Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), tem residência médica em dermatologia no Hospit...
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O que é Micose?
A micose é uma infecção que pode atingir a pele, o couro cabeludo, as unhas e áreas úmidas do corpo e é causada por fungos. Há diversos fungos presentes naturalmente no organismo, mas a proliferação deles, provocando a micose, está ligada ao consumo excessivo de açúcar, alergias ou ao sistema imunológico enfraquecido. Entre os possíveis sinais do problema, estão a descamação e irritação na região afetada.
Causas
Os fungos se alimentam da queratina presente na pele, nas unhas e nos cabelos. Ao encontrar condições favoráveis, como calor, umidade, baixa de imunidade ou uso de antibióticos sistêmicos por longo prazo, eles podem se proliferar, o que exige tratamento.
Tipos
Há diferentes tipos de micose. Conheça alguns deles:
- Micose na virilha: é causada pelo uso prolongado de roupas úmidas e/ou apertadas, excesso de suor e calor na região. Provoca manchas, coceira e descamação;
- Micose de unha: também chamada de onicomicose, o problema pode afetar as unhas dos pés ou das mãos. Com a doença, a unha fica mais grossa e descolada da pele, além de apresentar mudanças na forma e coloração;
- Pano branco: popularmente conhecida como "pano branco" ou "micose de praia", a pitiríase versicolor causa pequenas manchas esbranquiçadas que descamam. Elas podem estar agrupadas ou isoladas e, normalmente, surgem na parte superior dos braços, tronco, pescoço e rosto. O tratamento pode ser feito com pomadas para micose;
- Impinge: é uma micose de pele que pode se desenvolver em qualquer região do corpo, sendo identificada por causar feridas avermelhadas e com leve descamação na borda da lesão.
Micose no pé (frieira): também conhecida como pé de atleta, a frieira é provocada por fungos que atingem a sola dos pés e os espaços entre os dedos. É considerada a micose mais frequente no mundo.
Sintomas
Os principais sintomas de micose de pele são, de forma geral:
- Manchas brancas ou vermelhas
- Prurido (coceira)
- Borda da lesão evidente
- Descamação
- Dor
- Fissura
Frequentemente, esses sinais se manifestam em áreas de dobras (como axilas, virilhas, entre os dedos das mãos e pés), e nos genitais.
Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico da micose é feito de forma clínica. Com o histórico médico e análise da pele, assim como a descrição dos sintomas, é possível identificar se o quadro é de micose ou outra doença dermatológica.
Conforme o tipo de micose, pedaços da unha ou pele são raspados para uma análise em microscópio.
Fatores de risco
Algumas situações podem favorecer o surgimento das micoses, como:
- Ser portador de doença autoimune;
- Estar na menopausa;
- Suar excessivamente;
- Trabalhar em um ambiente quente;
- Andar descalço em lugares úmidos, como ginásios, vestiários e chuveiros;
- Ter má circulação sanguínea;
- Apresentar lesões ou infecções nas unhas;
- Tomar antibióticos por tempo prolongado;
Em pacientes imunossuprimidos, por exemplo, o sistema imunológico é incapaz de combater infecções por fungos de forma adequada. Além disso, o uso prolongado de antibióticos destrói as bactérias boas, permitindo que os fungos colonizem a pele e a mucosa.
O dermatologista é o profissional de saúde indicado para detectar a micose no organismo.
Saiba mais: Dermatite de contato: o que envolve a doença que descama a pele?
Tratamento
O tratamento das micoses varia de acordo com o tipo. Geralmente, o tratamento é feito de acordo com o tipo de infecção, como:
- Pitiríase versicolor: usam-se medicamentos antifúngicos tópicos e orais;
- Tineas: utilizam-se antifúngicos locais ou orais;
- Candidíase: consideram-se antifúngicos tópicos e sistêmicos;
- Onicomicose: usam-se medicamentos locais ou orais.
