Felipe Ades é oncologista clínico com experiência em pesquisa clínica e pesquisas no campo de saúde pública e políticas...
iRedatora especializada em conteúdos sobre saúde, beleza e bem-estar.
O que é Imunoterapia?
A imunoterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que visa estimular o sistema imunológico para combater o avanço da doença por meio da administração de medicamentos orais ou injetáveis. O objetivo do método é que o próprio organismo elimine o câncer com menos toxicidade e mais efetividade.
Ela pode ser feita de duas formas: estimulando o próprio sistema imune do paciente a trabalhar mais fortemente contra as células do câncer ou oferecendo ao sistema imunológico componentes feitos em laboratório, como proteínas do sistema imune. Anticorpos monoclonais e vacinas contra o câncer são alguns dos principais tipos de imunoterapia utilizados atualmente no combate à doença.
Saiba mais: Câncer é a doença que mais mata pessoas de 15 a 29 anos, aponta Inca
Tipos
Existem quatro tipos principais de imunoterapia contra o câncer, como:
Anticorpos monoclonais
A terapia com anticorpos monoclonais envolve o uso de células de defesa humanas feitas em laboratório que podem atacar algumas partes específicas da célula tumoral. Esse tipo de imunoterapia é comum no tratamento de pacientes com:
- Câncer de mama
- Leucemia linfoide aguda
- Leucemia linfoide crônica
- Linfoma anaplástico de grandes células
- Linfoma de Hodgkin
- Linfomas células B
- Linfomas não-Hodgkin de células B
Inibidores de checkpoint imunológico
Os inibidores de checkpoint imunológico, também chamados de inibidores dos pontos de controle, são medicamentos que “freiam” o sistema imune, ajudando a reconhecer e atacar células cancerígenas. São utilizadas no tratamento de pacientes com:
- Câncer de bexiga
- Câncer de cabeça e pescoço
- Câncer de pulmão de células não pequenas
- Câncer renal
- Linfoma de Hodgkin
- Melanoma
Vacinas contra o câncer
Algumas partes das células tumorais podem ser mudadas em laboratório, diminuindo sua agressividade e devolvidas ao paciente para estimular o sistema imune a combater o câncer. São utilizadas na prevenção de tumores relacionados à infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), como:
- Câncer anal
- Câncer de colo de útero
- Câncer de garganta
- Câncer de pênis
As vacinas para o câncer também podem ser utilizadas na prevenção do câncer de fígado relacionado à infecção pelo vírus da hepatite B:
- Glioblastoma
- Câncer de mama
- Câncer de cólon e reto
- Câncer de próstata
- Câncer renal
- Câncer de pulmão
- Linfomas
- Melanomas
- Câncer de pâncreas
Imunoterapias não específicas
As imunoterapias não específicas são drogas que estimulam a resposta do sistema imune contra células de câncer. No entanto, elas estimulam o sistema imune de uma forma mais geral e não específica como as anteriores. São utilizadas em pacientes com:
- Câncer de rim metastático
- Câncer renal
- Leucemia mielóide crônica
- Linfoma de células-T cutâneo
- Linfoma não-Hodgkin folicular
- Melanoma
- Sarcoma de Kaposi
Efeitos colaterais da imunoterapia
A imunoterapia apresenta melhor tolerância do que outros tratamentos de câncer, como a quimioterapia, mas cada grupo destes medicamentos pode ter efeitos colaterais diferentes. Os principais são:
Anticorpos monoclonais
- Calafrios
- Dor de cabeça
- Diarreia
- Febre
- Fraqueza
- Lesões de pele
- Náusea e vômitos
- Pressão baixa
Inibidores de checkpoints imunológicos
Imunoterapias não específicas
- Baixa contagem de glóbulos brancos do sangue
- Calafrios
- Dor de cabeça
- Fadiga
- Febre
- Lesões de pele
- Náusea
- Vômitos
Perguntas frequentes
Imunoterapia é considerada um tratamento experimental?
Muitos medicamentos utilizados na imunoterapia ainda estão em fase de pesquisa — enquanto outros estão passando por processos de aprovação pelas agências regulatórias ao redor do mundo, como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil e o FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos.
Contudo, apesar disso, muitos tipos já são bem estabelecidos e aprovados pelas principais agências internacionais, então não é mais experimental e sim tratamentos pesquisados e sabidamente eficazes no tratamento de determinados cânceres.
Quanto tempo dura a imunoterapia?
O tempo de tratamento da pessoa com imunoterapia depende da eficácia que as drogas estão mostrando no combate ao câncer e da tolerância do paciente ao tratamento. Nos estudos, elas têm sido usadas normalmente por até dois anos, mas a duração ideal do tratamento ainda não foi estabelecida.
Quais são os riscos da imunoterapia?
Os maiores riscos da imunoterapia envolvem o tratamento não funcionar e os efeitos colaterais serem muito fortes, inviabilizando esta forma terapêutica para a pessoa. Porém, os efeitos colaterais da não são graves o suficiente a ponto de trazerem riscos ao paciente.
Saiba mais: Medidas reduzem a exposição do paciente quimioterápico a infecções
Qual é a diferença entre quimioterapia, radioterapia e imunoterapia?
A quimioterapia é um tipo de tratamento que introduz compostos químicos, os chamados quimioterápicos, na circulação sanguínea para combater o câncer. O mecanismo de ação depende de cada quimioterápico. Já a radioterapia envolve a aplicação de radiação nas áreas afetadas pelo câncer, destruindo o tumor ou impedindo que as células aumentem. A ideia da imunoterapia é estimular o organismo do paciente a eliminar a doença, o que promove menos efeitos colaterais e apresenta menor impacto na qualidade de vida do paciente.
Referências
Manual MSD
Renata D'Alpino, oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRM: 126566/SP
Mariana Laloni, oncologista do Centro Paulista de Oncologia - CRM: 102379/SP. Robson de Castro Coelho, oncologista pediátrico do Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos - CRM: 103492/SP
Artur Katz, médico oncologista e coordenador de Oncologia Clínica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês - CRM: 41625/SP