Graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP); realizou Extensão em Dentíst...
iPor que roncamos?
São diversos os fatores que podem provocar o ronco. Dormir com a barriga para cima, por exemplo, porque nesta posição a mandíbula e a língua se deslocam para baixo e para trás, pressionando a faringe e diminuindo o espaço para a passagem do ar que reflete num ruído. Mas o ronco pode ser um alerta de alguma doença grave que pode, inclusive, levar à morte.
Entre os problemas mais graves que causam o ronco estão a apneia do sono, que é uma parada respiratória provocada pelo fechamento da faringe durante o sono. As consequências da apneia do sono vão desde uma leve sonolência durante o dia, baixo rendimento intelectual, cansaço e irritabilidade persistente, até a sobrecarga cardiopulmonar que faz com que a pressão arterial fique mais alta, aumentando assim os riscos de infarto, insuficiência e arritmia cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC).
Outros fatores que contribuem para o aparecimento do ronco são: amídalas e adenoides muito grandes, tumores, desvio de septo e hipertrofia dos cornetos e pólipos nasais. Essas diversas patologias provocam a obstrução crônica do nariz e levam a pessoa a respirar pela boca. Dentre aqueles que dificultam a passagem do ar e podem provocar o ronco estão o álcool e medicamentos à base de diazepínicos - por relaxam o músculo da faringe -, a obesidade (que diminui o espaço da faringe), o cigarro e a doença do refluxo gastroesofágico por deixarem a faringe inflamada.
Seja qual for o motivo do ronco, é muito importante consultar um médico. O diagnóstico geralmente é confirmado através da polissonografia. Além desse exame, o médico especialista levará em conta diversos fatores, como:
- O tipo e intensidade dos sintomas
- As alterações anatômicas observadas na garganta, nariz e face
- Presença de outros problemas de saúde
Aparelho intraoral como opção contra o ronco
O tratamento será indicado pelo médico e a escolha dependerá da gravidade e causas do ronco. Alguns tratamentos envolvem mais de um profissional de saúde, dentre eles o dentista que confecciona o aparelho intraoral. Alguns estudos demonstraram que o uso de dispositivos intraorais é uma boa alternativa ao CPAP nos casos de ronco e da síndrome da apneia do sono leve a moderada.
Esse aparelho deve ser usado durante o sono para ajudar a manter a boca fechada e a mandíbula e a língua projetadas um pouco para a frente. Algumas pessoas têm o queixo projetado um pouco para trás, o que faz com que a base da língua fique recuada e favoreça o ronco. Como as demais opções de tratamento, o aparelho pode parecer desconfortável no início, mas o resultado de um sono reparador vai ajudar facilmente na adaptação.
Existem vários modelos de aparelho, mas o princípio de funcionamento é sempre o mesmo: levar a mandíbula e língua para frente, aumentando o espaço da passagem do ar. É importante conversar com o seu dentista e tirar todas as suas dúvidas para escolher o aparelho que melhor se adapta ás suas condições. Existem alguns aparelhos "pré-fabricados" que podem ser comprados pela internet por um preço atraente, mas a eficiência é muito duvidosa.
Para que o aparelho funcione, ele precisa ser construído de maneira correta e personalizada. Deve ser moldado e projetado para a sua boca. O aparelho feito pelo dentista tem um valor maior que o "pré-fabricado", mas o resultado é o principal valor a ser considerado, porque ele terá que ser usado por muito tempo. Para sempre? Nem sempre. Dependerá das causas e da evolução do tratamento.
Outros tratamentos para o ronco:
- Dilatadores nasais internos (rino-stents) e externos: São pequenos aparatos que mantem as narinas mais abertas.
- CPAP (sigla do inglês Continuous Positive Airway Pressure): O CPAP é um tratamento que vem sendo muito usado. Antes de iniciar esta terapêutica o paciente deverá ser avaliado por um médico especialista que irá fazer uma entrevista, exame físico e poderá solicitar alguns exames em busca de possíveis contraindicações. Algumas complicações podem surgir pelo uso não supervisionado do CPAP, inclusive com risco à vida do paciente.
- Fonoterapia: São exercícios orais específicos que pesquisadores do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) desenvolveram. É uma técnica de tratamento pioneira que, se praticada diariamente e com orientação do fonoaudiólogo, reduz a frequência e a altura do ronco até ele se tornar quase imperceptível em alguns casos.
- Tratamentos cirúrgicos: A indicação de cirurgia no tratamento do ronco e da apneia do sono deve ser muito bem avaliada caso a caso pelo especialista.
Outras dicas e sinais de atenção:
- Roncar é um sinal de que o sono não é reparador. Se as pessoas próximas se queixam de que você ronca, isso é sério. Procure um médico especializado
- Fique atento pois pessoas que roncam podem ser tomadas por crises de sono incontrolável durante o dia, o que certamente irá prejudicar o desempenho no trabalho e até causar acidentes
- Dê preferência a alimentos mais leves e evite o excesso de álcool, especialmente antes de dormir