Médica formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com residência médica em Dermatologia pela Universidade de Mog...
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Presentes em medicamentos manipulados, cosméticos e peelings, os ácidos são substâncias amplamente utilizadas na rotina de cuidados com a pele. Hoje em dia, é bem difícil ver uma fórmula sem um deles — e isso acontece devido a sua variedade! Existem ácidos renovadores (como os séruns de ácido glicólico), ideais para amenizar linhas de expressão, ácidos clareadores, para diminuir a incidência de manchas, e até ácidos hidratantes, como o hialurônico.
Mas, antes de utilizar qualquer ativo, lembre-se de consultar um dermatologista. Apenas ele pode indicar o ativo mais adequado para atender a sua necessidade, o modo de uso e o período de tratamento, especialmente se tratando de medicamentos manipulados. Peles sensíveis e peles negras também precisam de atenção redobrada!
O MinhaVida conversou com especialistas e reuniu uma lista com os principais ácidos para a pele, suas propriedades e como incluí-los nos seus cuidados diários.
1. Ácido salicílico
Com ação esfoliante, seborreguladora e anti-inflamatória, o ácido salicílico pode ser utilizado no tratamento de acne, uma vez que atua diminuindo a produção excessiva de sebo e controlando a oleosidade, segundo a dermatologista Priscilla Pereira, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Além disso, o ativo é coadjuvante no tratamento de dermatite seborreica, doença que causa vermelhidão e descamação na pele e que, quando atinge o couro cabeludo, é conhecida como caspa. Ele também pode ser útil em quadros que provocam espessamento da pele, como a psoríase e pitiríase versicolor.
O ativo pode ser encontrado em farmácias nas formas de sabonetes, pomadas, hidratantes, cremes e séruns, em concentrações de 0,5% até 3%. Em concentrações maiores, ele é encontrado em cosméticos manipulados e prescritos pelo médico ou utilizado em consultório para peelings químicos.
"Como qualquer substância irritativa, o uso do ácido salicílico deve ser monitorado para evitar traumatizar a pele. Deve-se monitorar também a associação com outros produtos irritantes", recomenda o dermatologista Ricardo Limongi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O peeling com ácido salicílico pode causar um leve ardor na aplicação, mas é considerado seguro para todos os tipos de pele. De acordo com Priscilla, ele não é fotossensível e pode ser usado na rotina diurna — sempre em conjunto com um protetor solar.
2. Ácido azeláico
Entre os ácidos da lista, o ácido azeláico se destaca pelas propriedades suaves ao tratar a pele. Com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e antimicrobianas, ele age como um peeling suave, removendo as células mortas, limpando os poros e diminuindo a produção excessiva de sebo.
Além disso, por ajudar na regulação da produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, o ativo contribui para o reduzir a aparência de manchas escuras e hiperpigmentação, o que resulta num tom de pele mais uniforme e radiante. Isso torna-o útil no tratamento de condições como rosácea e acne.
O ácido azeláico pode ser encontrado em inúmeros cosméticos, como creme, gel de loção e sérum, além de medicamentos de uso tópico. Por ser mais suave e menos irritante que outros ativos, ele é uma das opções mais seguras para pessoas com a pele sensível, segundo Priscilla Pereira.
Outro benefício é que, por não ser fotossensível, o ácido azeláico pode ser usado durante o dia — desde que acompanhado do protetor solar.
3. Ácido glicólico
O ácido glicólico é um ativo da família dos alfa-hidroxiácidos (AHAs), grupo de ácidos orgânicos derivados da atividade sintética de plantas e frutas. Ele age na pele promovendo a renovação celular e garantindo diversas funções importantes em diferentes tipos de tratamento. Ele se destaca principalmente ao atuar contra os sinais de envelhecimento, acne e estrias — sendo uma alternativa menos irritante ao ácido retinóico.
A substância pode ser encontrada em dermocosméticos, como esfoliantes, géis de limpeza e séruns de ácido glicólico, em formulações manipuladas ou utilizado em consultório para peelings químicos, que pode ser combinado com outros ativos.
