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iGinecologista com mais de 10 anos de experiência especializado em Gestação de Alto Risco, Ginecologia, Medicina Fetal.
iO que é pílula anticoncepcional?
A pílula anticoncepcional é um método de contracepção que contém uma combinação de hormônios, normalmente estrogênio e progesterona sintéticos, para evitar a ovulação e impedir uma gravidez não programada. Os hormônios são substâncias produzidas pelo corpo, ou desenvolvidas em laboratório, para regular e controlar o funcionamento do organismo e seus sistemas — como o sistema reprodutivo.
Risco de engravidar | 0,1% com uso perfeito e 5% com o uso típico |
Efeitos colaterais do anticoncepcional | Náuseas, perda de libido e dores de cabeça |
Vantagens do anticoncepcional | Alta eficácia, regulação da menstruação, redução de cólicas e do fluxo |
Desvantagens do anticoncepcional | Adesão difícil (não pode esquecer) e risco aumentado de trombose |
Contraindicações do anticoncepcional | Mulheres com histórico de trombose, enxaqueca ou câncer de mama e ovário familiar. Pacientes com diagnóstico de diabetes ou suspeita de gravidez não devem tomar pílula |
Como funciona a pílula anticoncepcional?
Todo mês, o corpo feminino se prepara para uma possível gravidez, passando por mudanças que duram em média de 25 a 30 dias. Elas resultam da liberação de quatro hormônios pelos ovários e pela hipófise — glândula localizada no cérebro que comanda a ação de várias outras glândulas no organismo. São eles:
- FSH: liberado pela hipófise no começo do ciclo menstrual, ele alerta os ovários que os folículos ovarianos, estruturas onde os óvulos se desenvolvem, podem começar a se desenvolver
- Estrógeno (estradiol): assim que os folículos começam a se desenvolver, eles produzem esse hormônio, que prepara o corpo para uma possível gravidez. Começa a fase folicular do ciclo menstrual (com duração entre 12 e 16 dias), que acaba quando o estradiol chega em seu pico e estimula a hipófise a produzir o hormônio LH. Esse hormônio é reposto nas pílulas anticoncepcionais e pode ser reproduzido com o uso de etinilestradiol, um estrogênio sintético, ou valerato de estradiol, um hormônio natural
- LH: o aumento do LH leva à ovulação de 24 a 36 horas após seu pico, ou seja, marca o início da fase lútea do ciclo menstrual, quando há o aumento da produção de progesterona pelos ovários
- Progesterona: a progesterona leva ao espessamento do endométrio, que se prepara para abrigar um possível bebê. Quando não há fecundação, a progesterona começa a cair, o que leva à descamação do endométrio no final de 14 dias, ou seja, a menstruação. Nas pílulas ele é encontrado na composição com os seguintes nomes: levonorgestrel, gestodeno, desogestrel, acetato de ciproterona, drospirenona, clormadinona, dienogest
Saiba mais: Pílula do dia seguinte: valor, como usar e nomes
Quando a pessoa toma a pílula anticoncepcional, ela passa a ter os hormônios do ovário vindos de uma fonte externa, o que bloqueia o eixo hormonal da hipófise — isto é, a faz reduzir ou deixar de produzir o LH e FSH nos momentos necessários. Com isso, não ocorre a ovulação, uma vez que ela precisa de um pico de LH para ocorrer. Esses novos hormônios também levam a outras alterações no organismo, como:
- Espessamento do muco cervical, impedindo a penetração dos espermatozoides na cavidade uterina
- Alteração do revestimento de dentro do útero, o endométrio, impedindo a implantação do feto
- Alteração do transporte de espermatozoides e óvulo dentro das trompas
Dosagem da pílula anticoncepcional
A ação do anticoncepcional ocorre independente da quantidade de hormônio presente na pílula, mas alguns podem conter dosagens hormonais diferentes. Isso está associado ao quanto a pessoa está bloqueando a ação da hipófise e ao tempo que ela pode demorar a se restabelecer quando o uso do anticoncepcional é interrompido.
