Graduado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1982), com residência médica em Cirurgia Geral n...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Prostatectomia radical?
A prostatectomia radical é a cirurgia indicada com intuito de tratar o paciente que tenha câncer de próstata localizado, ou seja, quando a doença está confinada na próstata e dentro dos limites da cápsula prostática. A prostatectomia radical também pode ser conhecida como cirurgia radical da próstata ou prostatovesiculectomia radical, com ou sem linfadenectomia ilíaco-obturadora.
Dentre os vários tipos de tumores que a cirurgia trata, somente 15% a 20% representam os mais agressivos. Mas, a exemplo de outros cânceres, o de próstata deve ser diagnosticado em tempo oportuno para a doença ser removida, pois, quanto mais se demora no diagnóstico, mais chances o tumor terá de causar metástase, saindo do seu sítio inicial (a próstata).
O que é prostatectomia radical?
Prostatectomia radical é a cirurgia indicada com intuito de tratar o paciente que tenha câncer de próstata localizado, ou seja, quando a doença está confinada na próstata e dentro dos limites da cápsula prostática.
Ela é indicada apenas para tratar câncer de próstata e não recomendada como profilaxia, ou seja, para prevenir seu aparecimento.
Tipos
Existe mais de um tipo de prostatectomia radical. Pacientes com IMC normal são mais facilmente operados pela cirurgia aberta. Já pacientes com obesidade são melhor tratados pelo acesso perineal ou pela cirurgia robótica, por tornar a cirurgia mais segura, com maior visibilidade e sempre com menor sangramento intra-operatório.
Prostatectomia radical robótica aberta
A prostatectomia radical aberta exige destreza e perfeição para que haja segurança ao realizar todas as etapas da cirurgia. Os cortes podem ser maiores ou menores, de acordo com a experiência do cirurgião.
Perineal
A prostatectomia perineal é feita com acesso pelo períneo e bem indicado no paciente obeso, pois na abdominal a próstata fica muito profunda para seu acesso com os instrumentos cirúrgicos.
Laparoscópica e prostatectomia radical robótica
A laparoscópica e a prostatectomia radical robótica são dois tipos de cirurgia que exigem vários cortes menores para a passagem dos trocateres (dispositivo médico, como se fosse um “furador”).
Costumam causar menor sangramento intra-operatório, sendo usados para desobstrução da uretra prostática causada por crescimento benigno, chamado hiperplasia benigna da próstata, por comprimir a uretra e causar jato miccional afilado, fraco, lento e, por vezes, com saída de jatos intermitentes de urina.
Saiba mais: Previna o câncer de próstata
Diagnóstico
Em primeiro lugar, deve-se provar que o paciente é portador de câncer de próstata. Isso é feito através de biópsia, indicada apenas nos casos em que se detecta anormalidade ao toque digital em áreas de consistência mais firme ou endurecida. Ou seja, é preciso suspeitar que os pacientes sejam portadores da doença, independente do valor do PSA sanguíneo (exame de sangue que detecta esse tipo de câncer).
Deve-se ainda avaliar a sua situação clínica geral, os remédios e causas que possam influenciar a realização da biópsia. O procedimento é feito com anestesia local ou com sedação, para garantir maior conforto e segurança tanto para o paciente quanto para o médico que o executa.
É necessário avaliar a gravidade do caso pelos exames de imagem e pelo resultado da biópsia, planejando adequadamente a cirurgia de acordo com a compreensão do volume tumoral, a extensão local dentro dos limites capsulares e a evidência de doença linfonodal. A partir desses parâmetros é que se obtém maior clareza de como será feita a cirurgia.
Há casos que devemos ser mais cautelosos em uma região da próstata, inclusive podendo alargar os limites da ressecção local para aumentar as chances de curabilidade do paciente.
Cada caso é um caso e cada cirurgia tem sua própria história. Tudo depende da técnica que o urologista usar, que normalmente é aquela que ele tem mais experiência.
Saiba mais: Câncer de próstata: quais as vantagens do exame de toque e PSA?
Como é feita
No Brasil, o tipo mais comum de cirurgia realizada pelos urologistas é aquela feita por via abdominal, embora a mesma conte ainda com outras formas, como a perineal, a laparoscópica ou a robótica.
A cirurgia consiste num corte de oito a dez centímetros para acessar a próstata e as vesículas seminais, onde estão as células tumorais malignas, removidas em conjunto com os linfonodos ilíaco-obturadores. O procedimento dura, em média, 3 horas.
