis
A hipermetropia pode se relacionar ao surgimento de estrabismo (quando um dos olhos se desvia do sentido normal), normalmente para dentro - o desvio do olho para fora ocorre mais nos casos de miopia.
Se uma criança apresenta essa complicação e não for tratada cedo com o uso de tampão, isso pode levar à diminuição da visão do olho torto, evoluindo para um quadro chamado de ambliopia.
Referências
Claudia Benetti, oftalmologista, especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), pós-graduada em Medicina Chinesa e Acupuntura pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein
Wilson Obeid, oftalmologista do Hospital CEMA (SP)
Clínica Mayo, organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que reúne conteúdos sobre doenças, sintomas, exames médicos, medicamentos, entre outros
Sociedade Brasileira de Oftalmologia