Mastologista, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, Doutor em Medicina pela UNIFESP, Ex-Fellow do Instituto Euro...
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O que é Infecção mamária?
A mastite, também chamada de infecção mamária, é uma inflamação dos tecidos mamários, normalmente acompanhada de uma infecção bacteriana. É mais comum em mulheres no período pós-parto, chamada de mastite puerperal. Porém, também pode ocorrer em mulheres que não estão amamentando, chamada de mastite não puerperal.
Segundo Anastasio Berrettini Junior, especialista em amamentação e mastologista da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a mastite é dividida de duas formas, podendo ser aguda, que acomete mulheres em fase de amamentação, ou crônica, em que não há infecção, sendo causada principalmente por doenças como:
- Tuberculose
- Sarcoidose
- Tabagismo
- Granulomatosa.
Causas
A mastite ocorre com mais frequência durante a amamentação, uma vez que a boca do bebê pode conter bactérias que entram pelos ductos mamários ou através de uma rachadura no mamilo. As infecções mamárias por lactação ocorrem mais comumente nos três primeiros meses após o parto, mas podem ocorrer em outros momentos da amamentação.
Em mulheres no pós-menopausa, a mastite pode estar associada a uma inflamação crônica dos ductos abaixo do mamilo. As alterações hormonais no organismo podem fazer com que os dutos de leite fiquem obstruídos com células mortas da pele e detritos, favorecendo a infecção.
Outras causas de infecção incluem mastite crônica e uma forma rara de câncer chamado de carcinoma inflamatório.
Em mulheres saudáveis, a mastite é rara. No entanto, mulheres com diabetes, AIDS ou outras doenças que comprometem o sistema imunológico podem ser mais suscetíveis.
Sintomas
Os sinais de mastite podem começar subitamente e é comum que a paciente também apresente sintomas gripais antes de notar qualquer alteração nos seios.
Os sintomas de mastite mais comuns incluem:
- Ter um seio maior que o outro, devido ao inchaço
- Dor na mama (mastalgia)
- Dor ou ardor durante a amamentação
- Estresse
- Nódulo doloroso na mama
- Coceira
- Taquicardia
- Cansaço extremo
- Ansiedade
- Secreção mamilar que contém pus
- Vermelhidão da pele com padrão em forma de cunha
- Aumento dos gânglios linfáticos nas axilas
- Febre acima de 38,3 graus.
Carcinoma inflamatório da mama
Os sintomas de uma infecção da mama também podem estar associados com uma condição rara, mas grave, chamada carcinoma inflamatório da mama. Este tipo de câncer de mama começa quando as células anormais nos ductos mamários começam a se dividir e multiplicar muito rapidamente.
Essas células anormais podem entupir os vasos linfáticos (parte do sistema linfático, o que ajuda a remover os resíduos e as toxinas do corpo) na pele do peito, fazendo com que a pele fique vermelha e inchada, quente e dolorosa ao toque. Essas alterações da mama podem ocorrer ao longo de várias semanas.
Os sintomas do carcinoma inflamatório podem incluir:
- Alargamento visível da espessura de uma mama
- Calor incomum na mama afetada
- Mudança de cor da mama, que pode parecer machucada, roxa ou vermelha
- Dor
- Ondulações da pele, semelhante a uma casca de laranja
- Aumento dos gânglios linfáticos debaixo do braço ou perto da clavícula.
Ao contrário de outras formas de câncer de mama, o carcinoma inflamatório não desenvolve nódulos na mama. Como tal, esta condição é muitas vezes confundida com uma infecção mamária. Por isso, é importante buscar ajuda médica no surgimento de algum desses sintomas.
Diagnóstico
Para mulheres que estão amamentando, o especialista pode diagnosticar a mastite com base em um exame físico e uma avaliação dos sintomas. Pode ser necessário descartar algumas possibilidades, como a infecção ser decorrente de um abscesso que precisa ser drenado, o que pode ser feito durante o exame físico.
Se a mastite é recorrente, amostras de leite materno podem ser enviadas para um laboratório para serem investigadas e buscar a presença de bactérias.
Caso a paciente tenha sintomas de mastite e não esteja amamentando, outros testes podem ser necessários para determinar a causa. Os testes podem incluir uma mamografia ou mesmo uma biópsia do tecido mamário para descartar o câncer de mama.
