Médico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) - Faculdade de Medicina da USP, atuando no Serviço de Oncol...
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O que é Tumor?
Um tumor é um crescimento anormal de células em qualquer tecido do corpo. Existem tumores malignos (câncer) e tumores benignos. Eles geralmente surgem quando as células se subdividem excessivamente no corpo.
O ciclo normal de uma célula é nascer, exercer suas funções e morrer, dando lugar a uma nova célula. A divisão celular é rigorosamente controlada pelo organismo, de maneira que haja sempre novas células substituindo as antigas, sem haver uma produção excessiva.
O tumor se forma quando, por algum motivo, uma ou algumas células do corpo sofrem uma mutação, deixam de morrer e o organismo não percebe isso. Dessa forma, o corpo continua a produzir novas células, sem que as antigas morram, gerando um acúmulo de tecidos que formam o tumor.
Os tumores benignos são formados por células muito semelhantes às originárias, crescem de forma lenta, não se espalham pelo resto do corpo e possuem bordas bem definidas e regulares. Apesar de por si só não causarem problemas à saúde, sua localização e crescimento podem provocar uma série de sintomas.
Já os tumores malignos são formados por células que crescem descontroladamente, possuem formas irregulares, podem provocar metástase e afetam diretamente o funcionamento do órgão atingido.
Tumores benignos e malignos podem ser graves, a depender do local que crescem e de sua capacidade de se espalhar para outros órgãos (metástase). Por isso, às vezes eles necessitam de tratamento e outras vezes não.
Causas
Quando o equilíbrio entre a divisão e a morte celular é alterado, pode formar-se um tumor. Alguns têm mais ocorrências entre crianças ou idosos. Outros são associados à dieta, ao ambiente e ao histórico familiar. Veja as causas conhecidas mais comuns para o aparecimento de um tumor:
- Exposição a toxinas ambientais, como poluição, radiação e fumo passivo
- Genética
- Dieta desequilibrada, pobre em frutas, verduras e legumes
- Estresse
- Trauma ou lesão local
- Inflamação ou infecção
- Obesidade
- Tabagismo
- Ingestão abusiva de bebidas alcoólicas
- Exposição excessiva ao sol
Sintomas
Os sintomas do tumor dependem do tipo e da localização. Por exemplo, os tumores pulmonares podem causar tosse, falta de ar ou dor no peito. Já os tumores do sistema gastrointestinal podem causar perda de peso, diarreia, constipação e sangue nas fezes.
Entretanto, a maioria dos tumores em fase inicial não apresenta qualquer tipo de sintoma – em alguns casos, mesmo os tumores avançados demoram para demonstrar sinais. Dessa forma, é importante fazer exames médicos periódicos, principalmente se você tem casos de tumor na família, e procurar ajuda sempre que estiver com sintomas diferentes ou suspeitos.
Diagnóstico
Em alguns casos, o médico consegue identificar o tumor sem precisar fazer qualquer exame. Um exemplo é o câncer de pele, que se manifesta como uma pinta ou ferida. Porém, a maioria dos tumores não pode ser vista a olho nu, pois está localizada no interior do seu corpo.
Quando um tumor é descoberto, um pedaço do tecido é removido e examinado em microscópio. Este procedimento é chamado de biópsia, exame realizado para determinar se um tumor é benigno ou maligno. Dependendo da localização do tumor, a biópsia pode ser um procedimento simples ou uma cirurgia complexa.
Exames como tomografia e ressonância magnética podem determinar a localização exata do tumor e o quanto ele já se espalhou. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) tem sido utilizada para descobrir certos tipos de tumor.
Outros testes que podem ser feitos incluem:
- Exames de sangue
- Radiografia
- Hemograma completo
- Testes de função hepática
Na consulta médica
O médico especializado em tumores é o oncologista. No entanto, o tratamento e o diagnóstico do tumor podem ser feitos por diversas especialidades médicas, a depender do local que o tumor se encontra. Um tumor no pulmão, por exemplo, pode ser diagnosticado por pneumologistas, assim como tumores na mama são diagnosticados por ginecologistas e mastologistas.
