Faz parte do corpo clínico do Centro Integrado de Oncologia de Curitiba- CIONC. Possui experiência em hospitais, como&nb...
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Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam uma estimativa de 520 mil novos casos da doença no Brasil por ano. Mesmo com as tecnologias cada vez mais avançadas, receber um diagnóstico de câncer ainda pode ser difícil. E esse sentimento pode vir acompanhado do medo de saber mais sobre a doença - entretanto, essa nem sempre é a melhor atitude a se tomar.
"Procurar saber mais sobre a doença e como ela se desenvolve pode ajudar o paciente a entender o seu quadro e o que ele sentirá durante o tratamento", explica o oncologista Selmo Minucelli, do laboratório Pasteur. Não tenha vergonha em fazer muitas perguntas ao seu médico. Ele é a melhor pessoa para esclarecer as suas dúvidas e é quem irá te acompanhar durante esse processo - por isso, não tenha medo de esclarecer com ele os seus questionamentos.
Pensando nisso, montamos uma lista de perguntas que você não deve se esquecer de fazer, além de dicas para o momento da consulta:
Recomendações para a consulta
Quando for conversar com seu médico, certifique-se que toda a comunicação será feita da forma mais clara possível. Se não entender, peça para que o profissional repita com termos mais simples ou usando desenhos. Leve um caderno para a consulta e anote os pontos mais importantes - use também para anotar as suas dúvidas e levar para as próximas consultas.
Caso queira informações adicionais sobre seu caso, peça a seu médico que indique livros, sites ou artigos. "Sempre é importante o paciente estar acompanhado de um familiar ou amigo, para garantir que toda a explicação fique clara e nada seja esquecido", lembra o oncologista Selmo Minucelli, do laboratório Pasteur, em Brasília.
É essencial que você saia do consultório sem nenhuma dúvida, ou então com referências de publicações que possam responder as questões que não puderam ser sanadas a tempo. Entender melhor a sua doença e a sua relação com ela melhora a sua qualidade de vida e o relacionamento com seu próprio corpo, com as mudanças que podem vir a acontecer.
Questões gerais
Ao receber o diagnóstico de câncer, é importante tirar todas as suas dúvidas com o médico e não deixar nada escapar. "O médico deve dar informações exatas sobre a doença ao paciente e sua família, para que em conjunto possam lutar contra a doença", afirma o oncologista Selmo. Entender o que é o seu tumor e qual a situação dele naquele momento é essencial para buscar o melhor tratamento.
Perguntas que valem a pena:
- Em qual parte do corpo a doença se localiza?
- Esse câncer tem alguma causa específica?
- Qual a extensão do tumor?
- Ele expressa algum tipo de hormônio?
- Ele pode causar metástases?
- Há alguma recomendação especial para esse momento?
Sobre tratamento
Todo o câncer tem tratamento - seja visando a cura da doença ou, para casos mais avançados, o alívio dos sintomas e melhor qualidade de vida. Por isso, você deve discutir com o seu médico sobre os tratamentos disponíveis e qual você se sente mais confortável em seguir. Além disso, entender como vai funcionar o tratamento e como você se sentirá permite que você diferencie o efeito colateral normal de algum sintoma mais grave, que deve ser comunicado ao oncologista. "Saber quais especialistas estarão te acompanhando e a importância da equipe multidisciplinar durante o tratamento pode ajudar o paciente a entender a dimensão da doença e como cada aspecto do acompanhamento é essencial", afirma a psico-oncologista Luciana Holtz, do Instituto Oncoguia e da diretoria da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO).
Perguntas que valem a pena:
- Quais são minhas opções de tratamento?
- Por que eu preciso fazer esse tratamento?
- Quais os efeitos colaterais esperados? Devo ficar atenta para algum sintoma suspeito?
- Quais os riscos e benefícios?
- Esse tratamento fará eu me sentir melhor ou pior?
- Quanto tempo dura? Quantas vezes eu farei esse procedimento?
- Quantos exames precisarei fazer e quantas vezes?
- Quais os custos do tratamento?
