Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, realizou residência médica em Obstetrícia e Ginecolog...
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O que é Mamografia?
A mamografia é um exame radiológico para avaliação das mamas, feita com um aparelho de raio-X específico, chamado mamógrafo. Serve para identificar lesões benignas e cânceres, que geralmente se apresentam como nódulos, ou calcificações - principalmente o câncer de mama.
O exame é usado para detecção precoce do câncer antes mesmo de ser identificado clinicamente por meio da palpação. O estudo Swedish Two-County Trial of mammographic screening, feito com 133.065 mulheres durante quase três décadas, mostrou que a mamografia regular pode reduzir em 30% as mortes causadas por câncer de mama.
Quando se deve fazer uma mamografia e com que idade?
A principal indicação da mamografia é para o rastreamento do câncer de mama. Nesse caso, a mamografia deve começar a ser feita anualmente a partir dos 40 anos, para mulheres em geral.
A mamografia também é indicada para:
- Fins de diagnóstico, como na avaliação de alguma queixa clínica (dor, presença de nódulo palpável ou alterações na aparência da mama);
- Avaliação de alteração encontrada em outros exames de imagem, como a ultrassonografia;
- Avaliação da mama masculina.
Porém, para aquelas que possuem casos de câncer de mama na família, em parentes de primeiro grau (mãe, irmã e/ou filha), o risco de câncer de mama pode ser maior que o da população geral. Nestes casos, a mamografia pode começar a ser feita 10 anos antes do caso mais precoce entre as parentes que tiveram a doença.
Por exemplo: se uma mulher descobriu um câncer de mama aos 40 anos, sua filha deve começar a fazer mamografias anualmente aos 30 anos.
Tipos
Existem dois tipos de mamografia: digital e convencional. Ambos utilizam o raio-X para a produção da imagem da mama. A diferença está na forma como ocorre a captação da imagem mamográfica.
Até o momento, os estudos não demonstraram diferenças significativas entre a mamografia digital e analógica, com relação à capacidade de detecção do câncer de mama para a população geral. No entanto, a mamografia digital parece ser mais precisa do que a mamografia convencional em mulheres mais jovens e com mamas densas.
Mamografia convencional
A mamografia convencional contém um filme que, após a exposição da mama ao raio-X, deve ser processado. A imagem da mama é armazenada no próprio filme e caso haja algum problema técnico com o filme, este terá que ser refeito.
Saiba mais: Raio X: o que é, quando é indicado e como funciona?
Mamografia digital
A mamografia digital é o exame que utiliza um detector que transforma o raio-X em sinal elétrico e transmite para um computador. Tem muitas vantagens em relação à mamografia convencional, sendo a principal que a imagem mamográfica pode ser armazenada e recuperada eletronicamente.
Além disso, permite ao radiologista ajustar as imagens, no próprio monitor da estação de trabalho, realçando ou ampliando alguma área, para melhor analisá-la. Existem, ainda, softwares que auxiliam na detecção de lesões.
Com todas essas ferramentas, a mamografia digital requer menor repetição de imagens em relação à analógica, reduzindo assim a exposição à radiação.
Contraindicações
A mamografia não é recomendada antes dos 25 anos porque a mama é mais susceptível à radiação nessa faixa etária. Mesmo mulheres que tiveram casos familiares muito cedo (aos 30 anos, por exemplo), devem esperar até os 25 para fazer a primeira mamografia. Antes disso, a indicação nesses casos são ultrassonografias.
Grávida pode fazer mamografia?
Grávida só pode mamografia caso haja indicação clínica, afinal, o câncer de mama também poderá aparecer durante a gravidez. Neste caso, é utilizado um protetor de chumbo no abdômen para proteger o feto.
Se confirmado, o nódulo é submetido a um ultrassom direcionado, para classificar a lesão e dar uma conduta ao achado, se ele é benigno, maligno ou precisará ser controlado.
