
Dra. Leninha Wagner é PhD em neurociências, possui formação em neuropsicologia, é Doutora em psicologia, Mestre em psica...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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A adolescência é aquela fase cheia de mudanças, descobertas e, claro, muitos desafios – tanto para os jovens quanto para os pais. Entre altos e baixos, é normal que seu filho tenha momentos de irritação, isolamento ou até mudanças de comportamento. Mas como diferenciar o que faz parte do pacote dessa fase da vida e o que pode ser um sinal de alerta?
Muitas vezes, problemas sérios da adolescência passam despercebidos, e só nos damos conta quando a situação já saiu do controle. Por isso, reunimos 7 sinais perigosos que podem indicar que seu filho está enfrentando dificuldades e precisa de ajuda – mesmo que ele não fale sobre isso.
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7 sinais que indicam que seu filho está passando por problemas na adolescência
Segundo a psicóloga Leninha Wagner, "um dos maiores desafios é diferenciar o que faz parte da jornada natural da adolescência e o que pode ser um sinal de alerta". E é exatamente isso que vamos te ajudar a identificar.
1. Isolamento social extremo
Se seu filho evita qualquer interação, passa horas trancado no quarto e perde o interesse por amigos e familiares, ligue o sinal de alerta! "A neurociência mostra que, durante a adolescência, o cérebro passa por um verdadeiro 'remodelamento', principalmente na região do córtex pré-frontal, responsável pelo controle emocional e pelas tomadas de decisão", explica Leninha. Ou seja, um pouco de introspecção pode ser normal, mas quando o isolamento se torna crônico e vem acompanhado de tristeza profunda, é preciso investigar.
2. Mudanças bruscas de humor
Irritabilidade, explosões de raiva e crises de choro podem ir além da "montanha-russa hormonal" da adolescência. "O cérebro adolescente está em constante processo de maturação, especialmente no que diz respeito à regulação emocional", pontua a especialista. Se os picos de humor forem muito intensos e frequentes, pode ser um indício de depressão, transtorno bipolar ou ansiedade severa.
3. Uso compulsivo de tecnologia
Celular e redes sociais fazem parte da vida dos jovens, mas quando o uso se torna excessivo a ponto de prejudicar a rotina, algo pode estar errado. "O adolescente pode estar buscando refúgio no mundo virtual como uma forma de escapar da realidade", alerta Leninha. Fique atento se ele evita interações presenciais e demonstra dificuldade em se desconectar.
4. Desinteresse por atividades antes prazerosas
Seu filho deixou de praticar um esporte que amava ou perdeu o interesse por hobbies que antes o animavam? Isso pode ser um sintoma de anedonia, condição comum em quadros depressivos, que compromete a capacidade de sentir prazer.
5. Alterações no apetite e no sono
Sono desregulado e mudanças bruscas no apetite são sinais clássicos de que algo não vai bem. "O sono, regulado por neurotransmissores como a serotonina e a melatonina, costuma ser profundamente afetado por estados depressivos e ansiosos", explica a psicóloga. Tanto o excesso quanto a falta de sono podem indicar sofrimento emocional.
6. Declínio no desempenho escolar
Notas baixas, falta de motivação e absenteísmo podem ser um reflexo de dificuldades emocionais. "Problemas como ansiedade, depressão e até bullying podem afetar diretamente o desempenho escolar", destaca Leninha.
7. Comportamentos autodestrutivos
Este é o sinal mais preocupante. Marcas no corpo, relatos de automutilação ou falas sobre desesperança e morte exigem intervenção imediata. "O cérebro adolescente ainda está aprendendo a lidar com frustrações e dores emocionais e, sem suporte, pode recorrer a saídas perigosas", alerta a especialista.
Como os pais podem se aproximar dos filhos nesse momento?
Quando esses comportamentos se tornam intensos e prolongados, os pais devem prestar muita atenção. "A intensidade, a duração e o impacto dessas mudanças no cotidiano é o que realmente define se algo está errado", explica a psicóloga Leninha Wagner. Isolamento excessivo, pensamentos negativos recorrentes e alterações drásticas na rotina podem ser sinais de que o adolescente precisa de apoio.
Para se aproximar, o primeiro passo é criar um ambiente seguro para o diálogo. "O mais importante é mostrar que você está disponível para ouvir, sem pressionar ou minimizar o que ele sente", destaca a especialista. Perguntas abertas e momentos de conexão ajudam a construir essa confiança. Também é essencial evitar críticas e comparações, que podem afastá-lo ainda mais.
Observar padrões de comportamento é fundamental. "Comportamentos preocupantes tendem a se prolongar por semanas ou meses, interferindo na qualidade de vida e nas relações interpessoais", reforça Leninha. Se as dificuldades persistirem, procurar um psicólogo pode ser a melhor solução. Com paciência e empatia, os pais podem oferecer o suporte necessário para que o filho enfrente essa fase com mais segurança.
Quando é o melhor momento para buscar ajuda profissional?
Saber quando buscar ajuda profissional para um adolescente pode ser desafiador, mas a regra principal é observar a persistência e a intensidade dos sinais de sofrimento. "Se os sinais preocupantes persistirem por mais de duas semanas, afetando diretamente a rotina do adolescente e gerando sofrimento intenso, é essencial procurar ajuda", alerta a psicóloga Leninha Wagner. Quanto mais cedo a intervenção acontecer, maiores as chances de evitar transtornos mais graves.
Existem diferentes profissionais que podem ajudar nesse momento difícil. Psicólogos clínicos auxiliam o adolescente a expressar sentimentos e lidar com questões emocionais, enquanto psiquiatras podem ser necessários para avaliar a necessidade de tratamento medicamentoso em casos mais severos. Já neuropsicólogos analisam aspectos cognitivos e emocionais para entender melhor as dificuldades apresentadas, e terapeutas familiares trabalham para fortalecer a comunicação entre pais e filhos.
"Adolescentes não gritam por ajuda com palavras, mas sim com atitudes", destaca Leninha. Por isso, é fundamental que os pais desenvolvam uma escuta empática e ofereçam um ambiente seguro para o diálogo. Com apoio, paciência e acompanhamento adequado, é possível atravessar esse período desafiador e fortalecer os laços familiares.
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