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Uma das principais questões da dieta das pessoas com diabetes é o impacto da glicose no organismo, já que o paciente costuma ter quantidades mais altas de açúcar no sangue. Os carboidratos que são consumidos se quebram e são transformados em glicose, mas há dois tipos diferentes: os simples (açúcar e massas refinadas), que são digeridos mais rapidamente, e os complexos (grãos integrais) que demoram mais para passar por esse processo.
Ao ingerir um alimento, indivíduos com a condição precisam observar dois pontos: o seu índice glicêmico, a velocidade com que a glicose entra no organismo (se o carboidrato é simples ou complexo) , e a carga glicêmica, quantidade de glicose que irá entrar no organismo.
O alimento mais prejudicial para as pessoas com diabetes é aquele com carga e índice glicêmico altos. Isto porque ele irá elevar a glicose no sangue e, como ela não será completamente absorvida pelas células, estas irão buscar energia em outro lugar - nas gorduras. A queima de gorduras, por sua vez, produz substâncias ácidas conhecidas como cetonas, que passam a se acumular no sangue. O excesso de cetonas é a chamada acidose que pode causar danos nos olhos, rins, nervos, entre outros problemas. "Se a glicose sobe muito, ela oxida o vaso sanguíneo e esse é o primeiro passo para depois acumular o colesterol e ocorrer um infarto", alerta o nutrólogo Roberto Navarro.
Os alimentos que contam somente com o índice glicêmico ou com a carga glicêmica alta não são tão perigosos, mas também precisam de atenção. Por isso, é importante que pessoas com diabetes, tanto o tipo 1 quanto o tipo 2, mantenham um controle rígido da alimentação. "A dieta dessas pessoas tem que ser toda planejada. A nutricionista ou nutrólogo vai definir o quanto de carboidratos será ingerido na alimentação do paciente", diz a nutricionista Nicole Trevisan, do ADJ Diabetes Brasil.
A maneira como os portadores de diabetes tipo 1 e tipo 2 controlam o consumo de carboidratos é diferente. "Como o tipo 1 não produz insulina, ele utiliza a insulina conforme a carga glicêmica, a cada 20 gramas de carboidrato, eles utilizam uma unidade de insulina. É mais fácil se organizar", diz Navarro.
Já os portadores do tipo 2 também precisam realizar uma contagem de carboidratos, mas como eles ainda produzem insulina é um pouco mais complicado manter o exato controle. Para orientar os portadores de diabetes quanto ao consumo de carboidratos, o Centro de Diabetes de Belo Horizonte elaborou um Manual de Contagem de Carboidratos.
Selecionamos os alimentos mais polêmicos e explicamos se eles são bons ou não para quem tem a doença. Será que o açúcar, o pão branco, refrigerantes, sal, entre outros podem ser consumidos por quem tem diabetes? Descubra!
Açúcar refinado e outros adoçantes
O principal problema do açúcar refinado é que ele possui tanto o índice quanto a carga glicêmica altos. Por isso, ele deve ser consumido com muita moderação pelos portadores de diabetes. "Alguns autores defendem que com o controle correto, cerca de 5% a 10% das calorias consumidas podem vir do açúcar. Mas não é de bom tom dizer que o açúcar pode ser consumido", afirma o nutrólogo Roberto Navarro.
Outros adoçantes como o mel e o açúcar mascavo, apesar de serem mais nutritivos do que a versão refinada também precisam de atenção pois possuem alto índice e carga glicêmica.
Farinha branca
Os alimentos elaborados com a farinha branca, como os pães franceses e as massas, não são recomendados para os portadores de diabetes porque possuem um alto índice e carga glicêmica.
As melhores opções para quem tem a doença, e para a população em geral, é a farinha integral. "Isto porque ela não irá proporcionar grandes picos glicêmicos", conta a nutricionista Nicole Trevisan do Diabetes Brasil. Porém, os integrais possuem alta carga glicêmica, ou seja, tem boas quantidades de carboidratos, por isso, os portadores de diabetes também não devem abusar do consumo deles.