Quando a lesão é suspeita ou muito suspeita, é realizada a biópsia do tecido. As incidências serão analisadas mais detalhadamente, com uma lupa no caso da chapa física ou por uma ampliação digital, caso o resultado esteja em um computador.
Saiba mais: Câncer de mama: entenda a classificação BIRADS
Considerações
Mamografia dói?
É comum que ao fazer mamografia as mulheres se queixem de algum desconforto ou dor, pois os seios estão sendo comprimidos. Mas esse incômodo muitas vezes pode ser contornado.
Saiba mais: Mitos sobre o câncer de mama
Dicas para evitar dor na mamografia
1. Evite agendar a mamografia logo antes ou depois da menstruação
A mamografia deverá ser realizada preferencialmente durante a segunda e terceira semanas do ciclo menstrual. Afinal, nesse período há menor densidade do tecido glandular das mamas, tornando o exame mais detalhado e com menor desconforto.Além disso, no período da menstruação ou nas semanas próximas, as mamas costumam estar mais sensíveis, devido às alterações hormonais, e o exame, então, se torna mais desconfortável.
2. Vista duas peças de roupa separadas
Normalmente as mulheres devem tirar toda a parte superior da vestimenta. Então, o melhor é evitar peças únicas, como vestidos, ou roupas muito difíceis de retirar, contornando desconfortos dessa natureza. O ideal é usar uma camisa abotoada no dia do exame, pois esta pode ser facilmente retirada e vestida.
3. Posicione-se de forma confortável
Permita com que a técnica responsável te posicione corretamente para o exame, deixando o corpo relaxado e avise caso esteja se sentindo muito desconfortável. Lembrando que o posicionamento correto da mama é muito importante para obter-se um exame de boa qualidade e que cada imagem é adquirida rapidamente. Você ficará nesta posição por apenas alguns segundos para o exame.
4. Notifique o médico sobre suas limitações
Se você tem qualquer limitação, como rigidez muscular, dificuldade para levantar os braços e outros problemas que poderão dificultar a posição correta no aparelho, notifique a equipe médica. Uma vez que o posicionamento e conforto da paciente são fundamentais para o sucesso do exame, qualquer restrição deve ser comunicada.
Avisos antes da mamografia: fatos para comunicar à equipe médica
- Implantes mamários: a técnica utilizada nestes casos é diferente, sendo necessárias incidências mamográficas adicionais.
- Alteração na pele: caso tenha presença de verrugas, cicatrizes cirúrgicas, queimaduras, alergias ou já fez uma biópsia de mama (ter este conhecimento poderá ajudar o médico no diagnóstico correto das alterações).
- Preocupação com uma área específica da sua mama: mostre ao técnico para que esta área possa ser analisada com mais atenção.
- Limitação de movimento: rigidez muscular, dificuldade para levantar os braços e outros problemas que poderão dificultar o posicionamento correto da mama.
- Sensibilidade da pele: partes sensíveis ou alteração em alguma área da pele.
- Gravidez ou suspeita de gravidez: importante saber a data da última menstruação, pois a radiação pode afetar a formação do bebê (caso haja indicação clínica para realização do exame, este deverá ser feito utilizando um protetor abdominal).
Mamografia: como é feita?
A mamografia é feita por um profissional em radiodiagnóstico. As imagens de raios-X são interpretadas por um médico radiologista, oncologista ou mastologista.
Saiba mais: Como deixar a mamografia mais confortável?
Você precisará retirar a roupa da cintura para cima e colocar um avental apropriado, além de ter que remover qualquer acessório que possa se sobrepor à mama e interferir na imagem radiográfica.
Para fazer o exame, você ficará em pé e fará pelo menos duas imagens de uma mama, sendo uma de cada vez. A mama será comprimida firmemente entre duas placas planas a fim de espalhar o tecido mamário e reduzir a dose de radiação necessária para obtenção de uma imagem adequada. Todo o tecido mamário e a axila devem ser incluídos na análise.
