Oncologista clínico e diretor técnico do Centro de Oncologia Campinas (COC) e do Centro do Câncer da Santa Casa de Pirac...
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O que é Ultrassom de mamas?
O ultrassom da mama é um exame de imagem usado para identificar possíveis alterações mamárias, como nódulos e lesões. Ele é realizado por meio de um transdutor (dispositivo portátil acoplado à máquina) que é encostado ao corpo do paciente.
O exame é feito da seguinte forma: são emitidas ondas de som em alta frequência (inaudíveis) que fazem os tecidos vibrarem. Essa vibração é captada instantaneamente pelo aparelho.
“O tecido mamário tem uma densidade [...] Essa leitura das ondas sonoras vai para o computador para apontar essa diferenciação de densidade do líquido para o sólido”, conta o oncologista Fernando Medina.
Com isso, o método consegue analisar se há presença de nódulos sólidos ou císticos sem precisar de radiação ionizante - ondas eletromagnéticas de frequência muito elevada que podem prejudicar o tecido e são usadas em raio-x e tomografia, por exemplo.
Um exame de ultrassonografia de mamas leva de 10 a 15 minutos. No entanto, a radiologista Carla Benetti explica que esse tempo pode ser bastante variável, de acordo com o tamanho das mamas e possíveis alterações detectadas.
Tipos de ultrassom da mama
Segundo o radiologista Alexandre Pupo Nogueira, não existem diferentes tipos de ultrassom das mamas, tudo irá depender dos programas inseridos em seu software.
"Pode-se realizar doppler-scan que permite avaliar fluxos de líquidos, como o sangue dentro de veias e artérias, ou montagem em 3D de estruturas para avaliar seu volume e forma, permitindo permite avaliar quão dura (mais ou menos elástica) é uma estrutura sólida (elastografia)", explica.
Diferença entre ultrassom da mama e mamografia
A mamografia é o principal e mais eficaz exame de rastreamento de câncer de mama. Diferentemente do ultrassom das mamas, que é um método auxiliar na detecção de lesões sólidas ou císticas na mama.
A radiologista Carla Benetti afirma que é aconselhável fazer os dois exames em casos de mamas densas, já que a utilização de ultrassonografia pode aumentar a sensibilidade na detecção dos cânceres de mama.
A mamografia é o único método de prevenção secundária comprovadamente capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama. Estima-se uma redução de 25% a 30% na mortalidade em pacientes que fazem a mamografia anualmente. Por isso, é importante alertar que o ultrassom de mamas não substitui a mamografia.
"Algumas tentativas de substituir a mamografia pelo ultrassom na situação do rastreamento foram realizadas, porém sem sucesso e com resultados nem sempre consistentes [...] não estando indicado pelo Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR)", reforça o médico Henrique Lima Couto.
Saiba mais: Ultrassonografia não substitui mamografia no diagnóstico de câncer de mama
Contraindicações
Contraindicações
Não há contraindicações ao exame. De qualquer forma, caso tenha alguma condição de saúde, é importante avisar o médico antes da realização do exame.
Não há contraindicações e nenhum risco em fazer o ultrassom da mama, principalmente por não conter radiação ionizante. De qualquer forma, caso tenha alguma condição de saúde, é importante avisar o médico antes da realização do exame.
Um ponto de atenção é não usar talco, cremes na pele e desodorantes antes de fazer o exame. “Isso porque o desodorante possui em seus componentes aquele ‘talco’ e, às vezes, pode dar alteração na imagem. A imagem pode ficar distorcida”, explica Medina.
Além disso, Alexandre Nogueira aconselha que o procedimento seja realizado logo após a menstruação ou até 12 dias de menstruar.
Para que serve o ultrassom de mamas?
A ultrassonografia mamária serve para detectar possíveis lesões da mama, como aquelas que podem ser palpadas, mas não são visualizadas na mamografia ou em mulheres com tecido mamário denso.
O exame pode ser utilizado na distinção entre os cistos (lesões com conteúdo líquido) e nódulos sólidos, ambos com aspecto de nódulos para a mamografia. Além disso, é um importante meio de direcionamento de biópsias das mamas nas pacientes que necessitam desses procedimentos.
Quando o ultrassom de mama é indicado?
