Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iNo processo reprodutivo, o útero tem papel fundamental, afinal ele possibilita a implantação do pré-embrião e sustenta a formação do feto. No entanto, alterações uterinas podem comprometer esse ciclo natural impedindo até que a gestação ocorra. Entre os fatores que podem interferir uma gravidez, destacam-se: malformações, tumores - sendo que os miomas são os mais recorrentes - além de aderências que conseguem alterar a forma da cavidade uterina.
Uma das causas mais conhecidas são os miomas que podem ser denominados como um tipo de tumor benigno do tecido muscular do útero, e que consegue modificar a sua estrutura. Com isso, este tumor pode desencadear uma série de ocorrências podendo levar à obstrução das trompas uterinas ou induzindo a contração do útero, fazendo-o diminuir de tamanho, sendo que tais situações dificultam a fecundação e o desenvolvimento da gravidez.
Condições anatômicas uterinas também pode ser um empecilho para a gestação. Há casos em que o útero contém um septo para dentro da cavidade, reduzindo assim seu espaço e impossibilitando o desenvolvimento de um bebê. Também existem casos em que o útero apresenta desenvolvimento incompleto, com cavidade muito pequena ou mesmo úteros duplicados, que podem ser muito pequenos e, ambos os casos, interferem de forma negativa no desenvolvimento de uma gestação.
É importante ressaltar ainda que problemas relacionados ao endométrio também podem impedir a fecundação de um embrião. Neste caso, a presença de pólipos - um tecido anormal que se forma na camada interna do útero - pode obstruir ou impedir a implantação do embrião. É importante informar que estes pólipos podem ser pequenos (micropólipos) e podem não vistos pelo histeroscopista atento a esta alteração minúscula. Ela pode parecer que não é importante para a infertilidade, mas em 93% das vezes estão relacionados à endometrite, que tem sua relevância como causa da infertilidade.
Os fatores uterinos são responsáveis por cerca de 20% das causas de infertilidade e podem ser resolvidos com procedimentos cirúrgicos. Mas, em alguns casos, o problema pode ser revertido pelo tratamento de reprodução assistida. Para detectar qualquer um dos problemas citados, é indicada a realização de exames específicos, entre eles, a histerossalpingografia, que consegue revelar a mobilidade e permeabilidade da trompa, observando se ela permite a entrada do espermatozoide para a fecundação do óvulo.
Há também o exame de histeroscopia, um procedimento realizado em nível ambulatorial, com ou sem sedação em algumas clínicas de reprodução humana ou em centro diagnósticos, por meio de uma câmera fina ótica que é colocada dentro da vagina e do canal do colo uterino permitindo a visualização da cavidade uterina e identificando eventuais problemas. É muito importante avaliar o interior do útero com a histeroscopia e a biopsia de endométrio, pois é ali que inicia a vida.