Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Possui especialização em Pediatria e Pneumologia...
iA alergia provocada pelo esmalte chama-se dermatite de contato ou eczema de contato ao esmalte. Os esmaltes são compostos por várias substâncias:
- Película-base ou filme: Responsável pela dureza e resistência à abrasão. Exemplo: nitrocelulose, polímeros vinílicos, polímeros de metacrilatos
- Resina: Confere brilho, durabilidade e aderência ao produto. Exemplo: formaldeído, formaldeído-sulfonamida, tolueno-sulfonamida-formaldeído-resina
- Plastificante: Ajuda na flexibilidade e durabilidade do produto. Exemplo: dibutilftalato
- Solventes. Exemplos: acetatos, cetonas, tolueno, xileno
- Corantes: Pigmentos orgânicos e inorgânicos
O filme do esmalte já foi considerado a principal substancia sensibilizante do esmalte, mas hoje sabe-se não ser tão ativa (o principal componente é a nitrocelulose). Os maiores sensibilizantes (que tem maior poder de provocar alergia) são as resinas, e a principal substancia é a TOLUENO-SULFONAMIDA-FORMALDEÍDO-RESINA (resina liberadora de formaldeído).
Outras substâncias podem estar envolvidas com menor frequência em processos alérgicos, como pigmentos, resina poliéster, metilacrilatos e nitrocelulose.
Endurecedores de unha são preparações cosméticas usadas para aumentar a resistência de unhas que se quebram, e que contém resina e solvente, podendo provocar alergia também. Os removedores de esmalte contêm acetona, álcool, acetato de etila e acetato de butila. Podem provocar irritação e ressecamento ao redor das unhas.
A alergia ao esmalte não provoca lesão na unha ou redor dela, e sim em locais aonde a mão toca a pele mais fina: pálpebras, lábios, face, orelhas, queixo e pescoço. As reações podem ser tão intensas que podem acontecer estando próximas de pessoas que pintaram as unhas ou entrando em salões de beleza. A alergia surge em qualquer momento da vida, mesmo depois de muito tempo usando o esmalte.
Os sintomas são irritação nos olhos, pele e sistema respiratório (falta de ar). Pode acontecer uma coceira importante nas pálpebras e na fase aguda do processo com vermelhidão, edema (inchaço), coceira, aparecimento de vesículas (bolinhas de água), que eliminam o líquido (exsudação) e posteriormente descamação e presença de secreção (forma sub-aguda). A última fase que é a crônica chama-se de liquenificação, aonde há presença de fissuras.
Quando acontece este tipo de alergia, o ideal é procurar o especialista alergista, que fará orientação para realizar o teste alérgico de contato, que tem a finalidade de tentar identificar quais substâncias são as responsáveis pela alergia.
Esse teste consiste na colocação de substâncias a serem testadas no dorso do indivíduo, em contensores especiais. A bateria de testes de contato padrão brasileira é composta por 30 substâncias, mas há baterias complementares como de cosméticos, de corticoides e profissionais. Os contensores são aplicados e deixados por 48 horas. Após este período, o teste é removido e é realizada a primeira leitura. Após 96 horas é realizada a segunda leitura. A partir daí, dependendo do aparecimento de eritema, pápulas ou vesículas, determina-se se há positividade do teste.
O tratamento da dermatite de contato consiste em controlar as lesões do eczema com medicamentos e afastar os agentes causadores da alergia de contato. No caso do esmalte, há no mercado formulações hipoalergênicas 3free, 4free, 5free e 7free:
Saiba mais: Medidas para prevenir a rinite alérgica
- 3free: sem tolueno, formaldeído e dibutilftalato.
- 4free: sem tolueno, formaldeído, dibutilftalato e canfora
- 5free: sem tolueno, formaldeído, dibutilftalato, canfora e parabeno
- 7free: livres de dibutilftalato, tolueno, formaldeído, resina de formaldeído, cânfora, conservantes e petrolato.
Algumas pessoas mais sensíveis podem apresentar reações alérgicas mesmo aos esmaltes hipoalergênicos, pois hipoalergênico não significa passe livre para 100% dos alérgicos. A leitura atenta de rótulos dos esmaltes é recomendada. É interessante ficar de olho na composição de bases e removedores de esmalte. Unhas acrílicas também podem provocar alergia.