Médica pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL. Otorrinolaringologista pelo Hospital do Ser...
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O que é Parosmia?
A parosmia é um distúrbio provocado pela contaminação do coronavírus que leva o paciente a ter uma distorção do olfato. Isso significa que, ao sentir o cheiro de um alimento, o indivíduo percebe o odor ou gosto de maneira distinta do que fazia antes da infecção.
Essa sequela costuma ser apresentada, principalmente, em pessoas que tiveram casos leves de COVID-19, com sintomas iniciais como a perda do olfato e do paladar.
“A grande maioria desses pacientes não precisou fazer nenhum tipo de tratamento, não teve nenhuma internação, por ser considerado um caso leve”, fala Thays Avelino, médica otorrinolaringologista e otoneurologista.
Causas
Estudos em andamento buscam compreender as causas da parosmia. De acordo com Thays, as principais suspeitas se dividem em duas hipóteses.
A primeira é que o paciente tinha, a princípio, anosmia (perda completa do olfato) que se desenvolveu para uma hiposmia (perda parcial do olfato). “Por não ter uma um nervo íntegro, a pessoa não consegue mandar uma mensagem corretamente para o cérebro, que percebe as coisas de uma forma distorcida”, conta.
A segunda é que o vírus pode conseguir entrar no cérebro através do nervo olfatório, causando uma mudança no sistema nervoso central, alterando o centro responsável pelo cheiro e pelo paladar.
A princípio, a variante da COVID-19 responsável pela infecção também pode ter tido um papel no desenvolvimento da parosmia.
“A variante da primeira onda era muito relacionada à perda total do olfato, já a segunda estava muito relacionada à parosmia. E, conforme o vírus foi mudando, não foi tendo essa relação de uma forma tão forte - foi ficando cada vez mais fraca”.
Sintomas
Segundo Thays, a parosmia é identificada pela troca na percepção do cheiro, principalmente associada a um gosto ruim.
“Ou seja, é aquela pessoa que toma café e sente gosto de gasolina, ou algum gosto e cheiro de podre nos alimentos. É você estar cheirando ou comendo algo e perceber um cheiro e um gosto completamente diferente do que é originalmente”, explica.
Alimentos condimentados, na maioria das vezes, são os que mais provocam essa distorção em pacientes com o distúrbio. No geral, os relatos costumam apontar os seguintes alimentos:
- Café;
- Refrigerantes;
- Alho;
- Cebola;
- Salsicha;
- Linguiça;
- Carne de boi.
Tratamento
Não há um tratamento padrão para casos de parosmia. “A gente tem, hoje em dia, o treinamento olfativo, que é como uma fisioterapia para ensinar o cérebro a perceber os cheiros das coisas como são”, diz Thays.
Saiba mais: Fisioterapia de cheiros ajuda a recuperar perda do olfato
Além disso, a médica ressalta o uso de algumas medicações específicas para cada quadro médico. Pacientes com sintomas mais leves, que só sentem a alteração em determinados itens, recebem uma lavagem nasal de alto volume feita com corticoides.
“Também podemos associar medicações por boca para estimular a regeneração do nervo, bem como fazer uso de alguns convulsivantes para modular a resposta no cérebro”.
Complicações possíveis
A parosmia, por si só, é considerada uma sequela grave. Além da alteração física, esse distúrbio impacta a qualidade de vida, assim como a saúde mental. Estudos também associam o problema com quadros de depressão.
“Ela acaba levando para um isolamento social, visto que comer é um ato social. A gente senta numa mesa para tomar um café, para almoçar, e as pessoas começam a não poder participar desses eventos, já que comer e sentir aquele cheiro leva a náuseas”, explica Thays.
Além disso, a médica relata que muitos pacientes perdem peso ao deixarem de se alimentar, gerando um déficit nutricional.