Fatores de risco
Existem diversos fatores que podem aumentar os riscos de mastite. Segundo Larissa Cassiano, obstetra e urologista da Theia, clínica de saúde centrada na mulher gestante, os fatores de risco incluem:
- Amamentação durante as primeiras semanas após o parto
- Mamilos doloridos ou rachados, embora mastite pode se desenvolver sem haver fissuras na pele
- Mamilos umbilicados, planos, pequenos, invertidos e semi-invertidos
- Vícios de sucção do mamilo (“pega errada”)
- Uso de hidratantes locais durante o pré-natal
- Amamentar em apenas uma posição, o que não pode esgotar totalmente o leite do peito
- Excesso de higiene mamilar
- Uso de sutiãs que restringem o fluxo de leite
- Tabagismo
- Fadiga excessiva
- Casos anteriores de mastite durante a amamentação.
Tratamento
O tratamento de mastite geralmente envolve a administração de antibióticos durante 10 a 14 dias. Segundo Berrettini Junior, 90% dos casos se resolvem apenas com o uso desses medicamentos.
É comum que a paciente se sinta bem novamente de 24 a 48 horas após o início de antibióticos, mas é importante tomar todo o curso da medicação para minimizar a chance de recorrência.
Além disso, enquanto o antibiótico não faz efeito, o especialista pode receitar analgésicos leves para driblar a dor, como paracetamol ou ibuprofeno.
Realizar ajustes na técnica de amamentação também pode ser necessário durante o tratamento. É necessário que a puérpera certifique-se de esvaziar completamente os seios durante a amamentação e que o bebê agarra corretamente. Nesses casos, o auxílio de um especialista é essencial para ajudar a mãe a garantir a “pega” adequada.
Tem cura?
Sim, a mastite tem cura e o tratamento convencional normalmente é suficiente para sanar a condição. O uso de antibióticos normalmente é capaz de curar a mastite. Porém, é importante que seja tratada logo surjam os primeiros sinais.
Prevenção
É possível minimizar as chances de ter uma mastite seguindo essas dicas:
- Drenar totalmente o leite dos seios durante a amamentação
- Permitir que o bebê esvazie completamente uma mama antes de passar para a outra mama durante a alimentação
- Se o bebê mamar apenas alguns minutos no segundo peito ou não mamar nos dois, inicie a próxima amamentação na mama que está cheia
- Alterne a mama você oferece primeiro em cada mamada
- Mude a posição que você usa para amamentar de uma refeição para outra.
Convivendo (Prognóstico)
Se a mulher está amamentando, é importante não interromper a amamentação com a mama afetada, mesmo que ocorra dor. O esvaziamento frequente da mama impede a obstrução dos ductos mamários, que só fariam a mastite piorar. Se necessário, usar uma bomba de peito ajuda a aliviar a pressão e esvaziar completamente a mama.
A infecção não irá prejudicar o bebê, porque os germes que causam a infecção provavelmente vieram da boca do bebê em primeiro lugar. No entanto, a amamentação deve ser evitada quando um abscesso está presente.
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A compressa quente aplicada antes e após as mamadas pode ajuda no alívio da dor. Um banho quente também pode funcionar.
Se o calor é ineficaz, compressas de gelo aplicadas após as mamadas podem proporcionar conforto e alívio. No entanto, evite o uso de compressas de gelo pouco antes da amamentação, pois podem retardar o fluxo de leite.
Por fim, é importante manter a hidratação, ingerindo pelo menos 10 copos de água por dia, além de fazer refeições equilibradas e adequadas à nutrição do bebê.
Complicações possíveis
Uma infecção mamária grave pode causar um abscesso, que provavelmente será drenado cirurgicamente. Os abscessos podem deixar cicatrizes ou deformar o tecido da mama. Você também pode ter que parar de amamentar temporariamente para o abscesso se curar.
Câncer de mama inflamatório pode imitar os sintomas de uma infecção da mama. Se você parece ter este tipo de infecção e não está amamentando, fale com o seu médico sobre a triagem para este tipo de câncer.
Referências
National Cancer Institute: coordena o Programa Nacional de Câncer dos Estados Unidos e faz parte do National Institutes of Health (NIH), que é uma das onze agências que fazem parte do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.
Manual Merck: referências médicas publicadas pela empresa farmacêutica americana Merck & Co. (conhecida como MSD fora dos Estados Unidos e Canadá), que abrangem uma ampla gama de tópicos médicos, incluindo distúrbios, testes, diagnósticos e medicamentos.
Mayo Clinic: centro médico acadêmico com mais de 5.000 médicos e cientistas.
Dr. Anastasio Berrettini Junior, especialista em amamentação e mastologista da SBM. CRM: 94273-SP. Dra. Larissa Cassiano, obstetra e urologista da Theia, clínica de saúde centrada na mulher gestante. CRM/SP 156886