Reumatologista graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Atuando principalmente nos seguin...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Polimialgia reumática?
A polimialgia reumática (PMR) é uma doença inflamatória que costuma afetar mulheres acima de 50 anos e idosos. A condição é caracterizada por dor e rigidez muscular, principalmente nos ombros, pescoço, quadris e região lombar.
A prevalência do problema na população mundial é de 0,5 a 0,7% e varia de acordo com a área geográfica analisada. Ainda não se sabe a razão para o surgimento da doença.
Segundo dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SISAB), em 2021 mais de 1,4 mil pessoas com polimialgia reumática precisaram de atendimento.
Diferenças entre polimialgia reumática e fibromialgia
Embora apresentem sintomas semelhantes, a polimialgia reumática e a fibromialgia são diferentes. A PMR é uma condição inflamatória que afeta principalmente as articulações e músculos grandes, por outro lado, a fibromialgia é uma condição crônica caracterizada por dor generalizada e sensibilidade em todo o corpo.
Por isso, é muito importante ter a avaliação médica e um diagnóstico preciso para dar início ao tratamento adequado.
Causas
Ainda não se sabe ao certo especificamente a causa da polimialgia reumática, apenas que ela não é uma doença infecciosa ou contagiosa. Mas acredita-se que a doença está relacionada ao envelhecimento.
Além disso, em 15% dos casos, a polimialgia reumática está associada a uma outra doença, chamada arterite de células grandes ou arterite temporal, e metade das pessoas com arterite temporal sofrem de polimialgia reumática.
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Sintomas
Os sintomas da polimialgia reumática, geralmente, surgem de forma repentina. Mas também podem se manifestar gradualmente.
Confira os sinais mais comuns da doença:
- Enrijecimento dos músculos do quadril, pescoço, ombros e região lombar
- Dor intensa nos ombros e/ou quadris
Outros sintomas menos comuns são:
- Dores nas articulações das mãos e dos pulsos
- Febre
- Mal-estar
- Emagrecimento
- Perda de apetite
- Depressão
Outra característica comum de portadores da PMR é a grande dificuldade de acordar de manhã. Por conta da rigidez muscular, torna-se difícil mover algumas partes do corpo.
Diagnóstico
O diagnóstico da polimialgia reumática é feito de forma clínica. Através da consulta, o médico avalia os sintomas do paciente e faz um exame físico analisando articulações, músculos e outros sistemas do corpo.
Para confirmar o diagnóstico, o especialista também pode pedir exames laboratoriais, a fim de excluir a possibilidade de infecções e outras doenças. É importante ressaltar que os resultados dos exames laboratoriais não são definitivos para o diagnóstico da doença, mas ajudam a ter mais evidências clínicas.
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Exames
Após o diagnóstico, costumam ser solicitados dois exames para acompanhamento da doença:
- Velocidade de Hemossedimentação (VHS): exame de sangue geralmente solicitado para avaliar a presença de inflamação no corpo
- Proteína C reativa (PCR): também um exame de sangue, é feito para medir a quantidade de uma proteína produzida pelo fígado em resposta a processos inflamatórios no corpo
Tratamento
O tratamento para polimialgia reumática consiste, basicamente, na administração de doses de corticoides que ajudam a reduzir a inflamação e aliviar os sintomas. Nos casos em que a doença vem acompanhada da arterite temporal, a dose de corticoides costuma ser maior.
Alguns pacientes já mostram melhora dos sintomas após uma única dose. No entanto, para outros, o progresso pode ser mais demorado.
A prática regular de exercícios físicos e alimentação saudável são outros fatores essenciais para o tratamento complementar da condição.
De qualquer forma, é importante ressaltar que se os sintomas não apresentarem qualquer mudança após duas ou três semanas de tratamento, o diagnóstico de polimialgia reumática deve ser reavaliado.
Tem cura?
Apesar de não ter cura definitiva, a polimialgia reumática pode ser controlada. Após o controle dos sintomas com a administração de corticoides, a medicação vai sendo reduzida para chegar a uma dose mínima ou à suspensão do tratamento.
Convivendo (Prognóstico)
Com o tratamento feito e a regressão do enrijecimento muscular, o paciente pode voltar às atividades normais, incluindo a prática de exercícios.
Vale lembrar que mesmo a menor dose de corticoides pode causar efeitos colaterais, incluindo aumento de glicose no sangue, ganho de peso, insônia, osteoporose, catarata, afinamento da pele e aparecimento de hematomas. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental para evitar esses problemas.
Complicações possíveis
Devido à dor intensa e ao enrijecimento muscular, o paciente com polimialgia reumática tende a ficar acamado, o que diminui sua qualidade de vida. Nos casos em que a doença está associada à artrite temporal, a falta de tratamento pode levar à cegueira irreversível.
Referências
Ari Halpern (CRM 51281/SP), reumatologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo;
Samuel Katsuyuki Shinjo (CRM 104403/SP), médico assistente do serviço de reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP;
Roberto Heymann (CRM 55796/SP), reumatologista e coordenador da comissão de Dor, Fibromialgia e outras Síndromes Dolorosas de partes moles da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR);
American College of Rheumatology