Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Pesquisadores da Harvard School of Public Health, em Boston (EUA), descobriu que a vasectomia está associada a um aumento do risco de câncer de próstata, principalmente câncer em fase avançada ou letal. Os resultados foram publicados dia 07 de julho no Journal of Clinical Oncology.
Para o estudo, foram analisados dados de 49.405 homens americanos, seguidos entre 1986 e 2010 como participantes do Health Professionals Follow-up Study. Os homens tinham entre 40 e 75 anos no início do estudo.
Durante os 24 anos de acompanhamento, 6.023 homens foram diagnosticados com câncer de próstata, incluindo 811 que morreram da doença. Um em cada quatro dos participantes relatou ter passado por uma vasectomia.
Com base no relatório, a equipe encontrou um risco aumentado de 10% para câncer de próstata nos homens que fizeram vasectomia. No entanto, uma análise mais aprofundada comprovou que a vasectomia tinha uma ligação maior com formas mais agressivas da doença, com um risco 19% maior de câncer avançado e um 20% maior de câncer letal.
No entanto, apontam os pesquisadores, embora 20% seja um número estatisticamente significativo, o seu efeito é relativamente pequeno para o aumento no risco absoluto de desenvolver câncer de próstata. Eles afirmam que optar por uma vasectomia como forma de controle de natalidade é altamente pessoal e um homem deve discutir os riscos e benefícios com o seu médico.
Câncer de próstata: tire sete dúvidas sobre o diagnóstico
O câncer de próstata é o mais incidente entre os brasileiros do sexo masculino, sendo o segundo câncer mais comum na população, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. São 60 mil novos casos estimados anualmente, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Nesse cenário, se faz de extrema importância a realização dos exames e o acompanhamento com o médico, principalmente aqueles que estão em grupo de risco para a doença. Pensando nisso, conversamos com especialistas e tiramos a principais dúvidas sobre o diagnóstico do câncer de próstata, bem como os exames que precisam ser feitos a partir de qual idade:
É possível fazer uma prostectomia preventiva?
A realização de uma prostectomia "preventiva" não é indicada em nenhuma situação. "Atualmente existem pesquisas buscando marcadores genéticos de mau prognóstico que poderiam auxiliar na condução de casos de neoplasia maligna da próstata em fase inicial, mas na ausência de malignidade não há indicação de extirpar a próstata", afirma o urologista Ravendra. Além disso, a retirada da próstata pode envolver uma série de efeitos indesejáveis, como incontinência urinária, disfunção erétil e impotência. "Não existe nenhuma evidência científica que justifique qualquer procedimento profilático para evitar o câncer de próstata", explica o oncologista Fabio. Além disso, afirma o cirurgião oncologista Gustavo, boa parte dos pacientes com tumores na próstata poderão ser tratados de outras formas que não a cirurgia, como radioterapia ou HIFU (ultrassom focalizado de alta frequência).