Graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP); realizou Extensão em Dentíst...
iO acesso cada vez mais fácil aos implantes e a conscientização de hábitos de higiene oral adequados, faz com que o idoso possa manter seus dentes e um belo sorriso por toda a vida. No entanto, com o passar dos anos aparecem situações específicas que modificam os cuidados com a cavidade oral. Diferentes problemas bucais podem ocorrer com o envelhecimento e serão influenciados pelo estado de saúde geral da pessoa, por uma dieta inadequada, estresse, tabagismo, diabetes ou problemas cardíacos.
Problemas mais comuns
Um exemplo desses problemas é a xerostomia ("boca seca"), que é a diminuição da quantidade de saliva e pode aparecer como efeito colateral de certos medicamentos. A saliva é muito importante para manter os tecidos bucais saudáveis e o esmalte dos dentes protegidos. O fluxo salivar diminuído favorece o aparecimento de cárie e facilita a desadaptação de próteses, doenças periodontais, lesões da mucosa bucal, candidíase, leucoplasia etc.
Pessoas que passaram pela radioterapia na região de cabeça e pescoço têm uma diminuição do fluxo salivar ainda maior. Nessa situação é muito importante a participação do dentista antes e após dos tratamentos oncológicos, para prevenir e tratar rapidamente qualquer problema.
A retração gengival também é comum em pessoas com mais idade. Ela causa hipersensibilidade ao frio e calor porque parte do dente que não é protegido pelo esmalte fica exposto. Essa sensibilidade deve ser avaliada e tradada pelo dentista, pois o desconforto da sensibilidade pode levar a uma má higiene pelo receio de sentir dor ao escovar os dentes.
Outro aspecto bem visível com o passar dos anos são os dentes amarelos. Isso ocorre pelas modificações naturais na dentina e pela deposição dos pigmentos de alimentos e bebidas sobre o dente. O idoso também pode desenvolver estomatite a partir de uma prótese muito antiga ou mal adaptada e candidíase oral por má higiene oral.
A doença mais temida e a principal causa de perda dentária na população idosa é a periodontite ou seja, inflamação dos tecidos que suportam os dentes. Este processo é reversível se detectado em seus estágios iniciais.
Mas não podemos nos referir a toda pessoa com mais de 60 anos como "idoso" sem distinção. Para entender melhor essa fase da vida temos que considerar o grau de envelhecimento de cada pessoa.
De maneira bem simples podemos dizer que existem três tipos ou de idosos:
- Independentes: conseguem viver por si só, ou seja, sem auxílio de outras pessoas
- Parcialmente dependentes: muitas vezes ou quase sempre precisam do auxílio de um acompanhante
- Totalmente dependentes: não têm iniciativa própria, seja por deficiência física, seja por problemas psíquicos e, por isso necessitam de um cuidador para auxiliá-los em sua rotina diária
Idosos independentes
Os idosos independentes devem observar os cuidados de higiene recomendados a todas as faixas etárias, porem com mais cuidado. Nesta fase o mais comum é que a pessoa já tenha próteses. Toda prótese requer um cuidado a mais e por ser mais difícil de higienizar, exige maior controle e manutenção. Próteses com acumulo de placa bacteriana são focos de vários problemas inclusive sistêmicos. Podem provocar a endocardite (inflamação de um tecido do coração) ou a pneumonia por aspiração dos microrganismos, que podem levar o idoso à morte.
Se ele usar uma prótese removível é importante que não durma com ela para proporcionar um "descanso" dos tecidos de suporte. Mesmo os idosos que já não têm dentes devem fazer a limpeza das mucosas e gengivas utilizando um enxaguante com digluconato de clorexidina a 0,12% sem álcool, aplicada numa gaze.
Algumas doenças como artrite, artrose e gota, provocam alterações nas articulações, o que torna os movimentos dolorosos e limitados. Nestes casos, para facilitar a escovação pode-se fazer adaptações no cabo da escova ou usar o modelo elétrico.
Idosos parcialmente ou totalmente dependentes
Com o avançar da idade os cuidados e orientações específicas quanto à sua higiene bucal devem ser intensificados, principalmente se o idoso já não tem a mesma coordenação motora ou se algumas vezes se mostra deprimido e relaxado no cuidado pessoal.
O cuidador e o responsável pelo idoso devem receber orientação do dentista sobre como manter a higiene bucal e como observar alterações nos dentes e mucosas. Fica claro que com o envelhecimento as consultas odontológicas preventivas devem ser mais constantes e serão cada vez mais importantes para manter a saúde como um todo.