Médico nefrologista formado e especializado pela Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp).
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O que é hemodiálise?
A hemodiálise é um procedimento de filtragem do sangue para retirar toxinas e excesso de água no organismo. Chamada de “rim artificial”, a técnica é indicada quando há perda significativa ou total das funções renais, como em casos de insuficiência renal.
“Hemodiálise é um tratamento para manter um paciente com doença renal crônica equilibrado e com boa qualidade de vida. Ou para salvar a vida de um paciente com insuficiência renal aguda", explica Carmen Tzanno, médica nefrologista
Para que serve
Conhecida também como “Terapia Renal Substitutiva”, a hemodiálise serve para retirar o excesso de líquidos e sujeiras que se acumulam no sangue de pacientes com funcionamento renal altamente prejudicado.
De acordo com o nefrologista Roberto Galvão, da Clínica Paulista de Nefrologia, o tratamento é também capaz de corrigir distúrbios de acidose metabólica (excesso de ácido e falta de bicarbonato no sangue em decorrência da falência renal) e eletrolíticos, como a hiperpotassemia (aumento de potássio no sangue, levando à fraqueza e parada cardíaca).
Tipos
Existem diversos tipos de hemodiálise, que variam conforme o caso do paciente. Contudo, o nefrologista e nutrólogo Alexandre Carvalho Pinto Coelho aponta três principais tipos:
Hemodiálise convencional: é aquela em que o paciente realiza sessões de cerca de 4 horas, três vezes por semana.
Hemodiálise diária: é realizada de 5 a 7 vezes por semana, com sessões de 2 horas de duração.
Hemodiálise contínua: indicada para ocorrências graves, com pacientes internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) devido à falência dos rins ou doença renal aguda. Consiste em 24 horas por dia de tratamento ininterrupto, enquanto durar o quadro agravado.
Considerações
Como é feita
A hemodiálise é um procedimento de circulação extracorpórea. Ou seja, por meio de um acesso vascular apropriado (cateter ou fístula), o sangue do paciente é sugado pela bomba da máquina e circula através de um circuito, que atinge um filtro dialisador.
Nesse filtro, ocorre a remoção da água e de substâncias impuras, como a ureia e a creatinina, além do controle de teores de nutrientes e ácidos, como o potássio. Após a passagem pelo filtro, o sangue segue pelo circuito, retornando ao paciente pelo mesmo acesso vascular.
O cateter de hemodiálise é colocado em uma veia no pescoço, virilha ou peito após anestesia local. Já a fístula é aplicada em uma veia no braço.
Para quem é indicada
A hemodiálise é indicada para pacientes com:
- Falência renal
- Insuficiência renal aguda
- Doença renal crônica em estágio 5 (perda progressiva e irreversível da função dos rins)
- Funcionamento renal abaixo de 15%
Pessoas que têm as condições acima costumam apresentar hipertensão, inchaço, náuseas, vômitos, cansaço, desnutrição, falta de apetite, pericardite, acidose, insuficiência cardíaca e elevação do potássio no sangue.
Benefícios da hemodiálise
A hemodiálise tem como objetivo substituir as funções primordiais dos rins. Portanto, ao iniciar o tratamento, o paciente perceberá melhoras expressivas dos sintomas relacionados a doenças renais, como:
- Apetite normalizado;
- Maior disposição;
- Menos fadiga;
- Dieta mais equilibrada;
- Menos risco de morte súbita
Atenção: Para ter acesso aos benefícios completos da hemodiálise, é recomendado que o paciente faça um acompanhamento conjunto e multidisciplinar, com nefrologistas, enfermeiros e nutricionistas.
Onde fazer
A hemodiálise é um tratamento fornecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde) sem qualquer custo para o paciente. Disque 136 (ligação gratuita) para mais informações.
Após atendimento por nefrologista do SUS, é comum o encaminhamento para clínicas de diálise parceiras e particulares, mas não haverá cobrança ao paciente.
Caso tenha dúvidas sobre o encaminhamento para realização da hemodiálise, entre em contato com a Fundação Pró Rim pelo telefone 0800 474 546 ou pelo e-mail relacionamento@prorim.org.br.
Riscos da hemodiálise
A hemodiálise é um tratamento bastante seguro, não apresentando riscos ao paciente na maioria dos casos. “Os principais riscos são decorrentes da própria doença renal”, explica o especialista Roberto Galvão.
Algumas complicações também podem ser recorrentes de infecções no local de acesso vascular para hemodiálise; isto é, onde a fístula arteriovenosa ou o cateter é aplicado.
Assim, os riscos - apesar de raros - são:
- Arritmia cardíaca
- Infecção
- Dilatação do acesso vascular
Riscos de não fazer hemodiálise
Especializado em pronto-socorro e nefrologia, Alexandre Carvalho alerta para riscos severos por quem recusa a hemodiálise. “[Nestes casos], pacientes sofrem um altíssimo risco de complicações agudas, como edema agudo pulmonar, arritmia decorrente da hiperpotassemia, convulsões e até morte súbita”.
Efeitos colaterais
Nefrologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Carmen Tzanno ressalta que “a hemodiálise é um tratamento para manter um paciente com doença renal crônica equilibrado e com boa qualidade de vida. Ou para salvar a vida de um paciente com insuficiência renal aguda”.
Ela aponta que geralmente o paciente não apresenta reações. Quando apresentados, os principais efeitos colaterais da hemodiálise são:
- Pressão baixa (queda da pressão arterial ou hipotensão)
- Cãibras
- Náusea
- Vômito
- Dor de cabeça
- Fadiga
- Dor no peito
- Dor nas costas
A queda de pressão é o efeito mais frequente entre os pacientes de hemodiálise, principalmente naqueles que ganham peso entre as sessões. Porém, conforme o paciente se adapta à terapia, as reações costumam desaparecer ou serem cada vez mais raras.
Duração do tratamento
A duração das sessões de hemodiálise variam conforme o tipo de tratamento, podendo ser de 4 horas semanais até contínuo, 24 horas por dia.
Em relação a todo o período do procedimento, em pacientes com insuficiência renal aguda, a hemodiálise costuma ser temporária conforme a progressão ou regressão da doença.
Já em casos de doenças renais crônicas, a hemodiálise é permanente. O tratamento somente é suspenso em caso de transplante renal.
Cateter x fístula
A maioria das sessões de hemodiálise são feitas por fístula que, comparada ao cateter, é a melhor opção de acesso ao sangue do paciente. Isso porque o local onde é colocado o cateter é mais sensível (tórax, pescoço ou virilha) e costuma ficar dolorido após o efeito da anestesia local.
O cateter de hemodiálise costuma ser usado somente quando há dificuldade para punção de veias no braço do paciente.
Referências
Alexandre Carvalho Pinto Coelho, CRM 37606 - MG, nefrologista na NefroClínicas BH, integrante do comitê de Nefrologia da Unimed-BH, médico perito da Seplag-MG, residência em Clínica Médica (FHEMIG) e em Nefrologia (UNESP), graduado pela UFMG, pós-graduado em Pesquisa Clínica pela (Harvard), mestre em Saúde Pública (UFMG)
Carmen Tzanno, CRM 51924 - SP, médica do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pós-doutora em nefrologia, especializada em estudo de envelhecimento, alterações neurológicas e interações medicamentosas em pacientes em diálise
Roberto Galvão, CRM 87397 - SP, médico nefrologista da Clínica Paulista de Nefrologia
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Nefrologia