Quando a pessoa toma anticoncepcional e faz exames de dosagem de LH e FSH, os resultados podem ser baixos ou podem estar abaixo do considerado limítrofe. No último caso, é porque a hipófise está com o eixo bem controlado e quase não produz esses hormônios, parando de agir quase que totalmente.
Todavia, se a pessoa fica nesse estado por muito tempo, ao deixar de tomar a pílula, é possível que demore até um ano para a hipófise restabelecer o eixo antigo. Algumas podem ficar sem menstruar por até um ano devido a este processo. A condição é chamada amenorreia hipofisária.
Já pílulas com dosagens menores (como as que contêm apenas progesterona) ou que variam a quantidade dos hormônios ao longo do mês ficam mais próximas do ciclo normal, fazendo com que a hipófise só reduza sua produção hormonal, mas não a pare totalmente. Isso torna o processo de retorno ao ciclo menstrual normal mais fácil quando a pílula for descontinuada.
No entanto, vale ressaltar que pílulas que bloqueiam a hipófise com maior eficiência também são pílulas que protegem mais contra a gravidez, pois há uma menor chance de a hipófise retomar seu eixo hormonal com os ovários em casos de esquecimentos ou erros de horários ao tomar a pílula.
Saiba mais: Conheça a composição das pílulas e faça a melhor escolha
Como tomar a pílula anticoncepcional?
A pílula anticoncepcional pode ser usada de duas formas:
- Uso intervalado: neste esquema você deve ingerir as pílulas durante o período de tempo indicado (normalmente 21 ou 24 dias) e fazer a pausa indicada pelo fabricante (entre 7 e 3 dias)
- Uso contínuo: aqui a pílula é ingerida continuamente, com pausas planejadas com o ginecologista quando necessárias
Tipos
Tipos de pílulas anticoncepcionais
As pílulas anticoncepcionais inicialmente são combinadas em duas categorias, sendo elas:
Pílulas de progesterona ou minipílula
As pílulas de progesterona, ou minipílulas, normalmente possuem apenas o hormônio em sua composição — sem o estrógeno associado. Com isso, elas trazem a menor carga possível hormonal. Elas agem impedindo a entrada das células do esperma no útero, mas nem sempre impedem a maturação do óvulo, que é a ação principal das pílulas combinadas. Tudo depende da quantidade de progesterona que elas contêm.
Normalmente, estas pílulas devem ser tomadas continuamente e todos os 28 comprimidos possuem hormônios, às vezes com cargas hormonais diferentes, pois simulam as variações das taxas de progesterona e de estrógeno do ciclo menstrual natural da mulher.
Pílulas anticoncepcionais combinadas
As pílulas anticoncepcionais combinadas normalmente possuem a combinação de progesterona com estrógeno e podem se dividir em duas formas, sendo elas:
- Monofásica: aquelas em que todos os comprimidos possuem a mesma quantidade de hormônio. Os hormônios do comprimido bloqueiam a liberação do hormônio que estimula o crescimento e a ovulação do ovário
- Multifásica: aquelas em que os comprimidos possuem diferentes quantidades de hormônios. Elas tentam imitar como seria a produção hormonal do organismo para aquele dia do ciclo
Como escolher a melhor pílula anticoncepcional?
As diferentes pílulas anticoncepcionais são indicadas de forma particular a cada pessoa. Por exemplo, as pílulas de progesterona são indicadas a mulheres que estão amamentando, pois elas não podem tomar estrógenos.
Contudo, diversos fatores devem ser levados em conta, como:
- Desejo ou não de menstruar
- Presença ou ausência de acne
- Presença ou ausência de inchaço
- Quantidade e nível de cólicas
- Vontade ou não de engravidar logo quando deixar a pílula
- Presença de problemas ginecológicos, como síndrome do ovário policístico, mioma e outros
Quais as chances de engravidar usando pílula anticoncepcional?
