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A amamentação traz diversos benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe, como fortalecer a imunidade do bebê, proteger contra alergias, oferecer nutrientes e aumentar o vínculo, além de favorecer o emagrecimento, prevenir câncer de mama e ajudar o útero a voltar ao normal mais rápido. Porém, um novo estudo sugere que o aleitamento também pode ser favorável para a saúde cardiovascular da mãe.
De acordo com o trabalho, publicado neste mês no International Breastfeeding Journal, a amamentação feita por seis meses ou mais pode reduzir o risco de desenvolvimento de problemas cardiovasculares nas lactantes por, pelo menos, três anos após o parto.
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O estudo descobriu que as mulheres que amamentaram seus bebês por, pelo menos, seis meses experimentaram menor pressão arterial e maior recuperação do peso corporal durante os três anos após o nascimento.
Segundo Claire Roberts, professora que lidera o grupo de pesquisa Pregnancy Health and Beyond da Flinders University, os resultados foram ainda mais positivos para mulheres com complicações na gravidez, pois elas registraram pressão arterial mais baixa e melhoraram as medidas de colesterol durante três anos pós-parto.
“Esses achados indicam que a amamentação pode colaborar para diminuir o risco cardíaco dessas pacientes. Todas tiveram diminuição da circunferência abdominal e diminuição do peso. Consequentemente, com esse emagrecimento, há a melhora do colesterol e da pressão arterial, reduzindo o risco cardíaco”, comentou Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, que não participou do estudo, ao MinhaVida.
Como foi feito o estudo?
O estudo acompanhou 280 mulheres e seus filhos entre 2018 e 2021, período em que realizaram testes de triagem que poderiam prever complicações resultantes da gravidez, chamado Screening Tests to Predict Outcomes of Pregnancy (STOP). De acordo com os autores, as mulheres que amamentaram por seis meses apresentaram índice de massa corporal (IMC) significativamente menor, assim como pressão arterial mais baixas do que aquelas que não amamentaram pelo período.
Além disso, os autores acreditam que se as mulheres que tiveram, pelo menos, uma complicação na gravidez - como pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional e diabetes gestacional - amamentassem por seis meses, no mínimo, elas melhorariam o perfil de colesterol e reduziriam a pressão arterial e a insulina.
Os benefícios da amamentação são prolongados?
A ginecologista e mastologista Mariana explica que os benefícios da amamentação podem, sim, ser sentidos a longo prazo, mas isso dependerá do estilo de vida da gestante. “Os efeitos positivos para a paciente que amamentou vão se prolongar dependendo do que aconteceu. Por exemplo, se ela perder peso e manter um estilo de vida com dieta adequada e exercício físico, esse benefício pode se prolongar”, explica. “Não tem tanto a ver com a amamentação proteger por muito tempo e, sim, com as mudanças de estilo de vida da mãe”, completa.
O mesmo vale para as mães que passaram por uma complicação durante a gestação. Segundo o estudo, os benefícios poderiam ser ainda maiores para elas, mas a premissa é a mesma. “Mulheres com pré-eclâmpsia ou diabetes gestacional são mulheres que entraram nessa gestação com alterações metabólicas importantes. Então, se elas conseguirem resolver essas questões no final da gestação, melhorando dieta, praticando exercícios e amamentando por mais tempo, com certeza terão melhora nessas condições de saúde”, afirma.
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A ginecologista reforça que o estudo possui limitações e que mais pesquisas precisam ser feitas para ter certeza dos benefícios da amamentação para a saúde cardiovascular. Os pesquisadores, de fato, recomendam que mais investigações sejam feitas em uma amostra maior de mulheres que amamentam em comparação com aquelas que optaram por não amamentar para confirmar a relação entre amamentação e saúde cardiovascular.
Os autores também recomendaram mais intervenções que apoiem o aleitamento em áreas desfavorecidas ou de baixo nível socioeconômico, particularmente para gestantes com complicações na gravidez.