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Educação é fundamental! E por mais que ela deva começar em casa, a escola é uma extensão importante dos valores que você dá ao seu filho em casa, e por isso é importante ter cuidado na hora de escolher a melhor instituição. "Em geral essa escolha vai além da proximidade com a casa, o mais importante é a filosofa da escola, que deve acompanhar a da família", assinala a psicopedagoga Edith Rubinstein, membro e fundadora da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
O critério precisa ser ainda mais rígido quando é escolhida a primeira escola. "A criança sai do convívio familiar para um convívio mais amplo e essa passagem deve ser tranquila", considera a psicóloga clínica Susana Orio, coordenadora no Colégio Madre Alix, de São Paulo. "A criança deverá encontrar a segurança que ela sente em casa e ao mesmo tempo 'aprender a aprender'", finaliza a especialista.
Além de tudo, esse ambiente representa a maior inserção da criança na sociedade, é quando ela aprende a lidar mais com pessoas diferentes. "A escola é fundamental para o desenvolvimento da criança, a construção das amizades futuras, o desenvolvimento de competências, a felicidade atual da criança, entre muitos outros aspectos", lista a pedagoga Adriana Iassuda, coordenadora pedagógica do Colégio Itatiaia, de São Paulo.
Mas não precisa ficar mais nervoso com essa escolha! Para ajudar você com essa decisão, conversamos com diversas especialistas para entender quais os principais critérios que você deve levar em conta ao conhecer uma escola. A maioria dos critérios vale principalmente para escolas particulares, mas vale a pena tentar aplica-los ao escolher uma escola pública também.
Pesquise as metas e valores da escola
O mais importante é que a escola não contrarie o que você já ensina em casa. "Os valores da instituição precisam estar alinhados com a família, para que as crianças os praticarem nos dois. Isso legitima o que ela aprende na escola e é uma forma dela criar isso como um hábito ou valor", ensina a psicopedagoga Julia Milani, da Assessoria Educacional Terceiro Passo. Mas nesse caso, nem sempre o discurso é a única questão válida, é importante observar se isso também é transmitido na prática aos alunos.
É possível verificar isso com algumas questões chave, enumeradas pela pedagoga Adriana Iassuda, coordenadora pedagógica do Colégio Itatiaia. Mas vale a pena acrescentar outras mais semelhantes aos seus valores também! Vale fazer as perguntas:
- Como a escola lida com casos de indisciplina?
- Como a escola realiza a avaliação escolar?
- O que faz com alunos que não atingem o nível desejado?
- Quantos alunos com necessidades especiais há na escola?
- Qual o grau de abertura e flexibilidade que a escola apresenta para atender as demandas dos pais?
- A escola considera alguma matéria mais relevante do que outras?
E essa questão de valores vale, inclusive, quando falamos em escolas religiosas, algumas transmitem diretamente os conceitos de sua religião, portanto é importante que os pais estejam de acordo com isso.
"Algumas escolas são mais tolerantes, embora religiosas elas não insistem tanto nesse currículo religioso; outras impõem esses valores religiosos. Cabe aos pais diretamente questioná-las", recomenda a psicopedagoga Edith Rubinstein, membro e fundadora da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
Confira a metodologia
Existem diversos tipos de metodologias que o colégio pode adotar como construtivismo, educação Waldorf e pedagogia montessoriana, entre muitos outros. Mas a psicopedagoga Edith acredita que existe uma forma mais fácil de classificar.
"Embora seja difícil dividir, há aquelas com uma abordagem mais 'aberta', no sentido de construir com a criança o conhecimento, e há uma linha mais 'tradicional', que se preocupa mais com a transmissão dos conhecimentos e os rankings.
E entre elas existem nuances", diferencia a especialista. Basicamente, algumas focam mais na construção do indivíduo e outras mais na preparação para o vestibular. É importante ressaltar que por mais que a escola pregue seguir alguma dessas metodologias, muitas vezes o ensino vai além delas.
"Se um aluno não se adapta a uma forma de ensino, o professor precisa transcender isso e transmitir esse conhecimento como o aluno conseguir absorver", considera Edith. Por isso mesmo, ela acredita que o método é apenas um suporte teórico, e o mais importante é a capacidade dos docentes de motivar o grupo de alunos.
E isso vale para colégios públicos também, pois mesmo que muitos deles sigam a metodologia padrão do Estado ou município, os professores podem muito bem adaptá-la para o uso no dia a dia. A melhor forma de avaliar é realmente conversando com a direção do colégio e observando as dinâmicas do local.
Nesse contexto, cabe aos pais verificarem primeiramente o que eles intencionam para seus filhos. "O importante é verificar qual a concepção de indivíduo que a escola espera que os alunos se tornem, qual a expectativa com relação aos conteúdos e as competências e de que forma ela pretende atingir esses objetivos", considera a pedagoga Adriana.
Além disso, não é preciso sempre deixar a criança na mesma linha pedagógica. Uma possível ideia é colocar a criança inicialmente em um colégio mais humanista, e quando estiver mais próximo do vestibular procurar escolas focadas em conteúdo para prepará-lo.
Leve em conta o material didático
É sempre importante visualizar o tipo de material didático. Normalmente, seguir livros didáticos permite mais flexibilidade por parte dos professores. "As apostilas são mais direcionadas, enquanto os livros dão mais abertura, favorecendo jogos e intercâmbio com outras mídias, como a internet. Isso ajuda o professor a preparar uma aula mais dinâmica, de acordo com a nova geração", a psicóloga clínica Susana Orio, coordenadora no Colégio Madre Alix.