- Qual hospital é melhor para as minhas necessidades?
- Quais profissionais vão coordenar meu tratamento?
- Como eu pronuncio o nome do medicamento?
- Esse remédio vai interagir com outros que eu já tomo?
- Posso evitar os desconfortos do tratamento?
- Precisarei ficar internado(a)?
- Precisarei seguir dieta específica?
- Para quem devo ligar se tiver dúvidas e problemas relativos ao tratamento?
Expectativas
São perguntas que podem parecer difíceis, mas o oncologista Selma afirma que é de suma importância o paciente saiba o objetivo de seu tratamento e quais as chances de cura. "Essas questões devem ser discutidas de forma que o paciente não perca as esperanças, e seja possível discutir a melhor forma de ganhar mais anos de vida com qualidade", lembra o especialista. "O paciente deve entender o que ele vai sentir no andamento da doença e como o médico pode controlá-la ou curá-la."
Perguntas que valem a pena:
- Qual é a minha chance de uma cura?
- Quanto tempo em média pessoas com esse tipo de câncer vivem?
- Como eu vou me sentir durante o tratamento?
- Se eu não pude ser curada, vou viver mais tempo com o tratamento?
- Vou me sentir melhor ou pior do que agora? Os sintomas tendem a melhorar?
- Posso receber cuidados paliativos, focados na qualidade da minha vida e da minha família durante o meu tratamento?
- Quais as opções que eu tenho, se eu não quero continuar meu tratamento?
- Quando devo pensar em tratamento psicológico?
- O que devo checar no meu plano de saúde? O câncer tem chance de voltar?
Sobre ensaios clínicos
Existem diversos medicamentos novos para o tratamento do câncer, que nem sempre estão disponíveis no sistema público de saúde ou para venda. Aqueles que estão em fase de testes ou aprovação no Brasil precisam passar por estudos clínicos, envolvendo participantes voluntários. Muitas vezes esses ensaios clínicos são a única saída para um paciente que poderia se beneficiar com o tratamento, mas ele não existe ainda no país ou é muito caro. "O médico pode informar sobre estudos desse tipo que estão em andamento e orientar o paciente, no sentido de dizer se aquele novo medicamento ou terapia vale a pena para o quadro em questão", afirma o oncologista Selmo. Muitas vezes, o paciente tem um determinado tipo de câncer que não se beneficiaria do medicamento que está sendo testado, e cabe à equipe médica avaliar essa questão.
Perguntas que valem a pena:
- Existem pesquisas clínicas disponíveis para a minha doença?
- Quais os potenciais benefícios de ingressar em um estudo?
- Como eu me inscrevo?
- Quais os riscos de participar?
- Corro o risco de precisar trocar de tratamento depois?
- Quanto tempo dura em média?
Sobre família e estado psicológico
O médico também pode auxiliar no diálogo com a família e estado psicológico do paciente, orientando sobre grupos de apoio. "A equipe médica também pode ajudar sobre a melhor forma de dar a notícia a família e como lidar com diagnósticos mais graves", diz a psico-oncologista Luciana. Nesse cenário, o paciente pode ser encaminhado para um psicólogo especializado, que irá orientá-lo da melhor forma.
Perguntas que valem a pena:
- Existem grupos de apoio para o meu caso? De que forma isso vai me beneficiar?
- Como falar com a minha família? Devo anunciar de uma vez?
- Crianças pequenas pedem um diálogo diferenciado?
Sobre cuidados avançados
Para pacientes que receberam o diagnóstico com a doença já em estado avançado, ou então cânceres que geraram metástases, o paciente também deve saber quais são suas expectativas e qual a melhor forma de lidar com essa notícia. Entender a gravidade do seu câncer e as opções de tratamento, o que esperar para o futuro e como se planejar, também são fatores que podem ser discutidos com a equipe médica.
Perguntas que valem a pena:
- O tratamento da recidiva/metástase é diferente daquele que eu fiz/estou fazendo?
- As expectativas mudam? De que forma?
- Como planejar o futuro?
- Devo abordar questões jurídicas, familiares ou financeiras?