Tubérculos e raízes
Alguns tubérculos possuem alto índice e carga glicêmica. É o caso da batata, da mandioca e da cenoura cozida. Por isso, quando os portadores de diabetes forem incluir estes alimentos em seus pratos, precisam se organizar. "Se a pessoa, por exemplo, quer comer arroz e mandioca também, ela tem que saber combinar, ou diminuir as porções tanto de arroz quanto da mandioca ou comer só um deles", afirma Trevisan.
Refrigerantes normais e sucos
Os refrigerante normais e alguns tipos de sucos são os únicos alimentos que não devem ser ingeridos pelas pessoas com diabetes. "Isto porque como são líquidos, a glicose irá entrar muito mais rápido no sangue", explica Trevisan.
Por isso, indivíduos com a doença precisa optar sempre pela versão diet dos refrigerantes e sucos industrializados. No caso dos sucos naturais, o melhor sempre é consumir a fruta. "Elas tem muito mais fibras e menos açúcar. Um suco de laranja, por exemplo, não pode ser consumido, já que para ser elaborado precisa de 3 a 4 laranjas", conta Trevisan.
Pão de queijo e tapioca
Pessoas com diabetes realmente devem tomar cuidado com o consumo de pão de queijo. "Ele tem um índice glicêmico alto porque conta com farinha e gordura saturada", afirma Navarro.
Apesar de ser muito procurada atualmente por ser um alimento sem glúten, a tapioca também possui o índice e a carga glicêmica altos e precisa de cuidados ao ser consumida.
Gordura saturada
Apesar das carnes vermelhas, embutidos e a manteiga e outros derivados do leite não terem altas quantidades de carboidratos, estes alimentos também precisam de maior controle. Como já foi dito, as pessoas com diabetes são mais propensas a terem doenças cardiovasculares. Esses alimentos são ricos em gorduras saturadas, que também favorecem o aumento do colesterol e consequentemente problemas no coração. Por isso, a combinação de gorduras saturadas e diabetes é muito perigosa.
Sódio
O excesso de sódio, presente no sal e principalmente em alimentos industrializados, é ruim para todas as pessoas. Porém, no caso dos portadores de diabetes, a situação fica ainda mais complicada. "O sódio pode levar ao aumento da pressão arterial e, como eles já têm um risco cardiovascular maior, é preciso cuidado", explica Navarro. A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo de 3 gramas de sal diários, levando em conta tudo que é consumido no dia, para pessoas consideradas saudáveis e para pessoas com diabetes, mas sem complicações. Caso o paciente com diabetes tenha pressão alta é importante conversar com o médico, a fim de saber o quanto de sal poderá ingerir.
Não é só ao sal de cozinha que é preciso ficar atento. Comece a observar a tabela nutricional para identificar a quantidade de sódio dos alimentos industrializados e embutidos, pois ela costuma ser alta.
Frutas
As frutas possuem a frutose, um tipo de açúcar, e por isso, algumas delas têm carga ou índice glicêmico altos. Porém, muitas delas são importantes para quem tem a doença. É o caso da maçã, rica em fibras, do blueberry, cereja e amora, poderosos antioxidantes, do abacate, rico em gorduras boas, o limão, que evita hemorragia e protege as artérias, e do coco, que ajuda no combate de bactérias e fungos.
Frutas como o figo e o caqui devem ser evitadas. A banana também conta com alto índice glicêmico. "Combiná-la com a aveia é uma alternativa para diminuir isso", indica Trevisan.
Oleaginosas (amendoim)
Algumas pessoas, acreditam que as oleaginosas, especialmente o amendoim, podem ser prejudiciais para quem tem diabetes, mas isto não é verdade. "As oleaginosas são ricas em gorduras monoinsaturadas que tem ação antioxidante e são protetoras", justifica Navarro. Contudo, as oleaginosas são muito calóricas e por isso é preciso ficar atento às quantidades, comer o equivalente a um punhado por dia é o suficiente.
Pipoca
A pipoca possui a carga glicêmica alta, apesar do índice ser baixo. Contudo, ela também é rica em fibras, que proporcionam saciedade e melhoram o trânsito intestinal. Assim, ela pode ser consumida em quantidades moderadas, como uma xícara de chá.