Conheça o corpo docente
Tão importante quanto os valores da instituição é saber quem são os professores que lidarão diretamente com a criança. Mas o que é importante saber sobre eles?
"Os aspectos que julgo mais importantes são: formação, didática, relação com as turmas e os alunos, busca pela atualização, prazer no que fazem, boa relação com a coordenação e preocupação em cativar todos os alunos, e não somente os bons alunos", descreve a pedagoga Adriana. Uma boa forma de perceber isso é saber se a escola investe na atualização de seus profissionais. Com atualizações e congressos, por exemplo.
Um grupo docente que vá além do professor é importante. "Eles precisam também de um apoio; de uma equipe multidisciplinar para ajudar a lidar com o comportamento das crianças em sala de aula, como com as mais agitadas ou que tem dificuldade de seguir certas regras", pondera Edith Rubinstein.
Questione a grade curricular
O tipo de conteúdo também é muito importante. Matérias como história, matemática e língua portuguesa sempre estarão presentes, assim como inglês e filosofia, dependendo da cidade ou estado.
Porém, sempre vale a pena verificar se a escola oferece disciplinas como outras línguas estrangeiras, música ou educação física, sendo elas obrigatórias ou não. "Esse tipo de disciplina é fundamental, pois são vivência fora do plano cognitivo, é uma forma única de expressão! Um espaço para o improviso, a criação e a vivência do corpo", considera a psicopedagoga Julia Milani.
Claro que tudo depende da criança, pois pode ser que ela não tenha afinidade com algumas dessas atividades, por exemplo, e o gosto precisa ser levado em conta.
Outra questão que hoje os pais levam em conta é a educação bilíngue, que é oferecida somente na rede particular de ensino. "É preciso avaliar qual a vantagem para a família e as condições para poder arcar com essas escolas, pois são mais caras", considera Edith. "Ela tem, sim, suas vantagens, mas crianças que tem dificuldade na aprendizagem eu aconselho a focar primeiro no português", finaliza a especialista.
Peça referências
Nada melhor do que a opinião de outros pais para entender melhor como funciona cada instituição. "Os pais sabem muito mais sobre a escola do que você vai descobrir numa visita e isso também é uma boa desculpa para conhecer os pais e descobrir se eles possuem valores parecidos com os seus, além de expectativas semelhantes com relação à educação", considera Adriana.
Além disso, os pais podem fornecer informações essenciais sobre como é o relacionamento da escola com os pais, por exemplo. Vale a pena ouvir também a opinião de outras crianças sobre o colégio, afinal são elas que vivenciam o dia a dia do local. Isso pode, inclusive ajuda-lo a entender melhor se o colégio realmente aplica na prática a metodologia que diz ter na teoria.
Pense na localização
A localização pode parecer besteira, mas em grandes cidades é um critério importante, que pode ser usado como um desempate, por exemplo. "De preferência a melhor localização é aquela onde você possa chegar rápido quando precisar, portanto pode ser perto do trabalho, de casa ou, quando isso não é possível, de um ponto no meio do caminho", considera Adriana.
Uma vantagem de ter uma escola mais perto de casa, ainda pensando em grandes metrópoles, é que provavelmente os amigos do seu filho estarão no mesmo bairro do que ele, o que facilita o contato fora da escola.
Observe a infraestrutura
]Um ponto secundário a se avaliar é a infraestrutura do local, e tudo depende da idade. Por exemplo, para a educação infantil ter um local em que a criança possa brincar é essencial.
"Crianças aprendem a se superar correndo, vencendo os desafios encontrados nos brinquedos e nos jogos propiciados nesses espaços", considera a psicóloga clínica Susana. Mais tarde, questões como qualidade dos laboratórios e iluminação são de extrema importância também.
Mas a infraestrutura não pode ser considerada o principal critério, afinal o mais importante é que as metas e valores se relacionem com a dos pais. "Essa é a parte mais visível e normalmente a mais simples dos pais avaliarem, mas às vezes eles erram exatamente nesse ponto porque encontram uma infraestrutura excelente que os deixa cegos para outras questões", ressalta Adriana.
Será melhor trocar?
Mas é apenas na prática, ou seja, quando a criança começar a frequentar a escola, que os pais saberão se a escola é mesmo como o imaginado. "Nesse momento o pai deve ficar atento ao filho: verificar se ele está feliz ou triste, como ele enfrenta as dificuldades, se a escola o ajuda ou apenas cobra nesses casos, se ele tem amigos e está entrosado...", avalia Adriana.
Mesmo assim, deve ser algo muito bem avaliado, tudo depende muito da idade da criança também. "Se ela está no ensino médio ela tem mais recurso de escolher, mas quando está no ensino fundamental não acredito que elas têm recursos emocionais e cognitivos para fazer essa escolha", pondera Edith.
De qualquer forma, é sempre bom esperar um pouco antes de decidir pela mudança. "Se a criança apresenta resistência, é bom ficar um pouco, pois pode ser apenas uma resistência inicial. Esperar até o final do semestre é uma boa forma de mensurar isso", comenta Julia Milani. E o ideal é que a mudança sempre seja feita no período entre férias, melhor ainda se ocorrer no final do ano, para facilitar a adaptação.