Tratamento
Em muitos casos, os tumores benignos não necessitam de tratamento. Os médicos podem simplesmente monitorar o tumor para certificar de que eles não causam problemas. Mas o tratamento pode ser necessário se os sintomas causam uma diminuição na qualidade de vida do paciente. A cirurgia é um tipo comum de tratamento para os tumores benignos. O objetivo é remover o tumor sem danificar os tecidos circundantes.
Para o câncer (tumor maligno), muitos tratamentos estão disponíveis. As opções vão depender de vários fatores, como o tipo e estágio do câncer, estado geral de saúde do paciente e preferências. Juntos, paciente e equipe médica podem medir os riscos e benefícios de cada tratamento para determinar o que é o mais adequado para o caso.
Os tratamentos de tumor têm diferentes objetivos, tais como:
- Cura total, que pode não ser possível a depender da situação
- Tratamento primário, que visa remover completamente as células cancerosas, sem necessariamente curar o câncer
- Tratamento adjuvante, que é usado em casos de tumores muito grandes ou difíceis de tratar. O objetivo da terapia adjuvante é para matar as células cancerosas que podem permanecer após o tratamento primário, a fim de reduzir a chance de que o câncer se repita
- Tratamento paliativo, que ajuda a aliviar os efeitos colaterais do tratamento principal ou sinais e sintomas causados pelo tumor em si
Qualquer tratamento de tumor pode ser utilizado como uma terapia adjuvante ou primária. O tratamento paliativo pode ser realizado junto a outras terapias destinadas a curar o tumor.
Existem várias ferramentas para o tratamento do câncer. Opções incluem:
- Cirurgia
- Quimioterapia
- Radioterapia
- Transplante de células-tronco ou transplante de medula óssea
- Terapia biológica
- Terapia hormonal
- Terapia-alvo
- Ensaios clínicos que investigam novas formas de tratamento do tumor
Prevenção
Não fume
Segundo estatísticas do Inca (Instituto Nacional de Câncer), o tabagismo é a principal causa de tumor evitável no mundo. Para se ter uma ideia, 90% dos casos de câncer de pulmão têm o cigarro como responsável - os outros 10% são decorrentes do fumo passivo. O tabagismo também é o grande culpado por 30% da ocorrência de outros tipos de tumores, como boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero e leucemia.
O cigarro carrega cerca de cinco mil substâncias, sendo mais de 400 delas altamente cancerígenas.
Não abuse de bebidas alcoólicas
O álcool aumenta a chance de desenvolvimento de alguns tumores, como intestino, esôfago e fígado. Mas o que mais se nota é que ele potencializa os efeitos do tabaco. Por potencializar os efeitos do cigarro, o risco de um tumor localizado nos órgãos afetados pelo fumo é muito maior.
Além disso, estudos científicos têm relacionado o abuso do álcool com outros tipos de câncer. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, 18 gramas (aproximadamente duas doses) de álcool por dia são suficientes para aumentar significantemente o risco de desenvolver câncer de mama. Com o consumo de 50 gramas diários, o risco aumenta em 50%. Outro estudo, realizado pelo Fred Hutchinson Cancer Research Center, especializado em pesquisas sobre câncer nos Estados Unidos, descobriu que os mesmos 50 gramas por dia, em homens, dobram as chances de desenvolver câncer de próstata.
Mantenha hábitos de sexo seguro. Use camisinha.
O papiloma vírus humano (HPV) - doença sexualmente transmissível - é o principal responsável por alguns tipos de câncer, como o câncer de colo do útero, de vulva, de pênis e orofaringe (garganta). Por isso, a importância de praticar sexo seguro e sempre com o uso da camisinha - até mesmo para o sexo oral.
