Daniella Freixo de Faria é especializada em psicologia analítica e transpessoal e formada pela PUC-SP. Dentre as várias...
iHoje em dia o número de famílias que decide por ter apenas um filho está crescendo. Temos pais e mães que trabalham demais e o custo de vida que vem aumentando com tanta rapidez e ter filho, cada vez mais, se torna um ato de escolha consciente, repleta de responsabilidade. É realmente um planejamento de vida, na maior parte dos casos. A escolha me parece consciente, pois o que vemos são pais extremamente dedicados aos filhos e muitas vezes conscientes de que mais filhos mudariam essa realidade.
Ter irmãos faz bem, traz esse desafio da convivência para o cotidiano, é sempre muito bom, porém desde que a disponibilidade afetiva exista realmente.
Agora, será que os filhos únicos ainda precisam ser vistos como mimados e solitários? Essa crença foi bastante comum na época em que eu era criança. Lembro-me de algumas justificativas serem: "é que ele é filho único, por isso não consegue dividir" era a mais comum. Porém, será possível criarmos uma criança sem irmãos e ela caminhar por novas crenças? Claro que sim, basta que prestemos atenção em alguns pontos importantes, algumas armadilhas do processo educativo que pode acontecer com os filhos únicos ou nas famílias com mais filhos.
Educação é tudo!
É preciso aplicar limites com respeito, coerência, constância e consequência. Qualquer criança que cresça com essa postura dos pais tende a compreender o certo e o errado, aprende a escolher, porque compreendeu que será ela quem irá viver o resultado de suas ações.
A outra armadilha é a superproteção. Muitas vezes por ser uma única criança essa cilada se instala com mais facilidade. A autonomia e a percepção de ser capaz faz da criança uma pessoa que cada vez mais dá conta de enfrentar os desafios e obstáculos da vida.
O outro ponto importante é cuidarmos da nossa expectativa como pais. Esperar demais de um filho único pode ser pesado pra criança e ainda nos deixar frustrados. É hora de aprender que cada um é um e descobrirmos expectativas realistas, que fazem crescer.
E o último ponto que considero importante demais é mantermos a luta, a dedicação para a conquista. Muitas vezes na ideia de que há algo faltando, seguimos realizando desejos desses filhos únicos e esse movimento leva a criança a ficar frouxa na luta pelo que acredita ou sonhos que pretende realizar. É preciso deixá-los viver a caminhada, é preciso deixar crescer e conquistar alguns objetivos pelo próprio esforço.
Os filhos únicos podem aumentar a interação com outras crianças na vida escolar, no clube, na academia, no condomínio ou na rua. É importante investir nas relações fora da escola, trazer amigos, primos em casa, ir na casa de amigos. Investir em relacionamento é um forte aliado para as crianças aprenderem a conviver. Aprender nesse dia a dia a conviver da mesma maneira que é importante perceber que tudo bem ficar sozinho, acompanhado apenas de si mesmo. Esse aprendizado essencial para todos nós, filhos únicos ou não.