Graduado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e com residência médica em oftalmolog...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Nictalopia?
A cegueira noturna ou nictalopia, nome técnico para a condição de baixa visão durante a noite, é um tipo de problema nos olhos que compromete o sentido em ambientes pouco iluminados. Dirigir um carro, enxergar as pessoas que estão mais longe podem ser algumas das tarefas comprometidas. O termo “cegueira”, aliás, não é preciso, já que o paciente não tem a perda total da visão, podendo, inclusive, enxergar normalmente em lugares iluminados e durante o dia.
A dificuldade para enxergar em ambientes escuros é uma preocupação, principalmente para idosos, mas pode ser tratada em alguns casos e até revertida. Para cuidar desse aspecto, a pessoa deve procurar um oftalmologista que realize exames específicos para investigar a causa da nictalopia.
Causas
Causas de nictalopia
São várias as possíveis causas de nictalopia, entre elas:
- Catarata
- Alta miopia
- Diabetes
- Hipovitaminose A (falta de vitamina A)
- Retinose pigmentar ou retinite pigmentosa, que é quando um pigmento escuro cria a “visão de túnel”
- Síndrome de Usher, que é uma condição genética que afeta tanto a audição quanto a visão
Vitamina A e “cegueira noturna”
O oftalmologista especialista em retina e vítreo Carlos Eduardo Pereira explica que a relação da falta de vitamina A no organismo com a nictalopia não é um mito; a deficiência desse componente pode, sim, comprometer a fisiologia normal da visão. A vitamina A contém uma proteína chamada rodopsina que colabora com a visão em lugares de baixa luz.
Por isso, a reposição de vitamina A pode ser feita de duas formas: por alimentos ricos dessa vitamina e por suplementação com cápsulas.
Na consulta médica
Ao apresentar os sintomas de nictalopia, o paciente deverá consultar um médico, que poderá suspeitar do quadro e fazer alguns testes para confirmar o diagnóstico.
O exame mais usado na oftalmologia, o da lâmpada de fenda (imagem acima), é um dos utilizados para que o médico mapeie a nictalopia. Nele, é possível observar o fundo do olho do paciente e, caso haja o quadro, podem aparecer alguns pontos amarelados ou as chamadas manchas de Bitot – pequenas alterações brancas-acinzentadas presentes na superfície conjuntiva (membrana que recobre a parte branca do olho), geralmente relacionadas à carência de vitamina A.
Com a eletrorretinografia, o oftalmologista avalia a resposta retiniana aos estímulos luminosos, o que facilita a identificação caso a “cegueira noturna” seja motivada por causas genéticas.
Tratamento
Há diferentes formas de tratamento para nictalopia, a depender da causa da condição. Em idosos, é comum a ocorrência da catarata – assim, uma cirurgia de remoção da catarata, um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo, é o mais recomendado.
Outros fatores, como a alta miopia, podem ter indicação de uso de óculos, de colírios e da suplementação de vitamina A. Nesse último caso, os resultados dependem do grau em que a visão já foi afetada quando o paciente procura o médico para o tratamento.
No caso de o paciente ter perda de visão por conta da retinopatia diabética, a atenção se volta ao controle das taxas glicêmicas no organismo. Já se a nictalopia é por causas genéticas – por distrofia hereditária da retina – existe um medicamento de alto custo que pode ser usado como tratamento: o Luxturna. Segundo a Anvisa, o preço dele na indústria farmacêutica pode ser de mais de R$1,9 milhão e não há disponibilidade do remédio pelo SUS.
Tem cura?
Nictalopia tem cura?
A depender da causa da nictalopia, o paciente pode reverter o quadro e voltar a enxergar normalmente à noite, como é o caso da catarata. O oftalmologista Carlos Eduardo Pereira destaca que, se a “cegueira noturna” ocorre por conta de um quadro de diabetes, o tratamento para a doença também pode impactar na reversão ou no estacionar da perda de visão à noite.
Em situações de causa genética, como a retinose pigmentar, não há cura. Ainda assim, podem ser indicados suplementos e medicamentos que ajudam no quadro de nictalopia.
Prevenção
Quando a nictalopia é causada por condições genéticas, como a síndrome de Usher, não é possível preveni-la. Ainda assim, as recomendações estão associadas a hábitos saudáveis, como manter os níveis de açúcar no sangue controlados e ter no cardápio alimentos ricos em vitamina A, como melões, batata doce, e os que têm cor laranja, como cenoura, abóbora e manga.
Referências
Universidade de Iowa