Há alguns cuidados para obter-se uma boa recuperação após a prostatectomia radical. São elas:
- Alimentação leve nos primeiros dias após o procedimento
- Sem exercícios físicos por um mês, em média, mas pode haver outra indicação, dependendo do médico e quadro clínico. Após três meses é normalmente liberado
- Não fazer esforço e nem pegar peso
- Caminhadas leves diárias devem ser feitas com cautela
- Necessidade de realizar exercícios para fortalecer a musculatura pélvica, com um fisioterapeuta especialista
- Evitar dirigir nas primeiras semanas
Como fica o paciente no pós-cirúrgico da prostatectomia radical?
A vida depois de retirar a próstata deve ser a mais confortável possível. Os resultados finais devem ser sempre os mesmos: o objetivo é zelar para que a doença seja controlada localmente, preservando a ereção e a continência urinária.
Após a prostatectomia radical, qual o PSA normal?
O PSA normal após a prostatectomia radical deve ser de menos de 0,2 ng/ml em curto prazo e, em longo prazo, o ideal é que os níveis não sejam detectáveis. Isso pode demorar mais de dois meses.
Complicações possíveis
Muitos se perguntam sobre o que acontece com o homem que tira a próstata. Com relação às complicações, elas podem ocorrer durante o intra e pós-operatório em qualquer cirurgia, mas, nesse caso, existem riscos relacionados à:
- Saúde previa geral do paciente
- Anatomia peculiar do paciente
- Anomalias anatômicas pessoais, que são impossíveis de serem detectadas mesmo com toda a tecnologia disponível
A arte da cirurgia deve estar associada à modernidade técnica para que se possa obter os melhores resultados. Deve-se então priorizar a formação médica e investir na estrutura hospitalar para se obter os melhores resultados almejados.
Prostatectomia radical: sequelas
Há algumas sequelas que podem ou não ocorrer nos pacientes. Confira abaixo:
Doenças sistêmicas
Doenças sistêmicas e mesmo as específicas urológicas, como as relacionadas ao músculo da bexiga, podem influenciar a recuperação, já que tudo depende de como o paciente se encontra clinicamente antes da cirurgia.
Muitas variáveis estão relacionadas, como a situação anatômica e funcional da bexiga, idade da doença, estado miccional e da função sexual prévias ao procedimento.
Incontinência urinária
A cirurgia costuma melhorar a obstrução do fluxo miccional, por exemplo, mas pacientes com mais de 70 anos podem demorar até dois meses para não terem mais incontinência urinária, enquanto que os que têm menos de 60 anos podem já sair da cirurgia sem incontinência urinária, desde a retirada da sonda da bexiga.
Em média, os pacientes ficam bem após dez dias da retirada da sonda.
Impotência (Disfunção erétil)
Já a recuperação da ereção depende da idade do paciente que está sendo operado e a qualidade da sua ereção antes do procedimento. É esperado que homens com boa ereção continuem assim após a cirurgia. Pacientes mais debilitados sexualmente podem não se recuperar ou ter sua função sexual piorada.
Entretanto, pacientes sadios podem continuar a ter suas funções recuperadas nos pós-operatório, em geral em dias, meses ou melhorando progressivamente até dois anos após a cirurgia.
Ejaculação e infertilidade
Infelizmente, mesmo para aqueles que recuperaram por completo a ereção e conseguirem terem orgasmo, não vão mais ejacular, pois o produto ejaculado (sêmen) provém da próstata e das vesículas seminais que foram removidas. Estes pacientes passarão a ter orgasmo "a seco". Sem ejaculação, caracteriza-se a infertilidade.
Saiba mais: Alterações no pênis preocupam o sexo masculino
Contraindicações
As contraindicações da cirurgia podem estar relacionadas à extensão da doença local e à distância.
Pacientes com doença avançada localmente não são bons candidatos para a cirurgia e aqueles com doença em outros locais (metástases ósseas e linfonodais no abdômen), também não devem ser operados.
Porém, uma corrente atual vem indicando a cirurgia em casos especiais, ainda com poucos sítios metastáticos. Isso porque, estudos recentes têm mostrado que, nesses pacientes, a vantagem é melhorar a sobrevida e a sua qualidade de vida, principalmente na esfera miccional.
Por fim, pacientes com comorbidades graves não devem ser operados.
Referências
Instituto Oncoguia