Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iA vacinação é uma prática que teve seu início na China. Ao perceber que os sobreviventes de um ataque de varíola não voltavam a adoecer, muitos povos tentaram reproduzir e "produzir a doença de forma mais branda".
Em 1796, Edward Jenner observou que um número expressivo de pessoas mostrava-se imune à varíola. Todas eram ordenhadoras e tinham se contaminado com cowpox, a varíola do gado, caracterizada por formação de pústulas, mas que não causava a morte dos animais. No mesmo ano, Samuel Hahnemann, genial pai da homeopatia, publicou sua pesquisa sobre os princípios dos medicamentos e cita em seus escritos os benefícios da vacina de Jenner.
Ninguém discute a importância de vacinar. Não temos saudades dos 400 mil óbitos ao ano por varíola na Europa. Meus avós ainda lembravam da Gripe Espanhola, que assolou metade da Europa, já enfraquecida pelo pós-guerra. Mas, entre os homeopatas existe uma divisão entre os favoráveis e contrários a vacinação. Entre os autores clássicos não há descrição contrária à vacinação.
As crianças por algum motivo não vacinadas (decisão dos pais, orientação do médico ou motivos religiosos), acabam tendo o que se chama de "imunidade de rebanho". Vacinas colonizam a orofaringe e em um grupo, por exemplo, em uma escolinha, todos acabam sendo imunizados direta ou indiretamente, com os brinquedos que passam de mão em mão e em bocas, espirros, tosse. Com a imunização da maioria da população, as crianças não vacinadas tem o risco de seu adoecimento enormemente reduzido pelo alto grau de imunidade coletiva que diminui a circulação da doença.
Hoje, vacinas são purificadas e diminuiu-se em muito os efeitos colaterais. Os conceitos de vacinação hoje são muito claros. Mesmo em meu consultório como homeopata, a frequência de pacientes que não querem vacinar é muito reduzida, considero casos isolados e não me deixam muito a vontade.
O novo código de ética médica diz que a vontade do paciente é soberana, mas sempre questiono: "Você vai arriscar seu filho?". E lá vai muita conversa! Acredito que experimentos e a diminuição de doenças demonstram os benefícios da vacinação, as condutas contrárias deveriam ser revistas.
Mas se a doença reduziu a circulação, por que eu preciso vacinar meu filho?
Em 2011 a Europa registra 30 000 casos de sarampo contra 1 300 nas Américas e 40 casos no Brasil. Que aconteceu na Europa? Em 1998 no Reino Unido, foi publicado um estudo que afirmava que o vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) seria causadora de autismo. Tendo em vista a importância da afirmação, foram feitos diversos estudos em diferentes centros de pesquisa, e não foi confirmada esta teoria.
Posteriormente descobriu-se que o autor havia sido pago por firmas interessadas na controvérsia. Tanto que ele perdeu seu título de médico. Mas a repercussão da afirmação que a vacina produziria autismo foi tão intensa que a vacinação diminuiu muito e o sarampo retornou a ser uma doença circulante.
O Brasil inclusive solicitou junto a Organização Mundial de Saúde o certificado de erradicação do sarampo. Porém, em junho de 2014 teremos a Copa do Mundo e holandeses, ingleses, trarão na bagagem, além da alegria, o sarampo.
E as vacinas homeopáticas?
As vacinas homeopáticas foram utilizadas em surto de Dengue, com resultados muito positivos. São preparações obtidas a partir dos sintomas de cada epidemia. No surto de Dengue, os primeiros casos são analisados e anotados os principais sintomas. Os sintomas comuns à maioria dos pacientes resultam em um medicamento retirado do que chamamos de "Matéria Médica Homeopática", onde esta contida a descrição dos efeitos de cada preparado. Então, em cada temporada muda-se o medicamento, pois ele é para cada doente e não para a doença, existe individualização. Relatos de pacientes mostram mais rapidez na cura, menos incomodo, menos dores e a prevenção da forma mais grave, que é a dengue hemorrágica.