Para infecções mais graves, incluindo aquelas que afetam as unhas, os médicos podem exigir tratamento com medicamentos orais ou injeções.
Saiba mais: Tratamento da micose das unhas
Remédio caseiro para micose funciona?
O uso de babosa, limão, bicarbonato de sódio e iogurte não tem comprovação científica para o tratamento da micose.
Tem cura?
Sim, a micose pode ter cura. No entanto, é preciso ter paciência e caprichar nos cuidados, pois, na maioria dos casos, o tratamento pode ser longo.
Prevenção
Alguns cuidados devem ser redobrados durante e após o tratamento de micose. Portanto, previna-se tomando as seguintes medidas:
1. Enxugue-se bem
O fungo precisa de três coisas para se proliferar: calor, pele e umidade. Portanto, o mais recomendado é enxugar-se bem após o banho. Dê atenção especial aos dedos dos pés e às dobrinhas do corpo, como a virilha, onde é melhor secar com papel higiênico do que com toalha.
2. Evite roupas apertadas e sintéticas
O tecido sintético esquenta e não absorve o suor do corpo, criando um ambiente quente e úmido, favorável à proliferação de fungos. Já as roupas apertadas podem machucar as dobras do corpo, ao mesmo tempo, o desgaste da pele serve de alimento aos fungos, contribuindo com sua multiplicação. Sendo assim, prefira roupas leves e confortáveis.
3. Controle o suor
O suor excessivo favorece a reprodução de alguns tipos de fungos e deve ser controlado. Para isso:
- Use roupas de algodão, que absorvem o suor;
- Aposte em antitranspirantes;
- Evite banhos muito quentes que podem ressecar a pele;
- Procure um dermatologista para entender a causa do problema.
4. Evite andar descalço em locais úmidos
A umidade dos pés favorece o desenvolvimento de algumas micoses e fungos.Por isso, evite andar descalço em lugares públicos.
Lembre-se, entretanto, de permitir que seus pés respirem, e use chinelos ou sandálias que não sejam de plástico, pois este material favorece a transpiração.
5. Não compartilhe peças de vestuário
Como alguns tipos de fungos são transmitidos entre as pessoas, recomenda-se evitar o compartilhamento de qualquer peça de roupa. Adquira seu próprio chinelo, roupão, casaco, meia e chapéu.
6. Evite ficar com roupas molhadas
Ao sair do mar, piscina ou mesmo após tomar chuva, procure se secar ou trocar de roupa - principalmente as de banho que demoram para secar e criam um ambiente aquecido e úmido na pele, perfeito para a proliferação de fungos.
Não compartilhe seu kit de unhas
Assim como as roupas, os alicates, palitos e cortadores de unhas transmitem fungos causadores da micose de unha. Portanto, cada pessoa deve ter seu kit individual de cuidados para as unhas.
Os objetos cortantes podem conter sangue, mantendo os fungos ativos por mais tempo. Dessa forma, a transmissão pode acontecer até mesmo depois que o portador da doença usar o material.
Referências
Adriana de Cerqueira Leite, médica dermatologista e membro da American Academy of Dermatology. CRM 81.863/SP
Carla Bortoloto, médica especializada em dermatologia clínica e cirúrgica, tricologista, professora da Pós-Graduação em Dermatologia das Faculdades BWS, Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínico Cirúrgica (SBDCC) e da American Academy of Dermatology (AAD). CRM 122.883/SP
Tatiana Gabbi, médica especializada em dermatologia, membro do Hospital das Clínicas da FMUSP, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, coordenadora do Departamento de Unhas e Cabelos da Sociedade Brasileira de DermatologiaMayo ClinicManual MSDSociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). CRM 104415/SP
Ministério da SaúdeBRILHANTE, Raimunda Sâmia Nogueira; et. al. Epidemiologia e ecologia das dermatofitoses na cidade de Fortaleza: o Trichophyton tonsurans como importante patógeno emergente da Tinea capitis. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 33, n. 5, p. 417-425, set-out, 2000.