A compressão causada pela mamografia pode causar certo desconforto à mulher, mas não deve machucá-la.
Mamografia em mulheres com silicone
Mulheres que têm implantes mamários, como silicone, farão um maior número de incidências mamográficas, geralmente quatro em cada mama (ao invés de duas como na paciente sem implante). Duas delas devem incluir o tecido mamário e o implante, mas saiba que a mama será comprimida gentilmente para não causar danos.
As outras incidências servem para analisar melhor o tecido mamário. Nestas, o implante será descolado em direção ao tórax, de forma a pegar o máximo de tecido mamário somente para ser comprimido.
Análise do exame de mamografia
As imagens, sejam em filmes ou enviadas eletronicamente para uma estação de trabalho, serão analisadas por um médico especialista. Em alguns casos, após a mamografia, pode ser que você seja solicitado a esperar alguns minutos, para o caso de a mamografia precisar ser refeita em um espectro mais ampliado.
Nessa análise inicial, um técnico com treinamento para isso pode encontrar uma alteração suspeita, que necessita de ampliação para um estudo mais detalhado.
Você também poderá ser chamada para retornar em um outro dia, caso o médico que está analisando seu exame necessite de algum complemento para tirar eventuais dúvidas. Isso não significa que você tem um câncer, mas que tudo está sendo feito para oferecer o melhor exame possível.
Os resultados do exame levam de dois a sete dias para ficarem prontos, dependendo da rotina estabelecida por cada serviço.
Saiba mais: Mamografia reduz morte por câncer de mama
Resultados da mamografia
Os resultados da mamografia podem ser: normal; ter achados francamente benignos; achados provavelmente benignos ou suspeitos. Cada paciente tem um tipo de mama e a dificuldade na detecção de lesões é devido, em parte, pela composição de cada mama.
Mamas mais gordurosas e com menor quantidade de tecido fibroglandular aparecem mais escuras na mamografia. O tecido fibroglandular na mamografia é relativamente mais branco (denso) do que a gordura. Portanto, quanto mais tecido fibroglandular a mulher tiver, mais densa será sua mama à mamografia e maior será a dificuldade na detecção de eventual câncer. Isto ocorre porque essas lesões têm densidade semelhante à da glândula, podendo ser encobertas por ela.
Mulheres com implantes mamários também têm seu exame parcialmente prejudicado, pois o implante, sendo mais denso que o tecido mamário, poderá encobri-lo e impedir a detecção de lesões.
O laudo mamográfico segue a classificação e recomendação do BI-RADS, do Colégio Americano de Radiologia (ACR), que é mundial. Isso permite que um resultado de exame, feito em um determinado país, seja entendido em qualquer outra parte do mundo.
A classificação varia de 0 a 6 como é visto no quadro abaixo.
Categoria | Avaliação | Conduta |
0 | Incompleta | Outras incidências de mamografia ou ultrassonografias são necessárias |
1 | Negativa (nada encontrado) | Rastreamento normal |
2 | Achados benignos | Rastreamento normal |
3 | Provavelmente benignos | Seguimento de 06 meses |
4 | Anomalias suspeitas, sendo A: menor suspeita; B: média suspeita; e C: maior suspeita | Biópsia deve ser avaliada |
5 | Alta suspeita de malignidade | Necessita esclarecimento definitivo |
6 | Já existe diagnóstico do câncer | Câncer já confirmado anteriormente por exame histopatológico. Exame feito apenas para acompanhamento. |
Como diferenciar uma mamografia normal e com câncer?
Se for um exame completamente normal não vai ter nenhum achado adicional. Nos resultados categorizados como BI-RADS 2, são encontrados achados que com certeza são benignos e sem qualquer risco de malignidade (ou seja, de apresentar câncer de mama).
Os resultados provavelmente benignos (BI-RADS 3) e aqueles suspeitos (BI-RADS 4 ou 5) geralmente aparecem na mamografia na forma de microcalcificações ou nódulos. As alterações são classificadas seguindo critérios estabelecidos no BI-RADS, o que gera uma conduta específica para cada caso. As lesões provavelmente benignas, com mínima chance de malignidade, requerem um acompanhamento em curto prazo, o que não interferirá no prognóstico.
