Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP e com doutorado em Infectologia na Universidade Federal de São Paulo (U...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Malária?
A malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles que esteja infectada por um protozoário do gênero Plasmodium. Conhecida também como impaludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente e febre terçã, a malária se manifesta por febres e calafrios, entre outros sintomas.
É uma doença mais comum na região amazônica do Brasil e qualquer pessoa está sujeita a pegar malária. Se não for tratada de forma oportuna e com acompanhamento médico, há o perigo de a infecção evoluir para quadros mais graves e risco de letalidade. A malária tem cura, mas não tem vacina, por enquanto, no Brasil.
Causas
Como se pega malária?
A picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por protozoários do gênero Plasmodium, é a forma de transmissão da malária. Não é uma doença contagiosa, ou seja, uma pessoa com malária não pode transmitir a infecção para outra.
Ciclo de transmissão da malária
O ciclo começa quando o mosquito pica uma pessoa com malária e retira o sangue com os protozoários Plasmodium. Quando o mosquito vetor pica uma outra pessoa, ele a infecta com esses parasitas. Assim, o ciclo de transmissão da malária se mantém.
O mosquito Anopheles ou mosquito-prego tem preferência por locais com água limpa e de baixo fluxo como criadouros. A malária, no entanto, não é transmitida pela água. Em casos mais raros, a transmissão também pode ocorrer por transfusão sanguínea, uso de seringas contaminadas, acidentes de laboratório e transmissão da mãe para o bebê durante a gravidez.
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Tipos
Existem cinco espécies de Plasmodium que causam a malária:
- Plasmodium vivax
- Plasmodium falciparum
- Plasmodium ovale
- Plasmodium malariae
- Plasmodium knowlesi (raramente)
No Brasil, três espécies estão associadas à malária em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae, sendo a primeira a principal causa da doença no país.
O Plasmodium vivax se aloja no fígado da pessoa doente e, periodicamente, libera parasitas maduros para a corrente sanguínea, provocando crises recorrentes. Uma das preocupações clínicas de quem tem malária por esse parasita é que a forma inativa deles é destruída por poucos remédios que atuam contra a malária.
Já o Plasmodium falciparum e o Plasmodium malariae também têm importância epidemiológica no Brasil, mas agem de forma diferente no corpo humano. O primeiro pode ter quadro mais agressivo, causando anemia grave por se multiplicar rapidamente na corrente sanguínea. O segundo pode fazer com que a pessoa acometida pela malária tenha surgimento da doença novamente depois de meses ou anos dos primeiros sintomas.
Sintomas
Os sintomas da malária mais comuns são:
- Febre alta (no início contínua, depois com frequência de três em três dias)
- Calafrios
- Dores de cabeça e musculares
- Taquicardia
- Aumento do baço
- Delírios
No caso de infecção por P. falciparum, também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença. Além dos sintomas acimas, há casos em que pacientes apresentam:
- Ligeira rigidez na nuca
- Perturbações sensoriais
- Desorientação
- Sonolência ou excitação
- Convulsões
- Vômitos
- Dores de cabeça
Nos casos em que se torna grave, a malária pode causar:
- Prostração
- Alteração da consciência
- Dispneia ou hiperventilação
- Convulsões
- Hipotensão arterial ou choque (que é a impossibilidade de manter a circulação sanguínea mesmo para os órgãos com papel vital)
- Hemorragias
- Coma
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Tratamento
O tratamento para malária está associado a medicamentos e a cuidados ambulatoriais que devem ser destinados ao paciente o quanto antes para que se atinja o parasita de acordo com o ponto do ciclo evolutivo em que ele está.
Cada paciente pode ter um tipo de tratamento, a depender do diagnóstico, da espécie do parasita e das condições particulares de saúde (gestantes, crianças e pessoas infectadas pela primeira vez estão sujeitas a maior gravidade da doença).
Para evitar complicações do quadro da doença, os remédios antimaláricos devem ser administrados até 24h após o início da febre do paciente com malária.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de malária são:
- Quinino
- Mefloquina
- Doxiciclina
- Cloroquina
- Atovaquona-proguanil
- Artemisinina
Somente médicos podem dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações médicas e nunca se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consulta médica e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A malária é uma doença tratável que pode ser prevenida e curada. No entanto, quando não tratada em seus estágios iniciais, pode avançar rapidamente para estágios mais graves, podendo levar o paciente ao coma.
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Prevenção
Há diferentes formas de se prevenir a malária, sendo individuais e coletivas:
- Uso de mosquiteiros impregnados ou não com inseticidas
- Uso de roupas que protejam pernas e braços
- Instalação de telas em portas e janelas
- Uso de repelentes
- De maneira coletiva, obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor
- Aterro e limpeza das margens dos criadouros
- Modificação do fluxo da água
- Controle da vegetação aquática
- Melhoramento das condições de moradia e das condições de trabalho em áreas em que há incidência do mosquito
- Uso racional da terra
Malária na região amazônica: prevenção em viagens
Segundo o médico Celso Granato, assessor em infectologia do Fleury Medicina e Saúde, é relativamente comum que as pessoas se perguntem como se prevenir do risco de pegar malária em situações como viagens à região amazônica do Brasil. Por vezes, essas pessoas vão pescar ou passear pelos rios da Amazônia e podem precisar de uma orientação mais específica. Antes mesmo de chegar ao local, a recomendação é procurar um serviço de apoio na rede de saúde pública para entender qual é o panorama epidemiológico mais atual.
"Uma forma simples de orientar essas pessoas é procurar o Serviço de Auxílio ao Viajante do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, ou outro de referência em sua localidade, por exemplo. Esse serviço funciona muito bem e é gratuito. Além de darem informações e orientações sobre os cuidados gerais, eles têm uma série de informações bem atualizadas sobre o tipo de Plasmódio que temos em cada região brasileira e, no caso do Plasmodium falciparum, orientações baseadas na resistência desse protozoário aos medicamentos, o que varia muito de região para região", explica o especialista.
A mesma orientação serve para os viajantes que têm como destino países da África ou da Ásia, onde também há ocorrência de casos de malária.
Referências
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS)
Ralcyon Teixeira, médico infectologista - CRM 120762 SP