Médica Infectologista graduada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com residência médica pela Universidade...
iAs quase 1,5 milhões de vidas perdidas em decorrência da tuberculose (TB) em 2014 se restringem a países mais pobres ou a grupos específicos de pessoas? A resposta é não. Muito se engana quem pensa que a mortalidade está relacionada apenas à coinfecção com o vírus HIV: 1,1 milhão dessas mortes aconteceram em pessoas não infectadas pelo vírus da aids.
Fatores de risco
No Brasil, cerca de 70 mil casos novos são diagnosticados a cada ano, também em pessoas jovens, saudáveis e bem nutridas. Apesar disso, a maior parte das infecções acometem soropositivos, usuários de alguns medicamentos (inibidores de TNFa, como adalimumabe, certolizumab, inflixmab, entre outros), diabéticos, pacientes com doenças renais crônicas, com câncer de cabeça e pescoço, tumores sólidos, silicose, submetidos a by-pass jejunoileal, entre outros.
A doença é também mais prevalente em pacientes que tiveram contato com pessoas com tuberculose ou que trataram a doença de forma inadequada. Vale lembrar que os medicamentos efetivos a curto e longo prazo para o tratamento da doença só foram disponibilizados na década de 70. É importante conhecer os fatores de maior risco para o adoecimento por tuberculose, já que há medidas preventivas que podem ser tomadas.
Saiba mais: Tuberculose: o que é, sintomas e tratamento
Todos podem pegar tuberculose
A tuberculose pode permanecer latente, sem causar dano, por anos inteiros e eventualmente nunca causar doença. Assim, o surfista saudável que foi acalentado pela avó com tuberculose quando criança, pode continuar pegando onda por muito tempo, quiçá para sempre, sem se preocupar. No entanto, se algum dos fatores de risco acima acontecerem, é importante que se documente (com exames) se o surfista foi infectado pela doença. Em caso afirmativo, ele pode precisar de tratamento para aniquilar aquele foco latente em seu pulmão.
Parece complicado, mas a ideia é simples: todos nós estamos sujeitos a adoecer com esta doença antiga e que ainda ronda por aí, matando um bocado de gente. Alguns de nós, temos risco aumentado de adoecer por tuberculose. Vale a pena discutir com seu médico sobre a indicação de diagnóstico e tratamento da tuberculose latente antes dela se manifestar.
Referência:
Organização Mundial da Saúde (OMS).