Diretora médica e de operações do Femme Laboratório da Mulher.Graduada em Medicina pela Universidade de Brasília. Residê...
iRedatora especialista em temas relacionados com bem-estar, família e comportamento.
O que é Pré-eclâmpsia?
A pré-eclâmpsia é uma condição que pode afetar gestantes a partir da 20ª semana de gravidez, geralmente aparecendo até 12 semanas após o parto. Sua principal característica é a elevação da pressão arterial (acima de 140/90 mmHg).
Além da pressão arterial elevada, outros sintomas, como excesso de proteína na urina e edema, são necessários para fechar o diagnóstico de pré-eclâmpsia.
A condição também é chamada de toxemia ou doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG). Ela só ocorre durante a gravidez, sendo que em alguns casos pode ocorrer mais cedo, antes da 20ª semana.
O que significa pré-eclâmpsia?
O nome pré-eclâmpsia foi dado uma vez que essa condição favorece a eclâmpsia, um tipo de convulsão que acontece na gravidez e que pode ser fatal para a mãe e bebê.
Se não for tratada, a pré-eclâmpsia pode levar a sérias complicações. Assim que for fechado o diagnóstico, o tratamento necessário deve ser feito para que a gestante e o bebê não corram risco de complicações antes do parto ocorrer.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a hipertensão é responsável por 13,8% das mortes maternas no Brasil, sendo a principal causa de morte durante a gravidez no país.
Causas
A causa exata da pré-eclâmpsia é desconhecida. Especialistas acreditam que ela começa na placenta - o órgão que nutre o feto durante a gravidez.
No início da gravidez, novos vasos sanguíneos se desenvolvem e evoluem para enviar eficientemente o sangue para a placenta.
Em mulheres com pré-eclâmpsia, estes vasos sanguíneos não parecem desenvolver-se adequadamente. Eles são mais estreitos do que os vasos sanguíneos normais e reagem de forma diferente à sinalização hormonal, o que limita a quantidade de sangue que pode fluir através delas.
As causas desse desenvolvimento anormal podem incluir:
- Fluxo sanguíneo insuficiente para o útero
- Danos aos vasos sanguíneos
- Um problema com o sistema imunológico
- Certos genes
- Outros distúrbios de pressão arterial elevada durante a gravidez.
A pré-eclâmpsia é classificada como uma das quatro doenças hipertensivas que podem ocorrer durante a gravidez. As outras três são:
- Hipertensão gestacional: mulheres com hipertensão gestacional têm pressão arterial elevada, mas sem excesso de proteína na urina ou outros sinais de danos em órgãos
- Hipertensão crônica: é a hipertensão arterial que estava presente antes da gravidez ou que ocorre antes de 20 semanas de gravidez. Como a pressão arterial elevada geralmente não tem sintomas, pode ser difícil determinar quando começou
- Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superposta: essa condição ocorre em mulheres que têm pressão arterial elevada crônica antes da gravidez e que desenvolvem o agravamento desse quadro com a presença de proteína na urina.
Sintomas
Você pode não notar um aumento da pressão arterial durante a gravidez até que ela esteja perigosamente alta. Assim, é fundamental para todas as pessoas grávidas agendarem visitas regulares com obstetra para acompanharem e identificarem os sintomas de pré-eclâmpsia precocemente.
Pré-eclâmpsia leve:
Entre os primeiros sintomas da pré-eclâmpsia leve estão:
- Rápido ganho de peso, de 2 kg a 5 kg em uma única semana
- Inchaço da face ou extremidades, especialmente as mãos e pés.
Pré-eclâmpsia grave:
Se a doença progride, tornando-se pré-eclâmpsia grave, é possível observar outros sintomas, tais como:
- Dor de cabeça
- Alterações da visão (visão turva, visão dupla, vendo pontos de luz)
- Dor abdominal, especialmente no canto superior direito ou meio abdômen
- Urinar com menos frequência
- Falta de ar
- Náuseas ou vômitos
- Confusão mental
- Convulsão.
Diagnóstico
Para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, a gestante deve apresentar dois ou mais dos seguintes cenários após a 20ª semana de gravidez:
- Pressão arterial elevada
- Proteína na urina (proteinúria)
- Contagem de plaquetas baixa
- Insuficiência da função hepática
- Sinais de problemas nos rins além da proteína na urina
- Líquido nos pulmões (edema pulmonar)
- Dores de cabeça de início recente
- Distúrbios visuais.
Anteriormente, a pré-eclâmpsia era diagnosticada somente se a grávida apresentasse, além da pressão arterial elevada, proteína na urina. No entanto, especialistas agora sabem que é possível ter a condição mesmo sem a presença deste sintoma.
Dessa forma, qualquer alteração de pressão arterial na gravidez deve ser investigada, a fim de encontrar a presença de algum outro fator que possa diagnosticar a pré-eclâmpsia.
A pressão arterial acima de 140/90 mmHg é anormal durante a gravidez. No entanto, uma única leitura de pressão arterial elevada não significa que você tem pré-eclâmpsia.
Ter uma segunda medição anormal quatro horas após a primeira pode confirmar a suspeita de pré-eclâmpsia.
Fatores de risco
Os fatores de risco para pré-eclâmpsia incluem:
- Histórico familiar de pré-eclâmpsia
- Primeira gravidez
- Nova paternidade, ou seja: cada gravidez com um novo parceiro aumenta o risco de pré-eclâmpsia
- Idade, sendo que o risco é maior após os 35 anos
- Gravidez múltipla
- Intervalo de 10 anos ou mais entre as gestações.