O uso do ácido glicólico, especialmente em formulações manipuladas, deve ser indicada e acompanhada por um especialista. Devido a seu efeito de afinar a pele, ele pode torná-la mais suscetível aos danos causados pela radiação ultravioleta — então evite a exposição excessiva ao sol!
4. Ácido retinóico
Conhecido como tretinoína, o ácido retinóico é considerado padrão ouro no tratamento de acne grau 1, caracterizada por cravos inflamados, e dos sinais de fotoenvelhecimento, como rugas finas, hiperpigmentação, manchas, sardas e irregularidade na textura da pele.
Contraindicado durante a gravidez, o ácido retinoico é um medicamento exclusivo para receituário médico. Pode ser preparado em formulações manipuladas ou utilizado no consultório para peelings químicos, que podem ser combinados em peelings físicos ou outros procedimentos.
Assim como qualquer substância irritativa, o uso do ácido retinóico deve ser monitorado para prevenir traumas à pele, assim como sua associação com outros ativos. Ele é fotossensível, então utilize apenas durante a noite — e não esqueça o protetor solar durante o dia! Se utilizado de maneira incorreta, Priscilla aponta que o ácido pode causar inflamação e manchas na pele.
5. Ácido mandélico
Também pertencente ao grupo dos AHAs, o ácido mandélico contém propriedades clareadoras, emolientes e antifúngicas. Devido a seu alto poder de renovação celular, ele pode ser utilizado no tratamento de problemas dermatológicos como acne, hiperpigmentação solar, melasma e fotoenvelhecimento.
O ativo é frequentemente encontrado em dermocosméticos, como cremes e séruns, formulações manipuladas e, mais raramente, utilizado na realização de peelings químicos em consultório. Em alguns casos, ele pode ser combinado com outras substâncias, como aloe vera, rosa mosqueta ou ácido hialurônico.
O ácido mandélico, tal como outros AHAs, deve ser usado preferencialmente durante a noite após o processo de limpeza de pele. Durante o dia, tente evitar a exposição solar excessiva e não esqueça do protetor.
6. Ácido kójico
Com propriedades clareadoras e antioxidantes, o ácido kójico é um ativo multifuncional e pode ser coadjuvante no tratamento de algumas condições de pele, como hiperpigmentação, melasma e acne. Além disso, ele protege a pele contra o envelhecimento precoce, amenizando a aparência de linhas de expressão e melhorando a textura da pele.
"Sua ação é de um despigmentante natural, eficiente e seguro, que age sobre a pele inibindo a ação e a produção da melanina, substância que causa, além do bronzeado, as manchas", explica a dermatologista Carolina Marçon, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O ácido kójico pode ser encontrado na forma de creme, gel, emulsão e loção aquosa. A grande vantagem é que, ao contrário de outros ácidos, ele é de uso diurno e não provoca irritações ou manchas — mesmo com a exposição solar. Ainda assim, o protetor solar é um item indispensável na rotina, independentemente do tipo de pele.
7. Ácido hialurônico
O ácido hialurônico, chamado quimicamente de glicosaminoglicana, é um dos componentes de preenchimento dos tecidos — presente na pele, olhos, cartilagens e articulações. Mas, para fins estéticos, ele é produzido em laboratório e pode ser utilizado de três maneiras: em cosméticos, no preenchimento facial e como uma hidratação injetável.
Nos cosméticos, como cremes e séruns, ele possui função hidratante e age atraindo moléculas de água, mantendo o viço e a textura da pele. No caso de preenchimentos faciais, o ácido completa o espaço entre as células e, em função de sua capacidade de atrair água para o local em que foi aplicado, ele também contribui para a hidratação.
Quando utilizado como uma hidratação injetável, o ácido é usado para melhorar a vitalidade e o brilho da pele. O procedimento é feito em consultório por um especialista, e são realizadas de três a cinco sessões com intervalos de duas a três semanas. A durabilidade é de cerca de três meses, mas o procedimento não dispensa o uso de hidratantes tópicos (e do protetor solar).