Tricotilomania: o que é, tratamentos e causas

O que é Tricotilomania?

A tricotilomania é o impulso urgente e irreprimível de arrancar o próprio cabelo ou pelos, seja do couro cabeludo, sobrancelhas ou de outras partes do corpo. É um tipo de transtorno compulsivo, como o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), enquadrado no conceito geral de ansiedade. Ou seja, em alguns casos, o impulso incontrolável de arrancar os cabelos vem logo depois de uma forte crise de ansiedade.

Para alguns pacientes, a tricotilomania pode ser algo simples e controlável. No entanto, outros têm um impulso tão forte que chegam a ficar com regiões sem cabelos.

Em alguns casos, de acordo com Agamenon Honório, psiquiatra e médico acupunturista membro do CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura), o paciente também pode apresentar tricotilofagia, que é a ação de mastigar e engolir os cabelos arrancados.

Causas

Na maioria dos casos, a tricotilomania está relacionada ao estado de intensa ansiedade. Geralmente, os primeiros sinais que despertam o impulso são os mesmos da ansiedade, como agitação, transpiração excessiva (hiperidrose) e nervosismo.

Por isso, acredita-se que as causas da tricotilomania estão ligadas a questões genéticas e ambientais, como histórico familiar ou um ambiente tóxico e desequilibrado em casa, na família ou no trabalho.

Sintomas

Segundo o psiquiatra, em grande parte dos pacientes, os primeiros sinais da tricotilomania começam a aparecer entre os 10 e 13 anos. Entre os sintoma das tricotilomania, os mais comuns são:

• Puxar repetidamente fios do couro cabeludo, sobrancelhas ou cílios, entre outras áreas do corpo
• Sentir um aumento das tensões antes de puxar o cabelo ou ao tentar resistir ao impulso de puxar
• Sentir prazer ou alívio ao arrancar um fio de cabelo
• Áreas com menos fios de cabelos ou mesmo sem nenhum
• Ter preferência por fios específicos ou rituais ao puxar os cabelos
• Mastigar, morder, engolir ou enrolar os fios arrancados.

É comum que pessoas com tricotilomania também tenham outros comportamentos compulsivos, como roer unhas, mastigar os lábios ou mesmo machucar a própria pele. Além disso, muitos pacientes com tricotilomania tendem a esconder as falhas no cabelo, cílios e sobrancelhas e a puxarem o cabelo apenas quando estão sozinhas.

O ato de arrancar os cabelos pode ser automático ou consciente. Em geral pessoas que arrancam os cabelos conscientemente têm inclusive um ritual para fazer isso, escolhendo fios específicos e muitas vezes comendo-os depois.

Diagnóstico

Não existem exames que determinem se a pessoa tem tricotilomania ou não, apenas a conversa com o paciente e a avaliação de quanto cabelo perdeu com o problema permitem o diagnóstico.

Muitas vezes, o médico pode pedir exames apenas para verificar se não há alguma doença física envolvida na perda de cabelo.

Os critérios de diagnóstico da tricotilomania do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) são:

• Puxar fios de cabelo repetidamente, o que resulta em perda de cabelo noticiável
• Tentar repetidamente parar de arrancar fios de cabelo, ou pelo menos querer reduzir o hábito
• Arrancar fios de cabelo em situações estressantes no trabalho, escola ou outros círculos sociais
• Perda de cabelo não relacionada a outros problemas de saúde

Fatores de risco

Os fatores de risco que aumentam as chances de ter tricotilomania são:

• Histórico familiar
• Ter entre 11 e 13 anos
• Sentir emoções negativas
• Apresentartranstornos como depressão, ansiedade e TOC
• Histórico de alcoolismo na família.

Buscando ajuda médica

O ideal é que o paciente busque ajuda profissional ao primeiro sinal de desprazer ou sofrimento provocado pela ansiedade. Procure por ajuda caso você tenha impulsos de arrancar fios de cabelo para encontrar alívio para o estresse ou ansiedade ou se o hábito já o está deixando careca em algumas regiões, como no couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.

Especialistas que podem diagnosticar a tricotilomania são:

• Clínico geral
• Psiquiatra
• Dermatologista.

Tratamento

O primeiro passo é identificar as causas do quadro de tricotilomania e, depois, iniciar o tratamento. Alguns tipos de tratamento podem ajudar o paciente com tricotilomania a parar de arrancar cabelos completamente. Entre as opções temos:

Psicoterapia

Uma das abordagens mais usadas para o tratamento psicoterapêutico da tricotilomania é o treinamento de reversão de hábitos, método da terapia cognitiva comportamental. Ele atua ensinando como reconhecer situações em que você provavelmente arrancaria fios de cabelo e como substituir esse hábito por outros.

Grupos de apoio também são uma boa opção para que a pessoa com tricotilomania não se sinta sozinha com esse problema.

Medicamentos

Alguns remédios também podem ser usados no tratamento da tricotilomania. Não existem medicamentos relacionados diretamente ao transtorno, mas antidepressivos (principalmente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina), ansiolíticos e medicamentos usados em transtornos de humor podem ajudar a reduzir os sintomas.

Acupuntura

De acordo com Agamenon Honório, ao atingir alguns pontos da acupuntura, nosso sistema nervoso central é modulado, causando relaxamento e alívio do estresse e da ansiedade. Em alguns casos, a técnica pode servir como complemento do tratamento realizado com medicamentos e acompanhamento psicológico.

Prevenção

Até o momento, não há maneiras diretas de prevenir a tricotilomania. No entanto, realizar a psicoterapia frequentemente pode evitar que sejam desenvolvidos transtornos, como a ansiedade, a depressão e o estresse.

Complicações possíveis

Entre as complicações da tricotilomania, encontramos:

• Estresse emocional
• Baixa autoestima, depressão e ansiedade
• Problemas sociais ou profissionais
• Problemas de pele e cabelo
• Bolas de cabelo (bezoares) no sistema digestivo, causada pelo hábito de comer o cabelo.

Além da calvície e outras lesões, a tricotilomania pode gerar infecções locais, pois ao arrancar os fios de cabelo, ocorre a lesão do folículo piloso, a estrutura que produz o pelo.

Caso o paciente apresente a tricotilofagia, bolas de cabelo e pelos podem se formar no estômago, causando obstrução intestinal, perda de peso e vômitos. Em alguns casos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica.

Referências

DSM-V

Clínica Mayo

Manual Merck

Agamenon Honório, psiquiatra e médico acupunturista membro do CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura) - CRM 3317 CE