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Garantir a saúde íntima masculina envolve, entre muitos fatores, uma higiene adequada, uso de camisinha e a atenção com sintomas que podem indicar a presença de DSTs, como verrugas genitais e ardência ao urinar. Inclusive a aparência e odor do sêmen podem denunciar doenças na área íntima masculina. Conheça as características de um esperma saudável e quando ele levanta suspeitas:
Composição
A composição do sêmen pode ser divida em duas partes: o plasma seminal e os espermatozoides. De acordo com o urologista Reginaldo Martello, do Departamento de Reprodução Humana da Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 70% do plasma seminal é produzido nas vesículas seminais, contendo aminoácidos, enzimas e principalmente frutose, que é a fonte de energia das células espermáticas. "Os outros 30% são produzidos pela próstata e contém, entre outros elementos, a fosfatase ácida e o ácido cítrico", afirma. Essas substâncias têm o papel de neutralizar o ambiente ácido do canal vaginal, que é naturalmente nocivo ao esperma.
Já os espermatozoides são conduzidos e ao mesmo tempo alimentados pelo sêmen até chegar ao interior do útero. Eles são produzidos nos testículos e se juntam ao líquido seminal na uretra prostática, para então serem liberados no momento da ejaculação. O espermatozoide é uma célula composta por um núcleo ("cabeça"), que carrega o material genético, e uma cauda ou flagelo, responsável pela motilidade.
O especialista completa dizendo que hábitos como tabagismo, alcoolismo e uso de drogas ou anabolizantes podem afetar drasticamente a composição do sêmen e a fertilidade masculina. "Infecções das vias genitourinárias também desempenham uma interferência importante na constituição seminal."
Consistência e cor
Logo após a ejaculação o sêmen é heterogêneo, pois se encontra coagulado. A consistência viscosa e espessa serve para auxiliar a aderência do esperma no útero, facilitando a fecundação. "Posteriormente, o esperma vai se tornando uniforme e mais líquido conforme acaba o efeito coagulante", diz o urologista Reginaldo.
A cor varia do branco ao transparente, podendo variar conforme o período de intervalo entre as ejaculações ou com a abstinência sexual. Sangramentos da próstata ou vesículas seminais podem deixar o sêmen com uma coloração marrom. "A presença de sangue vivo no esperma também deve ser um alerta para buscar ajuda médica", afirma o urologista Mauro Pinheiro, do departamento de Medicina Sexual e Infertilidade da Sociedade Brasileira de Urologia - Regional Rio Janeiro. Infecções virais ou bacterianas podem deixar o sêmen com um aspecto amarelo ou purulento - sintoma que também deve ser investigado.
Cheiro
De acordo com os especialistas, o sêmen tem seu cheiro característico, que pode variar de pessoa para pessoa. "Alterações de odor muito marcantes podem ser suspeitas de infecção", afirma o urologista Mauro. Por isso, se notar qualquer mudança no odor do sêmen, principalmente cheiros muito fortes ou pútridos, marque uma consulta médica.
O gosto realmente pode mudar?
Muito se fala sobre a influência da dieta no gosto do sêmen - uma vez que os aminoácidos e a frutose que compõem o esperma provêm também da alimentação. Sob essa lógica, o tipo de proteína ingerida (animal ou vegetal), bem com a quantidade de frutas e açúcares consumidos poderiam interferir no sabor, deixando-o mais amargo, ácido ou mesmo doce. Entretanto, o urologista Reginaldo afirma que não há informações suficientes na literatura científica confirmando essa possibilidade. "A composição do sêmen de fato é basicamente aminoácidos, enzimas e frutose, mas isso não quer dizer que a dieta possa alterar essa composição ou o gosto do esperma", explica.
Quantidade não indica qualidade
O esperma saudável tem um volume ejaculado igual ou maior a 1,5 ml, sendo que os espermatozoides contribuem com apenas 5% desse total. "Portanto, a quantidade de esperma ejaculado não tem nenhuma relação com a fertilidade do homem", ressalta Reginaldo Martello. Isso porque um sêmen com volume normal pode não conter nenhum espermatozoide (azoospermia), ou ter quantidade e qualidade muito alteradas, fazendo desse indivíduo um homem infértil. "Homens que já fizeram a cirurgia de vasectomia, por exemplo, podem ser totalmente inférteis e terem um volume de sêmen normal", completa o urologista Mauro. A avaliação da fertilidade só é, portanto, dimensionada com o a análise do sêmen (espermograma) e nunca pelo seu volume.
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Desejo sexual interfere na ejaculação?
"A quantidade de esperma varia principalmente com o intervalo de tempo ocorrido entre as ejaculações", explica o urologista Reginaldo. Dessa forma, passar vários dias sem ejacular pode resultar em um volume seminal, e ejaculações muito próximas uma da outra levam a um volume menor. "Entretanto, e excitação sexual estimula uma maior viscosidade e maior secreção das glândulas envolvidas na produção do sêmen, fatores que podem aumentar a quantidade de esperma no momento da ejaculação", diz Mauro Pinheiro.
Exames para avaliação da fertilidade
Como a aparência e a quantidade do sêmen não denunciam alterações na fertilidade masculina, é necessário consultar um urologista e fazer uma análise clínica e laboratorial completa. "O principal exame para investigar infertilidade é o espermograma, mas também podem ser pedidos testes hormonais e de imagem, biópsias e análises genéticas quando tiverem indicações específicas", explica o urologista Reginaldo. Esses testes são feitos principalmente quando existe um casal supostamente fértil em tentativa de gravidez sem sucesso, geralmente após um período mínimo de seis meses de tentativa. Qualquer outro sintoma que levante suspeita de infertilidade ou doenças genitourinárias também pedem avaliação médica.