Possui graduação em medicina pela Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (2009). Possui títu...
iDiariamente os oncologistas são bombardeados com uma grande quantidade de informação a respeito de novos tratamentos e novos testes moleculares. A despeito dessa corrida frenética pela incorporação de novas tecnologias, todo especialista deve atentar para os cuidados necessários nesse momento importante da vida do paciente, que é o seguimento após o término do tratamento do câncer.
São três os grandes motivos que tornam esses cuidados de extrema importância: o diagnóstico precoce da recidiva, o diagnóstico precoce de um segundo câncer e a manutenção da saúde, com enfoque nas potenciais toxicidades causadas pelo tratamento.
Sem dúvida o medo da recidiva do câncer é o que mantém o paciente mais próximo do seu oncologista. Neste contexto, existem protocolos bem definidos de seguimento de cada tumor, sendo que em alguns casos são necessários exames de imagem enquanto em outros esse seguimento baseia-se no exame físico e anamnese.
Outro aspecto importante a ser seguido é a ocorrência de um segundo tumor primário. Isso se deve à toxicidade ao tratamento (quimioterapia ou radioterapia) ou eventualmente a um fator de risco comum aos dois tumores (tabagismo, por exemplo). Leucemias podem ocorrer dentro de dois a cinco anos após a exposição a agentes alquilantes, inibidores da topoisomerase ou platinas. Agentes alquilastes também aumentam o risco de câncer de pulmão, câncer gastrointestinal, câncer de mama, de bexiga e sarcomas. Tumores induzidos pela radioterapia costumam ocorrer em um momento mais tardio, de cinco a dez anos após o tratamento e está associado à dose utilizada, extensão do campo e idade ao tratamento.
Além da indução de novos tumores, os agentes utilizados no tratamento oncológico podem induzir danos às estruturas até então sadias. A toxicidade cardíaca é uma preocupação constante naqueles que tratam câncer de mama, por exemplo. Isso se deve à natureza cardiológica das drogas utilizadas, como trastuzumabe e doxorrubicina. A neuropatia periférica, bastante comum naqueles expostos à oxaliplatina, pode manifestar desde um formigamento discreto até dor incapacitante com limitação funcional.
A infertilidade masculina é frequente naqueles pacientes que receberam quimioterapia e o risco de sua ocorrência varia conforme a idade do paciente, o protocolo de quimioterapia e da qualidade do sêmen antes do tratamento. Sendo assim, é de extrema importância a orientação correta destes pacientes, expondo esse risco e a possibilidade armazenamento do sêmen antes do tratamento.
Naqueles pacientes submetidos a determinados tipos de hormonioterpia para câncer de mama e próstata é comum a ocorrência de perda de massa óssea e muscular. Estes pacientes precisam, muitas vezes, de reposição de cálcio, vitamina D e atividade física sob orientação.
Por fim, mas não menos importante, encontra-se o dano psicológico causado pelo diagnóstico de câncer e pelo tratamento recebido, com todas as transformações inerentes a este processo. Sendo assim, um bom aconselhamento, antevendo as dificuldades, assim como um acompanhamento com um psicólogo com experiência em pacientes oncológicos tendem a minimizar esse impacto.