As chances de gravidez com a pílula anticoncepcional não dependem apenas da pílula, mas também da adesão ao tratamento. Respeitar os horários e não esquecer de tomar o comprimido torna-o mais eficaz. Com o uso perfeito, pode-se considerar que as pílulas têm eficácias semelhantes, cerca de 99,8%. Para garantir que você está usando corretamente, certifique-se que:
- Você toma sua pílula todos os dias no mesmo horário
- Você ingere sua pílula com água
- Mesmo quando você esquece, consegue tomá-la em até 12 horas.
O uso contínuo, diário e no mesmo horário é essencial, afinal o organismo tem de receber a dose diária do hormônio de maneira correta para que a sua eficácia esteja mais garantida. São essas doses hormonais que irão prevenir a gravidez, pois elas atuam inibindo a ovulação — e, com isso, evitando a fecundação.
Saiba mais: Esqueceu a pílula anticoncepcional? Veja o que fazer
No primeiro mês de pílula, no entanto, usá-la sozinha pode não proteger tão bem de uma gravidez, pois o corpo começa a se acostumar com esse novo esquema hormonal, sendo importante associá-la a outros métodos anticoncepcionais.
Além disso, alguns outros fatores podem reduzir a eficácia da pílula anticoncepcional:
- Uso de antibióticos
- Apresentar quadro de diarreia ou vômito após ter ingerido a pílula
- Trocá-la por outro método contraceptivo e não usar preservativo nas primeiras semanas
E se eu engravidar quando estiver usando a pílula?
Por mais que a pílula anticoncepcional seja um dos métodos anticoncepcionais mais eficazes, ela precisa ser tomada diariamente e com horários regulares para que impeça de fato a gravidez. Quando você deixa de tomar algum dia ou tem atrasos longos (de mais de 12 horas) e frequentes, ainda há chance de engravidar, mesmo que o uso não seja interrompido.
Como muitas mulheres só percebem uma gravidez depois de algumas semanas, isso pode levá-las a tomar pílula anticoncepcional durante o início da gestação. O ideal é que ela suspenda a medicação assim que tomar ciência da gestação e inicie imediatamente o pré-natal.
Mesmo que a gravidez seja descoberta após algumas semanas utilizando a pílula anticoncepcional, os casos de problemas na gestação causadas pelo uso do medicamento no início da gravidez são raros. Embora a pílula provoque uma alteração hormonal necessária para que organismo interrompa a ovulação, ela não contém carga elevada de hormônios que possam prejudicar a gestação.
Quanto tempo a mulher demora para engravidar quando deixa de tomar a pílula?
Após a interrupção da pílula anticoncepcional, o corpo da mulher demora alguns meses para se acostumar com a nova situação. O ovário precisa voltar a funcionar, o que pode levar uma média de 1 a 3 meses, tempo para que o ciclo menstrual se reorganize.
Porém, tudo depende de quanto tempo a mulher ficou com seu ciclo menstrual "em suspenso" e o quanto a hipófise ficou inativa nesse período: se as quantidades de hormônios que ela estava produzindo nesse período forem muito baixas, pode levar até um ano para voltar a menstruar, ou seja, retomar o ciclo menstrual normal. Isso é mais comum em mulheres que tomam pílulas muito fortes, por muito tempo ou com cargas hormonais muito semelhantes ao longo da cartela.
Com a interrupção do uso da pílula anticoncepcional, a gravidez deve vir naturalmente em até um ano. Se após doze meses tentando engravidar naturalmente o casal não obtiver sucesso, é necessário realizar uma avaliação médica conjunta.
Saiba mais: 5 reações do corpo quando você para de tomar pílula anticoncepcional
Se tomo pílula anticoncepcional, preciso usar camisinha?
Sim, precisa, mas isso pouco tem a ver com o risco de engravidar. A pílula apenas previne uma gestação não planejada, enquanto a camisinha também protege contra infecções sexualmente transmissíveis (IST's). É essencial o uso da camisinha masculina ou feminina durante o sexo independente do anticoncepcional, principalmente se você não conhece o histórico do parceiro ou parceira.