Ter um achado suspeito não significa tratar-se de um câncer. Indica que uma biópsia será necessária para analisar o tecido, que será analisado por um patologista que definirá a natureza da lesão.
Ainda, dentro da classificação BI-RADS, o zero indicará a necessidade de um exame complementar, que poderá ser novas incidências de mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética.
Orientações para o dia do exame de mamografia
- Caso tenha mamografia ou outro exame de mama realizados anteriormente, leve os resultados. Às vezes, devido à apresentação muito sutil de um câncer, o único modo de se detectar uma alteração é a comparação dos exames anteriores, no qual se analisa o aparecimento ou modificação de um achado já presente.
- Não use desodorantes, talcos, cremes ou outros cosméticos na região da mama e axila, pois eles podem afetar os resultados.
- Não use piercings nas mamas e axilas (caso tenha, será pedido a remoção temporária para a realização do exame)
Saiba mais: Implante de silicone dificulta diagnóstico de câncer de mama?
Duração do exame
Cada incidência mamográfica dura apenas alguns segundos. Geralmente, os exames são agendados a cada 15 minutos de forma que haja tempo suficiente para troca de roupa e posicionamento do paciente, além da realização de todas as incidências mamográficas que forem necessárias.
Recomendações pós-exame
A mamografia pode ser desconfortável no momento do exame, mas raramente a dor persistirá. Dessa forma, você poderá prosseguir o seu dia normalmente após o exame.
Periodicidade para fazer mamografia
- Para pacientes assintomáticos: da população geral, o Colégio Brasileiro de Radiologia recomenda que se inicie a partir dos 40 anos e depois anualmente.
- Pessoas com risco aumentado para câncer de mama: poderão iniciar antes dessa idade, sendo que, nestes casos, devem seguir a orientação médica apropriada.
- Pacientes que apresentam alguma alteração: alteração caracterizada pelos achados de imagem como provavelmente benignas fazem um controle a cada seis meses no primeiro ano e depois anual por dois anos, caso não haja alteração.
Mais Sobre
Preço da mamografia
A mamografia gratuita está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a lei Nº 11.664, de 29 de abril de 2008:Art. 2º O Sistema Único de Saúde - SUS, por meio dos seus serviços, próprios, conveniados ou contratados, deve assegurar:III - a realização de exame mamográfico a todas as mulheres a partir dos 40 (quarenta) anos de idade.
A maioria dos convênios médicos disponibilizam o exame (sempre consulte a empresa que você contratou para saber se há cobertura). Já com contratação de forma particular, o preço da mamografia pode variar em média, na cidade de São Paulo, de R$ 140 a R$ 300 (consultado em 24/10/2023).
Homens têm câncer de mama?
Homens podem ter câncer de mama (em cada 100 mulheres com câncer 1 homem poderá ter a doença). Por isso, a mamografia pode ser usada também na avaliação da mama masculina (no aumento do volume denominado ginecomastia ou presença de nódulo palpável).
No caso do homem com suspeita de ginecomastia (hipertrofia das glândulas mamárias), o exame irá avaliar a presença do crescimento de glândulas mamárias e de câncer.
Mathew Knowles, empresário e pai da cantora Beyoncé, anunciou sofrer de câncer de mama. Ele percebeu algo estranho a partir de manchas de sangue nos lençóis e foi diagnosticado com a doença em 2019. Após retirar uma das mamas, aguarda para a cirurgia de remoção da segunda mama.
Referências
Márcia Mayumi Aracava, radiologista do Grupo de Mama do Fleury Medicina e Saúde
Vilmar Marques, presidente do departamento de oncoplástica da Sociedade Brasileira de Mastologia
Lorena Amaral, radiologista do laboratório Pasteur