Proteja-se contra a hepatite
O sexo seguro também evita os vírus da hepatite B (para a qual há vacina) e da hepatite C, ambos com potencial para levar ao câncer de fígado. O uso da camisinha, além de reduzir as chances de cânceres no sistema reprodutor e orofaringe, também pode proteger o fígado. Isso porque a hepatite B também é sexualmente transmissível. Esse tipo de hepatite pode levar à cirrose e evoluir para um câncer do fígado. No caso da hepatite C, o contágio costuma acontecer por contato sanguíneo, mas ela é igualmente um fator de risco a esse tipo de câncer.
Não abuse no consumo de açúcar e carne vermelha
O açúcar não tem relação direta com os diversos tipos de câncer. No entanto, quando é consumido em excesso, faz o organismo liberar muita insulina para metabolizá-lo. A insulina muito alta aumenta a produção de uma substância chamada citocina pró-inflamatória. Aqui está a relação com o câncer. Quanto maior a quantidade dessa substância, maiores as chances de câncer.
A carne vermelha, embora traga uma série de benefícios à saúde, não deve ser consumida com abusos. Ainda não se sabe certamente quais elementos das carnes vermelhas (de boi e de porco) são cancerígenas. Porém, supõe-se que se trata de uma substância chamada ácido aracdônico, presente na gordura das carnes. Ela seria responsável por estimular a produção das citocinas pró-inflamatórias.
Evite alimentos ricos em sódio e conservantes
Os alimentos processados - o que incluem enlatados e embutidos como mortadela, presunto, salame, mortadela, bacon e salsicha -, são ricos em uma substância chamada nitrosamina, que é cancerígena. Por isso é importante que esse tipo de alimento seja evitado ao máximo, assim como fast foods que, em geral, são ricos em processados.
Essa correlação já foi estudada pelo National Cancer Institute, nos Estados Unidos, que descobriu que os conservantes contidos nos embutidos, em especial o nitrato e o nitrito, são uma das causas do câncer de bexiga. Isso porque eles passam direto pela urina e podem interferir no tecido da bexiga, ajudando a desenvolver o câncer neste órgão.
Use filtro solar
Os raios UVA e UVB, emanados pelo sol, são os responsáveis pelas alterações celulares que levam ao câncer de pele. Por isso, proteger-se do sol é algo tão importante na luta contra o câncer. Além do protetor solar – que deve ter o mínimo de fator 20 -, é preferível tomar sol apenas antes das 10h e depois das 16h e não abrir mão de barreiras físicas, como chapéus, guarda-sol, bonés e óculos escuros.
Pratique atividades físicas
A prática de atividades físicas promove um bem geral ao organismo e também protege contra o câncer. Isso se deve graças à capacidade, em especial de exercícios aeróbicos, de diminuir a circulação das citocinas pró-inflamatórias no organismo.
Alguns estudos preveem esse benefício. Um deles, publicado no Journal of the National Cancer Institute, diz que adolescentes que praticam exercícios físicos estão mais distantes do câncer de mama. Neste caso, isso acontece porque os exercícios são capazes de reduzir os níveis de estrogênio, hormônio que tem sido relacionado ao risco de câncer.
Mantenha a atenção à sua saúde
Sabemos que o nosso corpo dá sinais quando algo não está certo. Isso também vale para casos de câncer. É importante prestar atenção no corpo, pois só assim é possível notar a presença de algum caroço estranho, uma íngua, mancha na pele ou outro sinal.
É importante realizar todos os exames de diagnóstico precoce indicados pelo seu médico. Existe uma série de exames que são fundamentais na hora de detectar os diversos tipos de cânceres. Entre eles a mamografia, que deve ser feita a partir dos 50 anos para detectar o câncer de mama ou a coleta do PSA - exame de sangue que pode detectar câncer de próstata.
Referências
Instituto Nacional do Câncer (INCA)