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Só no Brasil, cerca de cinco milhões de pessoas sofrem com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), de acordo com o Ministério da Saúde. Respiração curta, quase ofegante, e tosse persistente são alguns dos principais sintomas do problema, causado principalmente pelo tabagismo. Estudos recentes vêm demonstrando que o exercício físico pode funcionar muito bem no controle da DPOC. O mais recente foi divulgado na conferência anual da American Thoracic Society, realizada nos Estados Unidos entre os dias 17 e 22 de maio.
A pesquisa, feita pela Universidade de Connecticut, mostra que a mensuração clínica do nível de atividade física indica as chances de ocorrer internação hospitalar em pacientes com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Para chegar a esta conclusão, foram comparados os registros de sessenta indivíduos com DPOC e, em seguida, os seus números de internações e níveis de atividades físicas.
Para isso, cada paciente usou um acelerômetro triaxial, um dispositivo instalado ao redor da cintura do paciente e usado para medir a atividade física em unidades de vetor magnitude (ou VMUs). Eles fizeram um teste de caminhada de seis minutos e tiveram medido seu volume expiratório forçado de um segundo, que mede a quantidade de ar que o paciente consegue exalar em um segundo. Foi avaliada ainda a necessidade do uso de oxigênio.
Os pesquisadores notaram que pacientes que andaram menos de 350 metros no teste de caminhada e tiveram score abaixo de 150 VMUs, estavam significativamente mais propensos à internação hospitalar por qualquer causa: 21 pacientes foram hospitalizados por problemas respiratórios e 34 pacientes foram hospitalizados por outras causas.
Isso significa que o sedentarismo, comum entre os pacientes com DPOC, está fortemente ligado à debilidade física. Assim, nesses casos, os responsáveis pelo estudo recomendam a prática de exercícios físicos supervisionados.
Musculação é aliada no tratamento da DPOC
A musculação é um dos exercícios que pode beneficiar os pacientes de DPOC. Além disso, portadores outras doenças crônicas apresentam melhora nos sintomas e ganham qualidade de vida com os treinos regulares dessa modalidade. O cuidado fundamental é conversar com seu médico antes e entender as limitações do seu corpo para execução de um treino seguro, sem risco de lesões. A seguir, você descobre sete doenças que têm os sintomas amenizados pela prática de musculação.
1. Diabetes
Estudos recentes mostram que a musculação pode ser muito vantajosa para o portador de diabetes. "Isso porque as contrações musculares repetidas estimulam componentes da membrana celular. Isso faz com que as proteínas celulares carreguem mais facilmente a glicose para dentro da célula. Além de controlar o nível de açúcar no sangue, o exercício pode, a longo prazo, diminuir a dependência da suplementação de insulina", afirma o fisiologista Raul Santo.
2. Hipertensão
O hipertenso tem os vasos sanguíneos mais resistentes, o que exige esforço redobrado do coração para conseguir mandar o sangue para todos os tecidos do corpo. O exercício com pesos - com carga leve à moderada - leva à formação de novos capilares sanguíneos. "Isso diminui resistência periférica dos vasos e a sobrecarga ao coração. E ainda aumenta a oferta de nutrientes, hormônios e oxigênio aos tecidos", afirma o médico do esporte. Se bem feita, a atividade ajuda no controle da doença e diminui a pressão arterial em repouso.
3. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Quem tem DPOC sabe que o enfraquecimento da musculatura é muito comum. Isso acontece porque a oferta de oxigênio aos músculos é limitada, já que a respiração é difícil. "A musculação ajuda a reverter a perda de massa muscular e de quebra pode melhorar a restrição pulmonar, já que o músculo treinado capta o oxigênio com mais facilidade", explica o educador físico Ivaldo Larentis, especialista em musculação.
4. Osteoporose
A tração que o músculo exerce sobre o osso quando é realizado o movimento da musculação estimula o remodelamento ósseo. "Ocorre um aumento da produção de células ósseas, da fixação de cálcio e da densidade do osso", afirma o educador físico Gustavo Neves Abade, treinador de corrida e condicionamento físico da Assessoria Branca Esportes - São Paulo. Mas o exercício merece atenção e orientação adequada, já que há risco de fraturas se o peso colocado estiver acima da capacidade do praticante.
5. Obesidade
Todo indivíduo com obesidade sabe que deve fazer exercícios aeróbios. Mas muitos acabam deixando a musculação para depois de emagrecer. Gustavo explica que associar a musculação ao treino aeróbio pode trazer benefícios até para o processo de emagrecimento: "O fortalecimento que a musculação proporciona ajuda a fazer atividades aeróbias mais potentes por mais tempo, acelerando a queima de calorias. Além disso, músculos fortes consomem mais energia e aumentam o metabolismo basal, obrigando o corpo a consumir mais calorias para se manter".
6. Artrose
Quem tem artrose sofre com a diminuição e a fraqueza dos músculos que ficam ao redor da articulação comprometida. Exercícios bem direcionados de musculação ajudam a recuperar essa região, com a hipertrofia e o fortalecimento, melhorando diretamente o caminhar e a qualidade de vida dos pacientes, que passam a sentir menos dores.
7. Artrite reumatoide
O indivíduo que tem artrite reumatoide precisa de fortalecimento muscular para preservar a articulação afetada. As consequências da doença, como a dificuldade para andar, podem ser atenuadas com o treino. Mas é preciso muito cuidado ao praticar esse exercício, já que mal dosado ele pode aumentar a atividade inflamatória da articulação. "Lembre-se de consultar o seu médico, medicar-se adequadamente e fazer o exercício com muita cautela" orienta o fisiologista Raul Santo.