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O que é Sífilis na gravidez?
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Embora não seja tão associada ao período, ela pode eventualmente surgir durante a gravidez, oferecendo sérios riscos à saúde do bebê.
Transmitida por meio de relações sexuais, a sífilis pode ser passada para a criança ainda na barriga ou na hora do parto, na chamada sífilis congênita. Por isso, se não for diagnosticada e tratada adequadamente, as chances do bebê contrair a doença só aumentam, principalmente porque, com o avanço da gestação, a placenta fica mais permeável à entrada da bactéria responsável pela infecção.
Além de estar atenta aos possíveis sintomas da infecção, como feridas na região genital, coceira e vermelhidão, é fundamental que a mulher realize o acompanhamento pré-natal ao longo de toda a gestação para identificar qualquer alteração em sua saúde.
Leia mais: Pré-natal: conheça os exames e quando fazê-los
Sinais
Normalmente, a sífilis apresenta três estágios distintos e com sintomas específicos, sendo eles:
- Primário: cerca de três a quatro dias após o contágio, formam-se feridas indolores na área genital, que desaparecem sem necessidade de tratamento. Nesse estágio, a bactéria se torna inativa no organismo
- Secundário: a sífilis se manifesta cerca de duas a oito semanas após a formação das primeiras feridas na área genital, com vermelhidão pelo corpo, coceira e aparecimento de íngua nas axilas e pescoço. Podem aparecer também dores musculares, dor de garganta e febre. Os sintomas tendem a desaparecer após algumas semanas, mesmo sem tratamento, uma vez que a bactéria fica novamente inativa no organismo. Porém, ela ainda é transmissível
- Terciário: a infecção em seu estado terciário é a mais difícil de ser detectada, pois atinge principalmente os grandes vasos, olhos, coração, cérebro e até mesmo o sistema nervoso.
O que a sífilis na gravidez causa no bebê?
A sífilis na gravidez é considerada grave especialmente se estiver na fase inicial, em que é mais transmissível. A contaminação também pode ocorrer durante o parto normal, caso haja alguma ferida da doença na área genital — em contrapartida, esse risco de transmissão é inexistente nas cesáreas.
De acordo com a obstetra e ginecologista Mariana Rosário, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da sífilis na gravidez impedem a contaminação do bebê. Porém, é possível que a criança apresente os sintomas da doença somente após o parto, até os dois anos de idade, de modo que um acompanhamento desde o útero é essencial para diagnosticar a infecção logo no primeiro estágio.
Em caso de contaminação, os principais riscos para o bebê incluem:
- Parto prematuro
- Bebê com baixo peso
- Aborto
- Manchas na pele
- Meningite
- Convulsões
- Síndrome nefrótica
- Surdez
- Alterações no palato
- Alterações neurológica
Tratamento
O tratamento da sífilis na gravidez deve ser indicado pelo obstetra. Normalmente, ele é administrado a partir de injeções de penicilina benzatina (benzetacil) e a dosagem varia de acordo com o estágio da infecção. Segundo Mariana, o medicamento pode causar uma intensa reação 24h após a primeira aplicação.
Esse efeito é mais comum de ocorrer em casos de sífilis primária e secundária, podendo até desencadear um trabalho de parto prematuro. Por esse motivo, as pacientes precisam ser acompanhadas de perto por um especialista, a fim de avaliarem a necessidade de internação ou a realização de uma inibição de trabalho de parto.
Além disso, a gestante pode apresentar alguns efeitos colaterais decorrentes do tratamento, como:
- Febre
- Dor de cabeça
- Dor nos músculos e nas articulações
- Calafrios
- Diarreia
Os primeiros sinais de melhora da infecção na gravidez incluem a diminuição ou desaparecimento das feridas na região genital, bem como outras lesões no corpo, além de diminuição do inchaço e da dor nas ínguas e articulações.
Caso haja o aumento das feridas, aparecimento de outras lesões (especialmente na pele e boca), febre, dor de cabeça, paralisação dos membros e aumento das ínguas, é necessário buscar ajuda médica imediata e avaliar um possível quadro de piora.
E se a paciente for alérgica à penicilina?
Desde que a penicilina é o método de tratamento mais indicado para sífilis, Mariana explica que a primeira medida em caso de alergia é realizar uma dessensibilização ao medicamento — que visa diminuir a sensibilidade através da inoculação de doses (inicialmente mínimas e, depois, progressivamente crescentes) do antígeno que causa a alergia.
Porém, se o tratamento não obtiver sucesso, os especialistas podem recorrer à utilização do estearato de eritromicina como uma opção terapêutica de antibiótico. No entanto, a paciente não é considerada tratada, mas submetida a um tratamento subótimo — isto é, que não é a melhor abordagem para tratar a condição.
Prevenção
O comportamento de risco, especialmente relacionado à falta do uso de preservativo, é o principal responsável pelo aumento no número de casos de infecções sexualmente transmissíveis no Brasil nos últimos anos.
Leia mais: Tire 15 dúvidas sobre prevenção de ISTs
O uso de camisinha e relações sexuais seguras é a melhor forma de prevenir sífilis e outras ISTs, evitando dessa forma os riscos de complicações na gravidez e problemas à saúde do bebê. A ação de realizar exames e tratar também é necessária para combater a transmissão da doença.
Referências
Manual MSD - Versão para Família
ANVISA. Benzetacil - suspensão injetável. 2022 Disponível em: <https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/358463?nomeProduto=BENZETACIL> Acesso em 30/10
ANVISA. ESTOLATO DE ERITROMICINA - comprimido. 2014. Disponível em: <https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/595307?nomeProduto=ESTOLATO-DE-ERITROMICINA> Acesso em 30/10