A presença de outras doenças também pode aumentar o risco de pré-eclâmpsia, como:
- Obesidade
- Hipertensão
- Enxaqueca
- Diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2
- Doença renal
- Tendência a desenvolver coágulos de sangue (trombofilias)
-
Doença autoimune, como a artrite reumatoide, esclerodermia e lúpus.
Exames
Além das medidas de pressão, pode ser necessário fazer alguns exames para detectar a pré-eclâmpsia, incluindo:
- Exames de sangue
- Exames de urina
- Ultrassom fetal
- Verificar a frequência cardíaca do bebê.
Buscando ajuda médica
Certifique-se de fazer as consultas pré-natais para monitorar sua pressão arterial. Contate seu obstetra ou vá para uma sala de emergência imediatamente se você sentir dor de cabeça, visão turva, dor severa no abdômen ou grave falta de ar.
Como dores de cabeça e náuseas são queixas comuns da gravidez, é difícil saber quando novos sintomas são simplesmente parte de estar grávida e quando eles podem indicar um problema sério. Se você está preocupada com os seus sintomas, avise o médico.
Tratamento
Se há diagnóstico de pré-eclâmpsia, o médico irá informar quantas vezes você precisa fazer consultas pré-natais. Você também vai precisar de exames de sangue, ultrassonografias e monitoramento da frequência cardíaca mais frequentes
O tratamento para pré-eclâmpsia pode variar desde mudanças no estilo de vida até procedimentos mais sérios, como a hospitalização e a indução do parto. Entenda a seguir:
Mudanças de estilo de vida
Toda gestante hipertensa ou com alto risco de hipertensão deve fazer mudanças em seu estilo de vida, como ingerir pouco sódio, manter o peso, dormir adequadamente e fazer caminhada regularmente.
Se, mesmo com a adoção desses hábitos, a pressão persistir alta, deve-se fazer uso de medicamentos.
O repouso absoluto pode ser recomendado, com a gestante deitada sobre o lado esquerdo do corpo o tempo todo ou a maior parte do tempo.
Remédios para pré-eclâmpsia
O tratamento pode incluir medicação para pré-eclâmpsia, como:
- Medicamentos para baixar a pressão arterial seguros para a gravidez
- Corticosteroides para casos graves ou associados a complicações hepáticas ou de plaquetas
- Medicamentos anticonvulsivantes para casos graves.
Hospitalização
Pré-eclâmpsia grave pode exigir hospitalização. No hospital, seu bebê será monitorado e o volume de líquido amniótico medido frequentemente. A falta de líquido amniótico é um sinal de que o fornecimento de sangue para o bebê está deficiente.
Parto
Se o diagnóstico da pré-eclâmpsia ocorre perto do fim da sua gravidez, pode ser recomendada uma indução do trabalho de parto.
As condições do colo uterino - se está começando a abrir (dilatar), afinar e suavizar (amadurecer) - também podem ser um fator para determinar se ou quando o trabalho será induzido.
Em casos graves, pode não ser possível considerar a idade gestacional do seu bebê ou as condições do seu colo do útero. Se não for possível esperar, o médico pode induzir o parto ou agendar uma cesárea.
Durante o parto, você pode receber sulfato de magnésio por via intravenosa para prevenir convulsões.
Após o parto
Após o parto, deve-se esperar a pressão arterial voltar ao normal dentro de 12 semanas, mas geralmente isso ocorre muito mais cedo. Se a paciente precisar de medicação para aliviar a dor, é importante conferir com o médico o que pode ser ou não ingerido.
A pré-eclâmpsia pode exigir que você fique mais tempo no hospital depois de dar à luz. A doença geralmente não aumenta o risco de pressão alta no futuro.
Prevenção
A pré-eclâmpsia, que pode evoluir para eclâmpsia, pode interferir com a capacidade da placenta de fornecer oxigênio e nutrição para o feto. O bebê pode nascer com peso menor que o normal, pode ter outros problemas de saúde e pode precisar sofrer um parto prematuro.
Como não se sabe exatamente qual é a sua causa, é muito difícil saber como evitar a pré-eclâmpsia.
Mas, uma vez que a pré-eclâmpsia for identificada, existem passos que você pode tomar para evitar a eclâmpsia e reduzir a chance de que a pré-eclâmpsia prejudique o desenvolvimento do bebê.
Estes incluem:
- Repouso
- Monitorização cuidadosa da mãe e do bebê
- Parto quando necessário.
Pesquisas mostram que a aspirina tem um efeito protetor em mulheres com fatores de risco para a pré-eclâmpsia. Se você tem fatores de risco significativos e uma história de pré-eclâmpsia, o seu médico pode recomendar que você tome uma dose baixa de aspirina diariamente desde o início da gravidez.
Uma vez que o bebê nasceu, a pressão arterial deve voltar ao normal.
Complicações possíveis
Quanto mais grave a pré-eclâmpsia for e quanto mais cedo ela ocorre, maiores serão os riscos para a gestante e bebê.
As complicações da pré-eclâmpsia podem incluir:
- Falta de fluxo sanguíneo para a placenta
- Descolamento prematuro da placenta
- Síndrome HELLP
- Sangramentos
- Edema agudo de pulmão
- Insuficiência do fígado e dos rins
- Prematuridade do bebê
- Doença cardiovascular no futuro.
Quando a pré-eclâmpsia não é controlada, pode ocorrer a eclâmpsia - que são essencialmente convulsões decorrentes da pré-eclâmpsia.