Professor Adjunto de Cardiologista e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás...
iA definição de uma estratégia terapêutica para a hipertensão arterial deve levar em conta não apenas os níveis da pressão arterial (PA), mas todos os demais fatores de risco, como sedentarismo, obesidade, estresse e eventuais lesões provocadas pela hipertensão em órgãos nobres do nosso corpo - cérebro, coração e rins, por exemplo. Há, portanto, um equívoco em indicar o início do tratamento com medicamentos levando-se em conta apenas os valores da pressão arterial. É possível, por exemplo, encontrarmos hipertensos com pequenas elevações da PA e um risco cardiovascular alto ou muito alto, a depender dos fatores de risco e danos associados. É importante que o paciente seja conhecido em todo o contexto da sua doença.
A hipertensão pode ser tratada com as chamadas mudanças no estilo de vida (dieta saudável, exercícios físicos, obtenção e manutenção do peso ideal) e com medicamentos. Todos os pacientes hipertensos devem ser orientados a adotar um estilo de vida saudável. Mas a verdade, infelizmente, é que a maioria não adota essas mudanças em suas vidas - e esse é um dos motivos pelos quais boa parte dos hipertensos também necessita de medicamentos para controlar adequadamente a pressão arterial.
O importante é que pressão seja mantida dentro dos valores normais. Como a hipertensão é uma doença crônica, a maior parte dos pacientes deverá tomar a medicação por toda a vida, mas é importante dizer que quando existe o cuidado com a dieta, a redução no peso e o exercício praticado regularmente, há a possibilidade de utilizarmos menores quantidades de medicamentos. É importante ressaltar que não é esperado que o tratamento da hipertensão provoque reduções exageradas na PA. Se isso acontecer é necessário reavaliar a dose dos medicamentos.
Conheça os medicamentos para hipertensão
Existem diferentes classes de drogas para reduzir a PA, que agem em mecanismos distintos. O tratamento da hipertensão deve ser individualizado. A depender do perfil do paciente hipertenso, algumas classes podem ser mais adequadas que outras. Também é importante ressaltar que muitas vezes se faz necessário associar classes de medicações com mecanismos distintos, pois essa estratégia possibilita uma maior efetividade no controle da pressão arterial e na proteção cardiovascular. Entre os medicamentos usados para controlar a PA estão:
- Inibidor da enzima conversora da angiotensina: eles impedem a angiotensina I de se converter em angiotensina II, essa última responsável pelo aumento da pressão arterial.
- Antagonistas dos receptores da angiotensina (ARA): bloqueia a ação da angiotensina II em um dos receptores que ale atua.
- Betabloqueadores: agem no sistema nervoso simpático, que tem como uma das funções reagir ao estresse.
- Diuréticos: aumentam a excreção de água e sódio do organismo e também tem ação vasodilatadora, reduzindo a pressão sanguínea.
- Antagonistas de cálcio: eles bloqueiam a ação do canal de cálcio com consequente dilatação das artérias.
Poderei fazer exercícios se tomar o medicamento?
A atividade física é altamente eficaz para ajudar no controle da pressão arterial, além de reduzir em muito o risco de doutras doenças cardiovasculares. Deve ser estimulado sempre. No paciente hipertenso ou portadores de outras doenças crônico-degenerativas, devemos ter o cuidado de avaliar se, naquele momento, o exercício deve ser iniciado ou se há a necessidade de algum cuidado prévio para que a atividade física seja realizada com segurança. Por exemplo, em alguns casos é necessário primeiro controlar a PA, para depois iniciar um programa de exercícios.
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Riscos do uso inadequado
Esse é um dos grandes problemas no tratamento da hipertensão. A falta de adesão ao tratamento e o conceito errôneo de que uma vez que a pressão arterial esteja controlada, a medicação pode ser suspensa. Um paciente hipertenso que suspende a sua medicação está sujeito aos riscos de uma elevação súbita da pressão em algumas situações, como no estresse, além dos riscos crônicos que os níveis pressóricos elevados provocam (AVC, Infarto Agudo do Miocárdio, Doença Renal Crônica e Insuficiência Cardíaca).