Pediatra especializada em medicina do adolescente, conhecida como hebiatria. Formada pela Pontifícia Universidade Católi...
iDurante a adolescência acontecem várias mudanças físicas e emocionais, entre elas o desenvolvimento da sexualidade. Junto com as mudanças corporais e as modificações hormonais, os adolescentes começam a se tornar mais curiosos com relação ao tema do sexo. Ao mesmo tempo ocorre uma mudança na sua atitude social, com maior distanciamento de seus pais e maior proximidade com outros jovens, com os quais espera descobrir o mundo dos adultos.
Atualmente o contato com o sexo acontece de forma muito precoce, pois vivemos em um mundo onde o a sexualidade é usada como ferramenta do comércio, como um atrativo para melhorar o marketing ou para aumentar a audiência. Desde muito cedo as crianças têm contato com situações com algum apelo sexual, seja nas novelas, nas propagandas da mídia escrita ou televisiva ou nas músicas e suas coreografias. Cabe aos pais orientar seus filhos a respeito do tema, para que iniciem sua vida sexual de forma segura e saudável.
Hoje no Brasil a média de idade para a primeira relação sexual é de 15 anos. Segundo pesquisa do IBGE realizada em 2012, 28,7% dos estudantes do 9º ano de escolas públicas e privadas já tinham tido relação sexual. Estes dados mostram que precisamos sim orientar nossos filhos desde cedo e achar que eles não estão preparados para o assunto é uma ingenuidade que resulta em maior exposição aos riscos associados à prática sexual, tais como gravidez e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
Em geral as primeiras curiosidades relacionadas ao sexo surgem na infância, quando a criança começa a perceber as barrigas grávidas. A pergunta "de onde vêm os bebês?" deve ser respondida de forma simples e honesta. Depois disso, comumente passam-se anos de calmaria quanto ao assunto até o final do ensino fundamental 1, quando os corpos começam lentamente a mudar. A grande maioria das escolas neste momento dá aulas sobre os sistemas reprodutores masculino e feminino e a fecundação. Mas, não se iluda, isso não é o suficiente para satisfazer a crescente curiosidade das crianças, sendo no máximo um bom início de conversa. A partir daí cada indivíduo anda em seu ritmo e fica a cargo das famílias sentir o momento do aprofundamento do tema. Não é porque a média de idade de iniciação sexual é de 15 anos que seu filho obrigatoriamente seguirá esta regra, mas este é um dado que nos mostra que não se pode tardar para iniciar o bate papo.
O diálogo em casa é sempre a melhor forma de orientar a prole, sobre qualquer tema. É preciso estimular momentos de convívio familiar, seja durante as refeições ou em programas conjuntos. Está comprovado, por exemplo, que em famílias nas quais pelo menos uma vez ao dia a refeição é realizada com todos os seus membros, a incidência do uso de drogas é menor. O lema é não perder a oportunidade. Qualquer situação que surja relacionada ao tema deve ser aproveitada como gancho para debater o assunto, seja ela um evento que aconteceu na escola, uma notícia nos jornais ou uma cena de novela. Falar sobre o quê? Tudo! Amor, amizade, respeito, relacionamento, carinho, beijo, tesão, sexo, prevenção de gravidez e DSTs e tudo o mais que venha à pauta.
A orientação sexual tem que acontecer de forma natural, acompanhando o surgimento das dúvidas e aproveitando as oportunidades do dia a dia. Tratar o tema sem preconceitos torna tudo mais fácil. Aos pais ansiosos, cuidado: esperem seus filhos demonstrarem interesse pelo assunto. Dar informações muito cedo pode gerar confusão e/ou medos. Como saber qual é a hora certa? Conhecendo seu filho você vai saber, seja através de perguntas que ele faça ou de mudanças de comportamento.