Formada em medicina pela Faculdade de Medicina Estadual de Marília (FAMEMA) e com residência médica em Otorrinolaringolo...
iRedatora especialista na cobertura de saúde, bem-estar e comportamento.
Neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculd...
iO que é Paralisia facial?
A paralisia facial é uma condição na qual o nervo facial, que controla o movimento da face, é lesado, comprometendo seu correto funcionamento e causando paralisia de metade da face (há um nervo facial de cada lado), explica a otorrinolaringologista Nathalia Tenório. Os principais sintomas são perda de força na face e dormência e formigamento no rosto.
“Quando não há perda total de movimentos, o nome mais correto a ser usado é a paresia, ou diminuição da força muscular”, completa Marcelo Valadares, neurocirurgião.
Causas
Segundo a otorrinolaringologista Nathalia Tenório, acredita-se que o que normalmente causa a paralisia facial é uma infecção viral que, embora possa acontecer por diversos vírus, mais frequentemente tem relação com o da herpes. Além disso, outras causas podem estar relacionadas, são elas:
- Otites
- Traumas
- Doenças autoimunes
- Tumores
- Alterações metabólicas
- Mudança brusca de temperatura
- Estresse
- Infarto
- Hipertensão
- Diabetes
- Doença de Lyme, uma doença bacteriana transmitida por carrapatos
Além disso, a paralisia facial pode ser idiopática, ou seja, sem causa definida. Nesses casos, ela pode receber o nome paralisia facial de Bell, explica a otorrinolaringologista.
Uma vez que o nervo facial incha, ele é comprimido ao máximo enquanto atravessa a porção labiríntica do canal facial, resultando em isquemia e paresia, falta de oxigenação e diminuição do movimento da região.
Durante o nascimento, alguns bebês podem apresentar paralisia facial temporária, mas em 90% dos casos esse problema se resolve sem tratamento. Nos recém-nascidos a paralisia facial pode ser devido a algumas síndromes congênitas, como a síndrome de Moebius e a de Melkersson-Rosenthal.
Apesar de todas essas causas, é importantíssimo consultar um médico para descartar a possibilidade de acidente vascular cerebral (AVC).
Sintomas
A maioria das pessoas não apresenta sintomas antes da paralisia facial. Porém, quando ela acontece, pode gerar sinais como:
- Perda da força na face;
- Dormência e formigamento no rosto;
- Dores, zumbidos nos ouvidos (um ou dois) e sensibilidade aos sons;
- Dificuldade para falar e comer;
- Dificuldade de demonstrar emoções;
- Salivação excessiva;
- Espasmos musculares;
- Lacrimejamento;
- Secura na boca e olhos;
- Dificuldade para fechar os olhos (o que demanda mais cuidados, às vezes com tapa-olhos e/ou colírios, para prevenir danos a longo prazo).
Como começa a paralisia facial?
Segundo Nathalia Tenório, a paralisia facial se inicia com diminuição do movimento da face do lado do nervo acometido, com "boca torta", dificuldade para fechar o olho e piscar, diminuição do movimento da testa de um lado, alteração no paladar, salivação excessiva, levando o paciente a babar, e zumbido no ouvido.
Diagnóstico
O diagnóstico de paralisia facial é realizado com avaliação clínica, não existindo um teste específico. No entanto, pode ser necessária a realização de exames para descartar o risco de algo mais grave, como um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além disso, é possível fazer alguns testes para que o especialista compreenda a gravidade das lesões.
Fatores de risco
Ter doenças crônicas, autoimunes, ou infecções virais no rosto podem contribuir com o surgimento da paralisia facial. Além disso, no caso da Paralisia de Bell, mulheres grávidas (especialmente durante o terceiro trimestre) e mulheres que acabaram de dar à luz são mais suscetíveis. O mesmo também acontece quando a pessoa já teve paralisias anteriores ou algum parente próximo apresentou o sintoma.
Aulas durante os meses mais frios também podem caracterizar um fator de risco, alerta Nathalia. “Os principais riscos associados à volta às aulas no inverno são que, devido ao frio, acontecem mais aglomerações em ambientes fechados e que causam contaminação de vírus respiratórios com maior facilidade e frequência”.
Buscando ajuda médica
É preciso buscar ajuda médica imediatamente assim que um dos sintomas da paralisia facial surgir. Com o atendimento adequado, o caso é avaliado e são realizados os procedimentos necessários.
Tanto em casos repentinos quanto nos graduais de paralisia facial, o médico deve ser comunicado o quanto antes. Em ambos os casos, quanto mais cedo for tratado o sintoma, maiores as chances de uma recuperação completa ou com menos sequelas.
Tratamento
Há evidências científicas de como tratar a paralisia facial, e os estudos mostram que são o uso de corticoide em dose decrescente e de antivirais os mais indicados. Além disso, é importante manter os cuidados com os olhos, aconselha Tenório, para manter a saúde das córneas. A realização de fisioterapia motora com exercícios também pode ajudar na recuperação da movimentação.
Tem cura?
As expectativas com relação a paralisia facial dependem do motivo que originou esse sintoma. Contudo, em linhas gerais, quanto antes for diagnosticado e tratado o problema, menores são as chances que o paciente tenha sequelas mais graves.
Em alguns casos, o quadro costuma regredir mesmo sem o tratamento. No entanto, é importante destacar que o acompanhamento é indicado em todos os casos.
Prevenção
Por ocorrer de forma súbita e o vírus herpes ser a principal causa, não há prevenção. Mas quando se considera outras causas, como otites e alterações metabólicas, o tratamento precoce dessas doenças seria a maior forma de evitar um quadro de paralisia da face, segundo Nathalia Tenório.
Complicações possíveis
Normalmente, pessoas com paralisia facial respondem bem ao tratamento. Porém, é possível observar quadros em que há complicações, que variam desde uma paralisia residual até dor crônica. Outro risco está em possíveis complicações da visão, devido ao ressecamento das córneas.
Referências
Ministério da Saúde
Clínica Mayo