Efeitos colaterais da pílula anticoncepcional
Mesmo que a pílula esteja adequada para e você esteja tomando corretamente, seu uso pode causar alguns efeitos colaterais. Não podemos esquecer que ela é um medicamento, e como tal pode causar reações não desejadas no corpo. Veja os principais efeitos colaterais esperados da pílula anticoncepcional:
- Dores de cabeça
- Redução da libido
- Náuseas
Além disso, existe uma série de efeitos adversos que podem acontecer quando a pílula não está adequada ou seu uso está sendo feito de maneira incorreta — como a trombose venosa profunda. Essa relação existe porque a pílula exerce efeito sobre a coagulação sanguínea, favorecendo o processo de formação de coágulos.
É importante ressaltar que o uso da pílula é apenas um dos muitos fatores que favorecem o risco de trombose. Quanto mais fatores a pessoa manifesta, maiores são as chances de ela ser afetada com a doença.
Portanto, pessoas que usam pílula anticoncepcional podem ter mais ou menos risco de trombose a depender de outras condições. Nesses casos, o risco é maior no primeiro ano de uso da pílula e está aumentado em tabagistas acima de dez cigarros por dia.
Pílula anticoncepcional engorda?
Algumas pílulas podem aumentar a retenção de líquidos, mas não se pode culpar grandes aumentos de peso aos anticoncepcionais, já que o inchaço acrescentará no máximo 1,5 a 2 kg no peso. Se este for o caso, a paciente deve consultar um ginecologista e solicitar a mudança do método contraceptivo.
Vantagens e desvantagens pílula anticoncepcional
A maior desvantagem da pílula anticoncepcional está na sua adesão: o uso diário que não pode ser esquecido, assim como o prazo correto para fazer o intervalo e reiniciar a cartela.
Já as principais vantagens do anticoncepcional são:
- Alta eficácia contra a gravidez
- Regularização do ciclo menstrual
- Controle do fluxo e cólicas
- Redução de acne
- Possibilidade de ser usada por mulheres que já engravidaram e também que nunca tiveram filhos
Também é comum que ocorra redução dos dias, do fluxo menstrual e dos sintomas de TPM. Algumas pílulas também podem melhorar as dores de cabeça e o inchaço, sintomas comuns ligados à menstruação.
Contraindicações da pílula anticoncepcional
As pílulas anticoncepcionais são contraindicadas em casos de:
- Histórico de trombose, embolia pulmonar ou derrame cerebral
- Histórico de enxaqueca acompanhada de sintomas como problemas visuais, dificuldade de fala, fraqueza ou dormência em qualquer parte do corpo
- Diagnóstico de diabetes
- Histórico familiar de câncer relacionados à hormônios sexuais (câncer de mama, câncer de ovário etc)
- Presença de sangramento vaginal sem causa
- Suspeita de gravidez
Alguns desses casos, no entanto, podem até usar a minipílula — o ideal é sempre conversar com um ginecologista.
Bulas das pílulas anticoncepcionais
Veja a seguir as bulas das principais pílulas anticoncepcionais para entender melhor como a que você usa funciona:
- Allestra 20
- Cerazette
- Ciclo 21
- Desogestrel
- Diane 35
- Diclin
- Drospirenona + etinislestradiol
- Elani 28
- Gestinol 28
- Gracial
- Juliet
- Level
- Levonorgestrel
- Mercilon
- Norestin
- Selene
- Siblima
- Tantin
- Yasmin
- Yaz
Referências
Ginecologista e mastologista Milca Chade (CRM-SP 125636)
Angiologista Bruno Naves (CRM-SP 13800)
Ginecologista Daniela Maeyama, especialista em reprodução humana do Hospital São Luiz (CRM-SP 94487)
Ginecologista Joji Ueno, diretor da Clínica Gera e doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (CRM-SP 48486)