Daniella Freixo de Faria é especializada em psicologia analítica e transpessoal e formada pela PUC-SP. Dentre as várias...
iCumprimentar as pessoas pode ser um grande desafio para as crianças e muitas são consideradas tímidas como justificativa dessa dificuldade. A timidez é um ponto de partida, mas não uma condição imutável. Algumas crianças podem mesmo ter essa postura mais envergonhada, mas é importante demais que os adultos ajudem nesse momento. Essa ajuda acontece primeiro compreendendo que esse é apenas mais um desafio a ser superado. Tem seu tamanho e com todo o direcionamento e acolhimento dos pais pode ser superado com tranquilidade.
Dar "oi", dar "tchau", dizer "bom dia" e "boa tarde", falar "por favor" e "obrigado"... Essas são posturas de educação e por isso são também aprendidas. Vejo que muitas vezes uma dificuldade inicial se torna mais cristalizada, pois os adultos, numa linda intenção de respeitar o que a criança apresenta, se retiram dessa postura educativa tão importante nessa primeira infância. É preciso insistir, ir junto, não falar por ela, mas sim apoiar essa atitude, fazer junto, ensinar, aprender qual é o melhor caminho para realizar atitude tão importante. A criança que passa por essa fase e adquire esse aprendizado está livre, leve e solta pra viver esses encontros e despedidas de maneira natural.
Lembro como se fosse ontem quando meu pai pedia que eu cumprimentasse um a um dos seus amigos depois de jogarem muitas partidas de tênis, quando todos se encontravam na mesa do clube que frequentávamos. Era chato, mas era educação adquirida, aprendida. Meu entendimento era muito claro, preciso cumprimentar a todos, é assim que funciona.
Esse norte funciona para as crianças como segurança e cumprir esse aprendizado traz para a criança a certeza de que o mundo é um lugar de convivência, do viver com, do olhar nos olhos, em que abraçamos, beijamos, agradecemos e respeitamos.
Então, assim como ensinamos a comer, tomar banho, se vestir, regras com a TV, ensinamos com nossos exemplo e orientação o convívio com o próximo, esteja ele muito próximo ou um pouco mais distante. Esse é um ensinamento gradativo que deve acontecer desde as crianças bem pequenas, na intenção, na vontade de aproximar e considerar o outro.
Quando esse comportamento já está cristalizado, ou mesmo é encarado como timidez, isso faz tudo ficar ainda mais complexo. É hora de retomar essa direção e mostrar para a criança que ela pode, que ela consegue e que esse movimento é natural e muito tranquilo. Posicionar as crianças com amor e comprometimento faz essa atitude acontecer e acreditem, quem se sente mais aliviada é a criança que a cada encontro libera uma enorme tensão antes acumulada. O que era muito complicado passa a ser simples e natural. É assim que funciona e as crianças que recebem essa orientação absorvem essa ideia e criam atitudes lindas nesse sentido. Por isso, todo dia é dia de educarmos nossos pequenos, afinal tudo se aprende, tudo se ensina.