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O pastor evangélico Marcos Davis e sua esposa, Débora Davis, de Goiás, viraram notícia nesta semana ao serem alvos de comentários preconceituosos após compartilharem fotos do nascimento de seu filho, Noah. O bebê teve suas origens questionadas por ter nascido com a pele clara, diferente de seus pais, que são negros.
Entre as mensagens recebidas, estavam falas como: "Tenho minhas dúvidas se o menino é filho deles"; "O menino foi trocado na maternidade" e "Não tem cabimento pais negros gerarem filho branco".
Com isso, Marcos publicou uma nota de repúdio em seu perfil no Instagram, relatando que também recebeu mensagens ofensivas e sarcásticas em modo privado.
"Não queríamos nos expor e expor nosso filho dessa forma. Mas isso é inadmissível, é desrespeitoso, é desumano. Se você não tem empatia, tenha pelo menos respeito pela vida e família dos outros", desabafou o pastor.
Cor da pele do bebê
Ainda se referindo aos comentários preconceituosos, Marcos comentou sobre como a pele do bebê pode ser diferente da de seus pais. "Aos que comentaram: se vocês pesquisarem sobre genes e genética irão entender que isso não é impossível acontecer", disse.
É o que explica David Schlesinger, médico geneticista da Mendelics e meuDNA. "A cor da pele é um fenótipo (característica) complexo, determinado por mutações em uma centena de genes. Considerando que cada um dos pais apresenta duas cópias de cada gene, ou seja, duas possibilidades de variações, o filho pode receber diversas combinações desses genes para compor diferentes tons de pele".
Segundo o especialista, o pai, ou representante masculino, passa para o filho apenas uma das cópias dos seus genes, assim como a mãe. Então, se os genes herdados tenderem a compor a "paleta de cores" mais claras, o filho terá uma cor de pele mais clara que a dos pais. O mesmo pode ocorrer para filhos com cor de pele mais escura que seus pais.
"Isso acontece, principalmente, quando os pais possuem ancestrais com diferentes ancestralidades e cores de pele, mesmo que sejam distantes. É algo bastante comum na população brasileira, que é altamente miscigenada", explica David.
Diante da situação, o pastor Marcos Davis ainda aproveitou o desabafo para informar que não deve deixar o caso passar impune. Segundo ele, caso os comentários preconceituosos continuem, sua família deve tomar ações legais contra essas pessoas.
"Se é branco, negro, pardo, se os olhos são azuis, verdes, castanhos claro ou escuro não é problema seu. Não somos nós quem definimos isso. Até o momento não abrimos nenhum processo contra essas pessoas que fizeram esses comentários, até porque os perfis provavelmente são fakes. Mas se isso continuar, se outras mensagens aparecerem, iremos tomar as providências necessárias para que essas pessoas sejam achadas e recebam a punição cabível conforme as leis. Que esse tipo de situação não aconteça com outras famílias", concluiu.