Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
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A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo humano. Também conhecido como hormônio do sono, uma de suas funções básicas é induzir a pessoa a dormir. Ela está relacionada com a regulação do metabolismo ao longo do dia, o que inclui os períodos em que a pessoa está dormindo ou acordada.
Sua ação de indução do sono fez com que indústrias farmacêuticas lançassem sua versão sintética, amplamente vendida como suplemento em outros países, como Estados Unidos e Europa.
No Brasil, a venda do suplemento hormonal só foi regulamentada e autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2021, sendo destinada exclusivamente para pessoas com idade igual ou maior que 19 anos e para o consumo diário de no máximo 0,21mg.
Além disso, o produto tópico feito em farmácias de manipulação já foi liberado para comercialização com receita médica.
Para que serve a melatonina
A melatonina é um hormônio ligado ao ciclo circadiano, ou seja, a forma como o organismo organiza suas funções quando estamos acordados e durante o sono.
A substância começa a ser produzida na glândula pineal quando o dia escurece, para ajudar o organismo se preparar para dormir. Ela atinge seu nível máximo quando estamos dormindo.
Com o nascer do sol e a volta da claridade, a glândula reduz a produção de melatonina, o que sinaliza que é o momento de acordar.
Por regular as funções do sono em todo o organismo, a maior parte dos órgãos possuem receptores para a melatonina.
Acredita-se que ela também tenha funções de regeneração celular e também ajude a combater inflamações no organismo.
Como hoje temos cada vez mais estímulos luminosos mesmo durante a noite, com a televisão, computadores e o uso constante do celular, algumas pessoas podem ter uma produção menor ou mais irregular da melatonina.
Indicações da suplementação de melatonina
Como a melatonina é um hormônio relacionado ao ciclo do sono, hoje essa substância é indicada para quem tem dificuldade de começar a dormir, de manter o sono ou de ter um descanso de qualidade durante a noite. Isso inclui as seguintes pessoas:
- Idosos, que costumam ter a melatonina mais baixa naturalmente;
- Pessoas que trabalham em turnos noturnos e precisam dormir durante o dia;
- Vespertinos, ou seja, pessoas que só conseguem dormir e acordar mais tarde;
- Viajantes que precisam se recuperar do jet lag ou querem prevenir esse problema com os fusos horários;
- Pessoas com alguns graus de cegueira, que devido à má percepção de luminosidade têm dificuldades em produzir o hormônio.
Vale lembrar que melatonina pode ser interessante para o tratamento de alguns tipos de insônia, mas não funciona com todas, já que sua eficiência só é comprovada na indução inicial do sono.
Um estudo publicado na "Genes and Cancer", feito por pesquisadores da Michigan State University (MSU), indica também que a melatonina, pode suprimir o crescimento de tumores cancerígenos na mama. Segundo David Arnosti, coautor do estudo, o que torna este trabalho tão especial é a compreensão do comportamento dos genes em seu ambiente natural e como eles interagem mediante a uma doença. Veja mais detalhes aqui.
Além disso, é importante ressaltar que a melatonina indicada para suplementação é uma dose muito maior do que o corpo libera.
Estima-se que toda noite a glândula pineal solte para o organismo 0,1 mg de melatonina, e os compridos de hoje podem ter até 3 mg da substância. Por isso é importante seguir uma indicação médica ao consumi-la.
Saiba mais: Melatonina: quando e como tomar o "hormônio do sono"
Como consumir
A melatonina é vendida no exterior em doses de até 10 miligramas. Normalmente quando ela é indicada para problemas do sono, os médicos orientam a consumir até 3 mg ao dia, entre uma e duas horas antes de dormir.
Quando falamos em crianças, não há uma dosagem atualmente considerada segura, e o ideal é não oferecer esse suplemento hormonal a elas.
Quais são os efeitos colaterais da melatonina?
Um dos principais efeitos colaterais do uso da melatonina é dores de cabeça e indisposição gástrica, segundo explica Custodio Michailowsky. Também é possível que algumas pessoas sintam tontura e náusea.
No entanto, consumir o hormônio sem orientação, e em horários e dosagens não recomendadas também pode gerar consequências.
"A produção de melatonina depende de cada indivíduo e a suplementação do hormônio, sem orientação médica, pode ser exagerada", alerta Fernando Gomes, médico neurologista e neurocirurgião.
Especialistas enfatizam que mais estudos são necessários para obter uma imagem mais clara dos potenciais efeitos colaterais da melatonina, especialmente quando usada a longo prazo.
Além disso, alguns pacientes relatam uma maior produção de sonhos quando consomem o suplemento. Já as crianças podem ter um aumento nos pesadelos durante a noite.
Contraindicações da melatonina
A melatonina sintética é contraindicada para pessoas com histórico de angina e infarto.
Fontes consultadas
Neurologista Rosa Hasan (CRM-SP 55.795), especialista em medicina do sono e responsável pelo Laboratório do Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo (HC - FMUSP)
Endocrinologista Andressa Heimbecher (CRM-SP 123579), doutoranda em endocrinologia na Universidade de São Paulo
Farmacêutica Luisa Saldanha, diretora da rede de farmácia de manipulação Pharmapele