A ultrassonografia das mamas pode ser indicada nos seguintes casos:
- Pacientes jovens (abaixo dos 40 anos) com queixa de alteração palpável
- Pacientes com alterações vistas na mamografia que necessitam de avaliação complementar
- Pacientes com tecido mamário denso na mamografia, com o intuito de aumentar a sensibilidade na detecção de câncer de mama
- Pacientes com histórico familiar de câncer de mama
- Pacientes que necessitam de avaliação de implantes de silicone
- Pacientes que não podem ser expostas a exames com radiação ionizante, como gestantes.
Além disso, o médico Alexandre Nogueira explica que homens também podem ter câncer de mama. Por isso, homens com suspeita de nódulos de mamas e ginecomastia também devem ser avaliados com ultrassom de mamas. Existe em média um caso de câncer de mama em homens para cada 100 casos em mulher.
Saiba mais: Homens também podem ter câncer de mama? Especialista explica
O que significa o resultado do exame?
Os possíveis resultados do ultrassom de mamas vão desde um exame inconclusivo até aqueles em que a paciente já possui um diagnóstico de câncer de mama, porém ainda não operou ou está em tratamento quimioterápico antes da cirurgia.
Para facilitar o diagnóstico, os médicos utilização a classificação do Colégio Americano de Radiologia (ACR), que é categorizada de 0 (zero) a 6 (seis). Essa classificação é conhecida como BIRADS® (Breast Imaging Reporting and Data System) e está dividida em:
- BIRADS 0: Exame inconclusivo, necessita avaliação adicional
- BIRADS 1: Exame negativo (normal)
- BIRADS 2: Achados ultrassonográficos benignos
- BIRADS 3: Achados ultrassonográficos provavelmente benignos (recomendação inicial de controle em 06 meses)
- BIRADS 4: Achados suspeitos para malignidade (sugerido prosseguimento na investigação diagnóstica)
- BIRADS 5: Achados altamente suspeitos para malignidade (sugerido prosseguimento na investigação diagnóstica)
- BIRADS 6: Malignidade conhecida (paciente já tem diagnóstico de câncer de mama com biópsia).
A radiologista Carla Benetti alerta que é importante retornar ao médico assim que tiver os resultado, para evitar interpretações equivocadas.
"A maioria das lesões com suspeita de malignidade (BIRADS® 4) que necessitam de biópsia são benignas. Portanto, não é necessário se desesperar quando o resultado não for inicialmente favorável. O objetivo dos exames de imagem da mama é a detecção de lesões iniciais, cujo tratamento determine a cura", afirma a especialista.
Saiba mais: Câncer de mama: entenda a classificação BIRADS
Perguntas frequentes
O ultrassom de mamas é oferecido pelo SUS?
O exame de ultrassom de mama é oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo indicado para o diagnóstico e investigação complementar para pacientes com exame clínico alterado ou alterações a mamografia de rastreamento.
É preciso fazer ultrassom da mama a partir de qual idade?
Não tem idade. “A pessoa faz o ultrassom quando tem suspeita de nódulo, é independente da idade”, indica o oncologista Fernando Medina. O exame também é indicado para mulheres pré-menopausadas, com idade média de 50 anos. Então, a indicação é: se você tem um nódulo palpável, realize o ultrassom.
Qual deve ser a periodicidade do exame?
Segundo o especialista Henrique Lima Couto, o ultrassom de mama pode ser realizado anualmente como forma complementar ao rastreamento mamográfico em pacientes com mama densa, risco intermediário e alto risco de câncer de mama. "Para as pacientes com mamas densas e risco intermediário a partir dos 40 anos e para as de alto risco a partir dos 25 anos", explica.
Referências
1 - Carla Benetti, médica radiologista especializada em mamas do Salomão Zoppi Diagnósticos
2 - Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista e obstetra membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, no qual integra o projeto Parto Adequado, união de forças de hospitais particulares para reduzir o número de cesarianas. É também mastologista e Membro Titular do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio Libanês.
3 - Flora Finguerman, médica radiologista e coordenadora médica do Centro de Mamas do Alta Excelência Diagnóstica.
4 - Henrique Lima Couto, médico em saúde da mulher e coordenador do Curso de Imaginologia Mamária e Procedimentos Minimamente Invasivos em Mastologia da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia).
5 - Alberto Lobo, radiologista do Fleury Medicina e Saúde.
6 - Fernando Medina, oncologista clínico e diretor técnico do Centro de Oncologia Campinas (COC) e do Centro do Câncer Santa Casa de Piracicaba (CECAN).